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Parto humanizado: autonomia à gestante e segurança ao bebê
Às dez da manhã, de uma sexta-feira, Aline Costa, de 31 anos, chegou no Hospital Universitário de Brasília (HUB-UnB/Ebserh), na fase expulsiva do seu primeiro parto.
Aline percebeu que seu filho, Teodoro, estava prestes a nascer quando sentiu as contrações mais frequentes. “Na quinta (25) passei o dia e a noite inteira com as contrações bem ritmadas. Só sai de casa quando estava com 9cm de dilatação. Desde a minha 34° semana eu contratei o acompanhamento de uma doula e ela me acompanhou até o hospital”, afirma Aline.
A rede EBSERH, que gerencia 41 hospitais universitários do Brasil, segue as diretrizes da Rede Cegonha, instituída pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para a realização do parto humanizado.
O acompanhamento de uma doula, por exemplo, inclui exercícios para fortalecer a musculatura, massagens para aliviar a dor, suporte emocional e informação. Elas são acompanhantes de parto escolhidas livremente pelas gestantes visam prestar suporte contínuo à mulher na gravidez e no puerpério, favorecendo a evolução do parto e bem-estar da gestante.
“O parto humanizado é um direito da gestante e tem como objetivo o protagonismo da mulher, no qual suas escolhas são ouvidas e respeitadas”, afirma a enfermeira obstetra, Jhenneffer Silva.
Outro diferencial durante o parto humanizado é contar com a presença de uma enfermeira obstetra porque ela protege e orienta as parturientes no que diz respeito aos métodos – farmacológicos ou não - a serem realizados, proporcionando cuidados que produzem vínculo afetuoso a família, respeitando tanto as necessidades físicas quanto sentimentais.
No HUB, métodos não farmacológicos são utilizados para alívio de dor, redução do tempo do trabalho de parto, ajudando no encaixe e decida bebê. Jhenneffer Silva explica: “Na fase ativa, em que a dilatação está entre de 5 e 10cm utilizamos o chuveiro com água morna para relaxar e amenizar as dores; contamos com a bola feijão e a bola suíça, que a mulher pode usar para auxiliar no trabalho de parto e ela também recebe orientações da equipe de fisioterapia obstétrica”.
“Já na fase expulsiva, momento que a dilatação já está completa, com 10cm, orientamos e proporcionamos a liberdade de movimentação e de escolha da posição para parir”, acrescentou Jhenneffer.
Yácara Ribeiro, enfermeira da Unidade de Saúde da Mulher do HUB, ressalta que o que tem sido feito na instituição “é buscar, incessantemente cuidar da melhor forma das famílias no processo da gestação, nascimento, parto e pós-parto”.
Importante destacar que o parto humanizado não é apenas aquele que ocorre por via vaginal, sem anestesia, mas também no parto normal com analgesia ou até mesmo por cesárea.
A médica ginecologista e Chefe da Unidade de Saúde da Mulher do HUB, Lizandra Sasaki, ressalta que “a humanização do parto está relacionada com o que a gestante deseja naquele momento e se essas decisões são respeitadas, a fim de esperar que o bebê esteja pronto para nascer”.
No HUB a assistência acontece de forma compartilhada entre médicos e enfermeiras. “O médico e a equipe interferem somente se ocorrer algum problema, dessa forma, o parto humanizado não é um tipo de parto, mas está relacionado, na verdade, à assistência prestada à mulher e ao bebê e dentro deste cuidado inclui-se as avaliações periódicas do binômio mãe e bebê”, encerra Lizandra Sasaki.
Placenta vira carimbo para presentear as mães
Carimbo de placenta é uma forma carinhosa de eternizar o nascimento do bebê através do órgão que é a primeira forma de conexão entre a mãe e filho. Enfermeiras do HUB fazem, desde 2019, desenhos personalizados, relacionando o nascimento, a criança ou a própria família criando uma memória inesquecível da data do parto.
Trabalho de humanização em outros hospitais da rede EBSERH
Gestantes de Alto Risco fazem sessão de fotos no HE UFPel
Uma ação iniciada pela Terapeuta Ocupacional Camila Trevisan, em conjunto com equipe multidisciplinar, proporcionou um momento especial para mulheres, gestantes de alto risco, que estão internadas no Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas.
Nikele e Maria Luiza, gestantes internadas há 28 e 24 dias na instituição, protagonizaram uma sessão de fotos para que elas pudessem ter momentos de descontração e celebração, em meio aos desafios diários em relação à sua saúde e a de seus bebês.
“Quando a ideia surgiu houve muita empolgação, e o brilho no olhar, que havia sumido pelo estresse, voltou! A expectativa pelo dia das fotos se tornou motivo para alegrar os dias que anteriormente demoravam a passar”, disse Camila.
“Nesse espaço foi possível criar um local para que as gestantes tivessem um momento de autocuidado, se produzindo para as fotos, criando um espaço social entre elas, com ajuda mútua, compartilhamento de informações, experiências, resgate da autoestima, além disso, ficam as fotografias marcando a lembrança de um período difícil, mas superado com apoio, cuidado e alegria”, completou a terapeuta ocupacional.
A atuação do terapeuta ocupacional no cuidado humanizado envolve a saúde integral das pacientes, tendo como foco a mulher e seu fazer diário. O campo de trabalho da terapia ocupacional insere-se no conceito das Atividades de Vida Diária e Atividades Instrumentais de Vida Diária - AVDs e AIVDs, ou seja: descanso e sono, educação, trabalho, lazer e participação social, atividades de autocuidado, geração de renda, atividades manuais e expressivas.
Nesse âmbito, as estratégias e ações rompem com os modelos biomédicos acolhendo as demandas individuais, pensando na integralidade e globalidade do indivíduo hospitalizado através de abordagens corporais, atividades grupais ou individuais que possibilitem promoção, prevenção e educação em saúde e empoderamento das mulheres sobre o próprio corpo.
A enfermeira chefe da Divisão de Gestão do Cuidado do Hospital da UFPel, Patrícia Noguez, observa que a instituição assinou contrato com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) em 2014, quando passou a olhar com mais afinco para os serviços de assistência. No ano seguinte, chegaram as primeiras enfermeiras obstétricas, que, desde 2018, também estão presentes em todos os turnos da maternidade.
— Também chegaram médicos novos, que vieram com um olhar diferente, pensando em partos mais humanizados, educadores físicos, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais que também ajudam as mulheres no período pré-parto — relata.
O HE UFPel conta com uma equipe multidisciplinar com profissionais específicos, que têm papel relevante nos momentos que antecedem o parto. “É o caso do educador físico e do fisioterapeuta, que preparam a mulher para o nascimento do bebê, com exercícios que utilizam bolas de pilates, bandas elásticas e escadas, por exemplo”, finaliza Patrícia Noguez.