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DIA NACIONAL DO LUTO
HU-UFGD transforma dor em acolhimento com projeto de luto gestacional
Um dos momentos mais impactantes da oficina foi a concepção do “quarto vazio”
No Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados (HU-UFGD), um projeto inovador e sensível está lançando luz sobre um tema frequentemente negligenciado: o luto gestacional. Idealizada por Amanda Jorge de Souza Stefanello, fisioterapeuta da Unidade da Mulher e da Criança do HU-UFGD, a “Oficina de sensibilização: acolhimento de mulheres em caso de perdas gestacionais” realizada entre os dias 7 e 11 de maio mobilizou profissionais de diversas áreas do hospital.
“O projeto surgiu da necessidade de sensibilizar não só os colaboradores, a equipe assistencial, médicos, enfermeiros, equipe multiprofissional, os acadêmicos, os residentes, mas também a equipe não-clínica, que são as pessoas que trabalham na higienização, na segurança, na recepção, na copa, na nutrição, para esse tema tão importante e que às vezes muito invisível que é o luto gestacional, a perda gestacional”, explica Amanda.
A oficina destacou a importância de oferecer um acolhimento adequado às mulheres que enfrentam a perda gestacional, independentemente do período da gestação. "Aquela perda que às vezes a gente observa quando a criança já tem mais idade ocorre uma comoção maior. Mas quando se trata de uma perda no período gestacional ela ainda é pouco falada, invisível. E o projeto veio sensibilizar a todos sobre a importância desse acolhimento para essa mulher, independente da idade gestacional", ressalta Amanda.
A Sensação do Quarto Vazio
Um dos momentos mais impactantes da oficina foi a concepção do “quarto vazio”. Amanda detalha: “A ideia quando eu pensei foi trazer para os participantes a concepção do quarto vazio. Dessa mulher que sonha, que idealiza, que faz planos, mas que tem essa perda e ao chegar em casa ela se depara com o berço vazio”. A montagem do cenário no hospital buscou reproduzir esse sentimento e conscientizar sobre a profundidade da dor enfrentada pelas mães que perdem seus bebês.
Identificação e Acolhimento
Para facilitar o acolhimento, as mulheres que chegam ao HU-UFGD e recebem o diagnóstico de perda gestacional são identificadas com uma pulseira lilás. “Ao transitar por todo o hospital, por isso que até mesmo a equipe que não é profissional de saúde, conhecimento, porque pode identificar que a mulher passou por uma perda e por isso pode evitar algumas falas que vão causar mais sofrimento ainda”, esclarece Amanda.
Entre as frases afixadas no “quarto vazio” para conscientizar sobre o impacto de certos comentários estão: “você é nova, pode tentar de novo daqui alguns meses”, “ainda bem que foi no começo” e “o que você fez para isso acontecer? Você pegou peso?”. Nas redes sociais, a iniciativa recebeu elogios. “Que trabalho lindo! Todos os hospitais deveriam aderir”, comentou uma internauta.
Impacto e Sensibilização
A oficina envolveu 144 participantes, incluindo colaboradores, residentes, acadêmicos e terceirizados, que se emocionaram e relataram a importância do acolhimento. A sensibilização promovida pela oficina e o protocolo implementado são passos essenciais para humanizar o atendimento e oferecer suporte emocional adequado às mulheres e suas famílias em momentos de dor.
Durante a oficina, foram confeccionados “certificados de amor” para os pais que perderam seus filhos na gestação, um gesto simbólico para reconhecer a existência e o amor por aquele bebê. A Unidade de Produção da Maternidade, composta por enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas e médicos, foi responsável pela iniciativa.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 42 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.