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PREVENÇÃO
Médica explica a importância da saúde mental para a prevenção ao suicídio
Dentre as diversas cores comemorativas do mês de setembro está o Amarelo, para lembrar o mês de prevenção ao suicídio. O Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás, administrado pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (HC-UFG/Ebserh) tem uma programação especial, que começou na última segunda-feira (02/09) e vai até o dia 24/09.
O evento tem como objetivo promover a conscientização sobre a prevenção do suicídio, incentivando a discussão aberta sobre saúde mental, desestigmatizando o tema e fornecendo informações e recursos que capacitem indivíduos e comunidades a reconhecerem sinais de sofrimento, buscarem ajuda e oferecerem apoio.
A médica residente em psiquiatria do HC-UFG Isabela Lôbo, que ministrará palestra nesta quinta-feira (05/09), fala nessa entrevista sobre a importância da saúde mental na prevenção ao suicídio.
- Qual a importância da saúde mental para a prevenção do suicídio?
Existem inúmeros fatores que corroboram para que a saúde mental seja um componente-chave para a prevenção do suicídio - e isso envolve não apenas o tratamento e apoio para aqueles indivíduos que estão em risco, mas também esforços para promover a saúde mental e o bem-estar para toda a população. Fatores como a identificação de riscos, tratamento e manejo precoce, desenvolvimento de resiliência, redução do estigma, suporte social e educação e conscientização sobre sinais de alerta e comportamentos de risco são alguns dos motivos pelos quais investir na saúde mental é crucial para prevenir o suicídio.
- Quais as práticas/hábitos que uma pessoa precisa desenvolver/manter para ter mais saúde mental?
Para desenvolver e manter a saúde mental em dia é importante adotar práticas que promovam o bem-estar emocional, psicológico, físico e social. Alguns pontos importantes - e já bem conhecidos e estabelecidos - para que isso aconteça são: praticar atividades físicas, cuidar da alimentação, manter uma rotina adequada de sono, desenvolver habilidades de enfrentamento (técnicas de gerenciamento de estresse, como meditação, respiração profunda, mindfulness), engajar-se em atividades prazerosas, manter relações saudáveis, limitar o uso de substâncias e, acima de tudo, buscar ajuda profissional quando necessário.
- O uso excessivo de tecnologias e redes sociais é um obstáculo à saúde mental? Se sim, por que?
Sim! O uso excessivo de tecnologias, em especial, das redes sociais, pode ser um obstáculo à saúde mental por inúmeros fatores. As comparações incentivadas pelas redes, a ansiedade gerada pela pressão de estar sempre conectado e sempre produtivo, a exposição constante a conteúdos “ansiogênicos”, as perturbações do sono, o isolamento social (apesar de aparentemente paradoxal, já que as redes foram criadas com o intuito de nos aproximar/conectar mais uns aos outros) e o ciberbullying são apenas algumas das várias razões para isso. A autorregulação com a busca pelo equilíbrio entre as interações virtuais e as reais pode ajudar a mitigar esse impacto negativo.
- O que uma pessoa deve fazer se começar a ter ideações suicidas?
Não preciso e nem posso me delongar nessa resposta: buscar ajuda de um profissional qualificado para lidar com essa demanda - idealmente, de um profissional da saúde mental (psiquiatra e/ou psicólogo).
- Pesquisadores afirmam que o suicida não quer necessariamente acabar com a vida, mas sim com a dor. Como aprender a lidar com as dores da vida sem chegar a esse extremo?
Buscar ajuda é sempre a melhor escolha, uma vez que o profissional bem capacitado será capaz de indicar estratégias específicas para cada caso, como a terapia e/ou o uso de medicação. Afinal, lidar com a dor da vida sem chegar ao extremo do suicídio é um processo complexo e multifatorial, que envolve desenvolvimento pessoal, apoio social e, muitas vezes, intervenção profissional. Algumas abordagens comportamentais individuais, entretanto, também podem ajudar a lidar com as dores da vida, como desenvolver habilidades de enfrentamento saudáveis (meditação, mindfulness, atividade física e expressões criativas são excelentes para isso); fortalecer o suporte social; desenvolver resiliência; estabelecer propósitos e objetivos; reconhecer sinais de alerta; praticar autocompaixão e evitar o isolamento.
Reconhecer que há opções e ajuda disponíveis é crucial para superar os momentos difíceis e encontrar caminhos para uma vida menos dolorosa e mais significativa.
Confira a programação do Setembro Amarelo do HC-UFG:
O Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC-UFG) faz parte da Rede da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Rede Ebserh) desde dezembro de 2014. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo em que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.