Notícias
SAÚDE
Dia Mundial da Doença de Chagas: HC-UFG é referência em diagnóstico e tratamento da doença
![CHAGAS.png](https://www.gov.br/ebserh/pt-br/hospitais-universitarios/regiao-centro-oeste/hc-ufg/dia-mundial-da-doenca-de-chagas-hc-ufg-e-referencia-em-diagnostico-e-tratamento-da-doenca/chagas.png/@@images/374f577b-5189-4a7b-a2e0-934b035a90d5.png)
Dia Mundial da Doença de Chagas (14/04)
Instituída desde 2019 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o Dia Mundial da Doença de Chagas (14/04) é uma data para lembrar e conscientizar a população sobre prevenção, tratamento e a gravidade desta doença. Descrita em 1909 pelo cientista brasileiro Carlos Chagas, essa enfermidade é causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, que tem como vetor de transmissão, o inseto Triatoma infestans, conhecido popularmente como “barbeiro”. Historicamente negligenciada, a Doença de Chagas no Brasil faz parte do grupo de enfermidades socialmente determinadas, ou seja, doenças que estão ligadas, também, a fatores ambientais e sociais como: pobreza, fome, falta de acesso a saneamento básico, moradia adequada, dentre outros.
Neste sentido, o estado de Goiás foi pioneiro em assumir o papel de protagonismo nas notificações da Doenças de Chagas na fase crônica e na implantação de uma plataforma de acompanhamento clínico de infectados. Os serviços são disponibilizados a população através do Laboratório de Chagas da Universidade Federal de Goiás e do Ambulatório de Chagas do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás, administrado pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (HC-UFG/Ebserh).
Liliane Siriano, Biomédica do Laboratório de Chagas da Universidade Federal de Goiás e técnica responsável pelo programa Estadual de Doenças de Chagas de Goiás, reforça a importância das políticas de saúde voltadas para o atendimento desses pacientes: “Para quem tem essa doença há várias barreiras de acesso, tanto ao diagnóstico, quanto ao tratamento, inclusive estudos indicam que menos de 1% das pessoas com Doença de Chagas são tratadas. Por isso, ao longo desses anos o laboratório e o ambulatório são espaços necessários e de referência para diagnóstico e tratamento da Doença de Chagas”, declarou.
Dentre os tipos de contágio, o mais conhecido é através da picada do barbeiro que, ao se alimentar do sangue da pessoa, deposita suas fezes contaminadas, ocorrendo assim a infecção, denominada contaminação vetorial. Porém, Liliane Siriano lembra que esta não é a única forma de contágio, pois pode ocorrer a transmissão oral, quando há a ingestão do inseto triturado com alguns alimentos; por transfusão de sangue, transplantes de órgãos ou acidentes laboratoriais, que correspondem a um percentual pequeno dentre os tipos de contaminações. É possível haver transmissão também quando uma gestante passa para seu bebê durante a gestação ou no momento do parto. Neste sentido, Liliane destaca uma importante maneira de prevenção desses casos, “aqui em Goiás nós temos o Teste da Mamãe, onde todas as mulheres, durante o pré-natal são examinadas, assim é possível detectar a doença e fazer o tratamento da mãe e do bebê”, destacou.
Pesquisador durante décadas sobre essa enfermidade e que atualmente atua como voluntário do Núcleo de Estudos da Doença de Chagas, o professor Alejandro Luquetti, reitera a importância do espaço no avanço e visibilidade dessa doença: “Ao longo de anos de estudos e trabalho, o NEDOC congrega o ambulatório e o laboratório de pesquisa, são mais de 7 mil pacientes e os prontuários com os antecedentes rigorosamente arquivados permitindo que, mesmo retornando após 10 ou 20 anos, seja possível verificar todos os detalhes da evolução da doença”. Professor Luquetti enfatiza também a necessidade de profissionais especializados para auxiliar os pacientes no tratamento. “Com especialistas em cardiologia, megaesôfago e megacólon, é possível oferecer as melhores opções terapêuticas, além das assistentes sociais que auxiliam na compreensão sobre esta doença”, afirma. Outro aspecto é a disseminação de conhecimento, já que o NEDOC é uma referência internacional nos estudos sobre Doença de Chagas. “Recebemos médicos e profissionais do Brasil e outros países como Bolívia, Suriname, aqui eles fazem estágio de vários dias para um melhor conhecimento do atendimento que pode ser realizado”, finaliza.
Sintomas
Os primeiros sintomas podem aparecer em até 15 dias após a picada pelo barbeiro. Apesar disso, a doença de Chagas pode ser assintomática na fase aguda. De acordo com Liliane Siriano, nesta fase, caso a pessoa apresente sintomas, os principais são: febre persistente, inchaço, reação inflamatória no local da picada do barbeiro (chagoma de inoculação) e edema bipalpebral (sinal de Romaña).
“A maioria dos portadores de doença de Chagas que estão na fase crônica são assintomáticos. Quando atinge órgãos alvos, a doença pode atingir o coração, o esôfago e/ou intestino”, alerta. “Ao atingir o coração, o indivíduo pode sentir palpitação (batedeira). No esôfago, há dificuldade de engolir principalmente alimentos secos e frios. No intestino, há a constipação intestinal (intestino preso), esclarece.
Caso o paciente suspeite da doença, ele deve procurar uma unidade de saúde para realizar o exame de sorologia para a Doenças de Chagas e em caso positivo para a doença, se não houver sintomas ou esses sintomas forem leves, o acompanhamento pode ser feito na atenção primária. Para os casos complexos, o paciente pode ser encaminhado para o HC, regulado pela Secretaria Municipal de Saúde.
A Doença de Chagas
Conforme dados da Organização Pan Americana de Saúde (Opas), aproximadamente 70% de pessoas contaminados na América Latina ainda não têm diagnóstico definido, demonstrando um alto índice de subnotificação. Mesmo sendo uma doença descrita há mais de cem anos e com tratamento eficaz na fase aguda, esta é uma enfermidade que continua fazendo vítimas, sobretudo em contextos socais vulneráveis. No Brasil, dados do Ministério da Saúde apontaram, entre 2010 e 2020, um quantitativo de pouco mais de 2.700 novos casos de Doença de Chagas.
Rede Ebserh
O Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC-UFG) faz parte da Rede da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Rede Ebserh) desde dezembro de 2014. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo em que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação