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REABILITAÇÃO
Ambulatório de Reabilitação do HC-UFG/Ebserh recebe pacientes com sequelas da Covid-19
Juniberto Vilela Silva, 50 anos, é técnico em Radiologia do Hospital das Clínicas da UFG/Ebserh. Ele é um dos pacientes atendidos no Ambulatório de Reabilitação do HC-UFG para o tratamento de sequelas deixadas pela Covid-19. Juniberto teve a doença em agosto do ano passado e passou 22 dias internado na UTI de um hospital particular de Goiânia devido ao comprometimento de 50% dos seus pulmões.
Após a alta da UTI, Juniberto foi para casa, mas continuou sentindo muito cansaço e a necessidade de usar oxigênio para respirar. “Quando eu saí da UTI, eu achei que eu já tivesse me livrado da Covid-19 e que logo eu voltaria a trabalhar, mas eu não sabia o que realmente iria acontecer. Eu fiquei um dia e meio em casa após sair da UTI e comecei a sentir falta de ar novamente”, descreveu. “Eu então falei com a minha chefe, Débora, e expliquei que eu havia piorado. Ela me disse para eu vir para o HC e aqui eu encontrei uma equipe muito boa, que me ajudou e descobriu que eu estava com TEP (tromboembolismo pulmonar)”, relatou.
Juniberto foi então internado no HC-UFG para acompanhamento com a equipe de Pneumologia do Hospital, que o encaminhou para tratamento no Ambulatório de Fisioterapia do HC. Ele realiza acompanhamento com uma das fisioterapeutas do Ambulatório, Arêtha de Meira Castro, desde outubro de 2020 e conta como foi sua evolução de lá até aqui. “Quando eu cheguei aqui, eu estava tão debilitado fisicamente que a primeira coisa que eu perguntei para a Dra. Aretha foi se teria uma cama, pois eu me sentia tão fraco que eu mal conseguia andar”, afirma. “Eu conseguia fazer, no máximo, uns dez minutos de esteira e num ritmo muito lento. Levantar e subir escadas também era muito difícil, porque eu sentia muito cansaço. Mas, com o passar do tempo, eu fui dando conta de manter a saturação e de fazer os exercícios”, disse Juniberto.
Segundo a fisioterapeuta Arêtha Castro, Juniberto chegou ao ambulatório sentindo muita fraqueza muscular, tanto de membros inferiores como de membros superiores. “Ele tinha uma fraqueza global e chegou dependente de oxigênio continuamente, tanto que a saturação dele chegava a 76% sem oxigênio e 80-85% com suporte de O2”, afirma a profissional.
“A partir daí, iniciamos o trabalho de reabilitação pós-Covid, que inclui exercícios para o aumento da capacidade funcional, aumento da força de membros inferiores e superiores e um trabalho de fisioterapia respiratória com o intuito de incrementar os volumes pulmonares e força de musculatura primária da respiração ”, diz a profissional. “Consideramos que essa é a reabilitação funcional pós-Covid, em que nos preocupamos não somente com os aspectos pulmonares, mas também com os aspectos neurológicos, musculoesqueléticos e cardiovasculares, pois a Covid-19 traz essa repercussão para o organismo humano”, ressalta.
Juniberto alerta as pessoas para as consequências da Covid-19. “As pessoas acham que essa doença não tem consequências. Mas ela tem consequências sim. Principalmente para quem pega a doença e fica em uma UTI. Eu digo por mim. Eu achava que, se eu pegasse a Covid, rapidamente eu iria me recuperar, pois eu sou um cara que não bebo, não fumo e fazia exercícios de duas a três vezes por semana. Somente a minha pressão que é um pouco alta, mas não foi bem assim que aconteceu comigo”.
Ele conta que passou a sofrer medo e pânico depois que saiu da UTI. “Eu tive alguns traumas, como medo de ficar no escuro, em local fechado, eu não dava conta de tomar banho sozinho, não dava conta de ficar no banheiro com a porta fechada. Mas com o trabalho da fisioterapia, com a equipe me dando esse suporte, hoje eu posso dizer que eu não tenho mais nada disso. Só tenho ainda um pouco de cansaço e de dor muscular”, ressaltou.
Para Arêtha, a fisioterapia e todo o trabalho de reabilitação pós-Covid foram essenciais para a recuperação de Juniberto, que teve sequelas graves da Covid-19. “A Covid traz bastante sequelas cardiovasculares, pulmonares, musculares e neurológicas. Por isso, mesmo após a alta, o paciente precisa ficar alerta em relação aos sintomas que ele pode sentir em casa. Foi o que aconteceu com o Juniberto. Ele teve um tromboembolismo pulmonar após a Covid e veio para cá com essa demanda respiratória gigantesca, e agora conseguimos melhorar esse quadro para que ele volte a trabalhar”, destacou.
A líder do serviço de fisioterapia da Unidade de Reabilitação, Krislainy de Sousa Corrêa, ressalta que o protocolo de reabilitação pós-Covid do HC-UFG/Ebserh é multidisciplinar e que todos os pacientes devem ser encaminhados para avaliação fisioterapêutica na alta hospitalar. “Se a avaliação mostrar déficit funcional, o paciente inicia fisioterapia, e se não houver limitação de funcionalidade, é encaminhado para condicionamento físico com a educadora física do hospital. Além disso, caso o paciente apresente outras demandas no processo de reabilitação, como nutricionais, psicológicas, fonoaudiológicas, de terapia ocupacional, o paciente é encaminhado para estas especialidades simultaneamente, para que a reabilitação seja realmente integral”, afirma. Atualmente, 16 pacientes fazem tratamento de reabilitação no ambulatório do HC.
Agradecimento
Depois de tudo o que passou, Juniberto diz que a fé em Deus e o apoio de várias pessoas foram essenciais para a sua recuperação. “A fé é algo que te ajuda muito e o fato de ter pessoas orando por você e crendo que você tem um Deus que possa fazer algo por você, te dá um ânimo para você querer viver. Ele faz um agradecimento especial à sua esposa, Edir Fernandes, que o ajudou muito nesse período. “Nessa fase, vemos como a família é essencial para nos dar força e nos ajudar na recuperação”, diz.
Ele também agradece à sua chefe, Débora Resende Fagundes, e à equipe de Pneumologia do HC. “Eu posso dizer que aqui eu encontrei uma equipe que foi fundamental para a minha recuperação, pois é uma equipe que me deu suporte. Agradeço à equipe da Dra. Daniela Tannus Silva, juntamente com o Dr. Guilherme, que me atenderam, e à minha chefe, Débora Resende Fagundes”, pontuou.
“Pode parecer um jargão falar assim: 'Com Deus, a gente vê a vida de uma outra forma', mas eu vi a mão de Deus na minha vida, porque analisando o que eu passei e hoje como eu estou, eu sei que foi Deus quem cuidou de mim, da minha vida e usou pessoas para cuidar de mim, eu tenho a certeza disso”, finalizou.