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CONSCIENTIZAÇÃO
MARÇO ROXO: HC-UFG/Ebserh participa de Campanha da ABE de conscientização sobre epilepsia com ação nesta sexta-feira, 24/03.
Campanha tem o intuito de informar sobre a doença e combater o preconceito
Em março, dia 26, é comemorado o Dia Internacional de Conscientização sobre a Epilepsia – o Dia Roxo –, que tem como objetivo conscientizar a população sobre a doença e combater o preconceito sofrido pelas pessoas com epilepsia. Segundo dados da Organização Mundial da OMS mais de 50 milhões de pessoas no mundo têm epilepsia.
A epilepsia é a doença neurológica “grave” mais prevalente caracterizada pela predisposição duradoura a crises epilépticas, e por suas consequências neurobiológicas, sociais, cognitivas e psicológicas. Aproximadamente 70% das pessoas com epilepsia obtêm controle das crises com o uso de medicamentos e os 30% restantes não obtém controle mesmo com associação medicamentosa ficando à mercê das crises. O início das crises é mais comum em crianças e idosos, sendo uma das doenças que mais mobiliza o preconceito e estigma.
Em Goiás, a campanha deste ano contará com a parceria entre a Associação Brasileira de Epilepsia (ABE) e Universidade Federal de Goiás, pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura – PROEC, Hospital das Clínicas da UFG/Ebserh (HC-UFG) e demais entidades de Goiânia, como a Câmara Municipal, por intermédio da vereadora Aava Santiago, Assembleia Legislativa de Goiás, por intermédio do vereador Lincoln Tejota e da Companhia de Urbanização de Goiânia (COMURG).
A ação no HC-UFG acontecerá nesta sexta-feira, 24, das 07h ao meio-dia, na entrada do Bloco Ambulatorial (entrada pela Primeira Avenida, s/n, Setor Leste Universitário), com a participação da ABE – Regional Goiás, da equipe do Núcleo de Neurociências do HC-UFG e da Liga de estudantes de Neurociências. No local, será feita a distribuição de material informativo e aferida a pressão arterial de usuários e acompanhantes do HC. A intenção é esclarecer sobre a doença e informar que é possível viver com nenhum, ou um mínimo, de impacto em sua vida, além de orientar como proceder com os primeiros socorros diante de um caso de crise convulsiva.
O HC-UFG apoia a campanha também fazendo a iluminação, desde o dia 15 de março até o dia 31, da fachada do Edifício de Internação na cor roxa.
Serviço de referência
O Hospital das Clínicas da UFG/Ebserh possui um Centro de referência para o atendimento a pessoas com epilepsia, conhecido como CERTEPE (Centro de Referência para o Tratamento e Pesquisa em Epilepsia). Criado em 1992, o serviço já atendeu mais de três mil pacientes e hoje está inserido no Núcleo de Neurociências da Unidade do Sistema Nervoso do HC-UFG. O serviço conta com uma equipe formada por médicos neurologistas e neurocirurgiões, além de oferecer apoio psicológico aos pacientes em tratamento da doença no HC.
Sob a coordenação do médico neurologista do HC-UFG desde 2008, Hélio Fernandes da Silva Filho, o CERTEPE atende cerca de 100 pacientes por mês. Segundo o coordenador, a epilepsia sempre foi uma doença pouco falada, por isso uma campanha como essa da ABE é tão importante. “A epilepsia é uma doença que acomete cerca de 2% da população mundial e sempre foi muito preterida. E a neurologia do HC abraçou essa causa, por isso criou o CERTEPE há tantos anos”, destacou.
A epilepsia pode ser controlada com o uso de medicamentos, porém, nos casos em que não se consegue o controle dessa forma, é avaliada a possibilidade de tratamento cirúrgico. Conforme o Prof. Dr. Osvaldo Vilela Filho, chefe do serviço de Neurocirurgia do HC-UFG/Ebserh, as cirurgias para epilepsias são indicadas somente quando o tratamento medicamentoso não é suficiente para reduzir de forma significativa a frequência e a intensidade das crises, afetando muito a qualidade de vida dos pacientes.
“O tipo de cirurgia ideal, nos casos de epilepsia, depende da identificação da área da superfície do cérebro, chamada córtex cerebral, onde iniciam as descargas elétricas anormais, que causam as crises convulsivas. Uma vez identificada essa área, através de exames de videoeletroencefalograma, ressonância magnética cerebral, PET cerebral ou SPECT cerebral, procede-se à ressecção cirúrgica dessa área. Isso é eficaz em controlar muito bem as crises em cerca de 70% dos casos”, explica Osvaldo Vilela.
“Por vezes, todavia, essa área responsável pela epilepsia está localizada em áreas cerebrais eloquentes, isto é, responsáveis por funções importantes, como a fala, o movimento, a sensibilidade ou a visão. Nestes casos, essa área não pode ser ressecada pelo risco de determinar importantes sequelas ao paciente”, ressalta o professor. A alternativa, nestes casos, é o implante de eletrodos cerebrais profundos, que são conectados aos marca-passos cerebrais. “Essa descarga elétrica em muito contribui para o controle das crises convulsivas”, afirma Vilela.
O CERTEPE conta com uma equipe de neurocirurgiões, inclusive neurocirurgião infantil, para a realização das cirurgias, porém aguarda a efetivação de um convênio com a secretaria municipal de saúde de Goiânia (SMS) para a destinação de recursos específicos para a realização em pacientes com epilepsia. “O HC-UFG tem realizado poucas cirurgias, pois as mesmas são de alta complexidade e requerem recursos específicos para a sua realização. Por isso, esperamos que esse convênio seja efetivado o mais rápido possível”, afirma o chefe do Núcleo de Neurociência, Delson José da Silva.
Para Hélio Fernandes, esse credenciamento alçará o HC à condição de receber pacientes oriundos de diversas partes do país, via SUS. “Será possível então fazermos a avaliação diagnóstica desses pacientes e tomarmos a decisão sobre a possibilidade, ou não, de realização da cirurgia. Nos casos elegíveis para cirurgia, a neurocirurgia e a neurofisiologia debaterão sobre abordagens e estratégias”, frisou.
Os pacientes atendidos no CERTEPE do HC-UFG/Ebserh são encaminhados para o serviço pela secretaria municipal de Saúde de Goiânia ou via interconsulta no HC, que é o encaminhamento feito por outra especialidade médica do HC-UFG para o serviço.
Programação da ABE
15/03 – Live sobre a Campanha do Março Roxo com a presença da Reitora e da Diretora do Núcleo de Acessibilidade da UFG, às 19h, no canal do Youtube da UFG oficial. O assunto é voltado para a campanha em Goiânia e sobre a importância de se educar sobre epilepsia, principalmente no ambiente acadêmico. A live teve a participação de uma aluna da Biomedicina que contou como é conviver com a epilepsia no ambiente acadêmico. Link da transmissão aqui
15 a 31 de março – Iluminação com a cor roxa, dos seguintes lugares: Câmara Municipal de Goiânia; Viaduto Latif Sebba, cartão postal de Goiânia; Prédio do Hospital das Clínicas- HC-EBSERH/UFG; Assembleia Legislativa de Goiás;
23/03 – a Escola Legislativa da Câmara Municipal de Goiânia, em parceria com a ABE, realizará o treinamento Março Roxo: primeiros socorros em situação de crise convulsiva de epilepsia. O público-alvo serão bombeiros, guardas civis metropolitanos, servidores do serviço de medicina do trabalho, estudantes e a comunidade em geral. A palestra será no auditório Carlos Eurico, às 14 horas, com os professores doutores Aline Pansani e Diego Basile Colugnati.
24/03 – Campanha informativa com panfletagem e Aferição de Pressão Arterial no HC – Março Roxo no Hospital das Clínicas UFG às 7hrs até 12h.
26/03 - Campanha informativa sobre epilepsia com panfletagem na casa de ações de extensão da UFG no parque Areião a partir das 9h.
Com informações da embaixadora da Associação Brasileira de Epilepsia (ABE) em Goiás e docente do Laboratório Integrado de Fisiopatologia Cardiovascular e Neurológica (Lifcan) vinculado ao Departamento de Ciências Fisiológicas (DCiF) do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Goiás (ICB/UFG), Aline Pansani.