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Centro Avançado de Diagnóstico da Mama (CORA) do HC-UFG/Ebserh inicia treinamento de profissionais da Atenção Básica de Saúde da cidade de Itaberaí-GO
O câncer de mama é a neoplasia de maior incidência e de maior mortalidade na população feminina, sendo considerado um problema de saúde pública no Brasil e no mundo. As taxas de tumores diagnosticados em estágio avançado é bastante alta: saltou para 63% após a pandemia de Covid-19, somente no Estado de Goiás, sendo que o aceitável seria entre 15 a 20% dos diagnósticos.
Diante dessa realidade, o Centro Avançado de Diagnóstico da Mama (CORA) do Hospital das Clínicas da UFG (HC-UFG), vinculado à Rede Ebserh, iniciou, no dia 25/07/2022, o treinamento de profissionais da Atenção Básica de Saúde da cidade de Itaberaí – GO para a realização de exames físicos da mama em mulheres que residem no município. O treinamento integra o projeto “Intervenção por meio de Treinamento dos Agentes Comunitários de Saúde Baseado em Evidências de Rastreamento em Exame Físico da Mama”, intitulado como Projeto Itaberaí.
O projeto prevê a divisão dos profissionais da Atenção Básica de Saúde em dois grupos que, ao final, os resultados serão comparados entre si. O primeiro grupo chamado Grupo Intervenção, será composto por Agentes Comunitários de Saúde do sexo feminino, que farão as orientações conforme as recomendações já existentes do Ministério da Saúde e, para além, serão treinadas para realizar dentro do seu trabalho cotidiano, o exame físico das mamas em mulheres de sua comunidade, durante visita às residências. O segundo, denominado Grupo Controle, será composto por Agentes Comunitários de Saúde que continuarão, em suas rotinas, a repassarem para as mulheres as orientações do Ministério da Saúde sobre a prevenção do câncer de mama. Tanto os ACS quanto os médicos e enfermeiros das Equipes de Saúde da Família serão acompanhados por especialistas do CORA, ao longo dos anos, e as mulheres que necessitarem realizar os procedimentos para diagnóstico do câncer de mama irão dispor de toda a estrutura e escopo do CORA - Centro Avançado de Diagnóstico da Mama do HC-UFG/EBSERH. O projeto está previsto para ser realizado em 16 anos, divididos em quatro ciclos de quatro anos.
Na cerimônia de abertura do projeto, realizada nesta quarta-feira (03/08), no Edifício de Internação do HC-UFG, o coordenador geral do projeto e coordenador do CORA, Ruffo de Freitas Júnior, falou sobre a importância da iniciativa. "O rastreamento mamográfico está muito aquém do que seria o ideal no país. Hoje, no Brasil, menos de 24% das mulheres que utilizam o Sistema Único de Saúde fazem mamografia. Após a pandemia, isso piorou no Brasil e em Goiás, que saltou de 55% para 63% no número de tumores avançados diagnosticados em mulheres residentes no Estado. Dois terços dos casos de câncer de mama nas mulheres goianas que usam o SUS são diagnosticados com tumores acima de 5 centímetros ou com metástase. Diante disso, o projeto tem dois objetivos primários: a redução de 63% para 48% dos tumores avançados e redução de 20% na taxa de mortalidade por câncer de mama na população feminina da cidade de Itaberaí”.
A iniciativa será desenvolvida por meio de cooperação técnica entre o CORA do HC-UFG/Ebserh, Universidade Federal de Goiás, prefeitura de Itaberaí e Ministério Público do Estado de Goiás. De acordo com Ruffo de Freitas Júnior, futuramente o projeto poderá ser estendido, por meio de um estudo randomizado, para outras cidades do país, como Florianópolis (SC), Montes Claros (MG), Campinas, Araguaína (TO), Presidente Prudente (SP) e Ponta Grossa (PR).
A reitora da UFG, Angelita Pereira de Lima, considerou como “criminosa” a ação ou omissão de agentes públicos que, diante da possibilidade de promoverem ações para a prevenção do câncer de mama, não o fazem. “Nós temos uma tarefa social imensa num país e numa cidade como Goiânia, que está entre as cidades mais desiguais do país e, obviamente, isso se reflete no que estamos tratando aqui. Se observarmos os mapas, vamos ver que os maiores casos de câncer de mama estão entre as mulheres da periferia, entre as mulheres negras, que são as que menos têm o diagnóstico precoce. Portanto, atuar no trabalho do fortalecimento da cidadania é fundamental”, declarou a reitora.
O superintendente do HC-UFG/Ebserh, José Garcia Neto, destacou a importância do projeto para o diagnóstico precoce do câncer de mama e para a redução no tempo de acesso ao tratamento para essas mulheres, que hoje leva até 321 dias, contados a partir do diagnóstico. “Aqui se fala de um projeto tão simples, tão barato, um projeto que atinge uma quantidade enorme de mulheres, de uma doença tão agressiva, tão criminosa, mesmo porque o crime acontece a partir do momento que se faz o diagnóstico e não se faz o tratamento”, destacou ao enfatizar que o projeto permitirá que o tratamento seja iniciado tão logo seja feito o diagnóstico do câncer de mama.
A prefeita da cidade de Itaberaí, Rita de Cássia Soares Mendonça, destacou que o projeto irá reduzir as diferenças, diminuir as desigualdades entre as pessoas, dar acesso a todas mulheres. “O objetivo é reduzir os 300 dias para equiparar aos 30 dias daquelas mulheres que têm condições para fazer um tratamento”, afirmou.
A cerimônia de abertura do projeto contou com presença da coordenadora de Projetos Institucionais do Ministério Público do Estado de Goiás, Sandra Mara Garbelini, do promotor Paulo Henrique Otoni, titular da 2ª Promotoria de Justiça de Itaberaí, da diretora executiva da Fundahc (Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas da UFG), Lucilene Maria de Sousa, do presidente da Câmara Municipal de Itaberaí, João Pereira Filho, e do vereador Reis Apolinário Araújo, e do diretor eleito para a Faculdade de Farmácia da UFG, professor Luiz Carlos da Cunha.
Após a cerimônia, Ruffo de Freitas Júnior levou as autoridades presentes ao evento para conhecerem o CORA e, juntamente com o mastologista Marcus Nascimento Borges, apresentou a estrutura do serviço, que conta com modernos equipamentos para o diagnóstico e o tratamento do câncer de mama oferecidos à mulheres usuárias do Sistema Único de Saúde. Estão sendo treinados 79 agentes comunitárias de saúde, 11 médicos e 14 enfermeiras.