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RELATOS DE QUEM CUIDA
“É muito emocionante a alta de um paciente, nos encoraja a continuar nessa luta”
Com a pandemia, nossa rotina mudou completamente. Tivemos que passar por vários treinamentos e muitas simulações de paramentação e desparamentação de EPIs para evitar o risco de contaminação. Houve uma adaptação na estrutura do hospital para receber os casos moderados de pacientes com Covid-19 e, assim que iniciamos os primeiros atendimentos, tudo era cercado de muito medo e incertezas.
Tínhamos receio de nos contaminar. Com a pandemia, aumentou também o nível de gravidade dos pacientes, tivemos vários casos de intubações que não eram acontecimentos de rotina do hospital. Além disso, há a questão do isolamento social dos pacientes, com relação a seus familiares/acompanhantes. Por várias vezes, nos deparamos com pacientes que expressam queixas psicológicas de pânico, ansiedade, choro. E nessa hora, temos que dar um apoio psicológico, além de fazer nosso serviço habitual. Passar por todos esses desafios e superá-los é muito gratificante”.
Dos atendimentos a pacientes de Covid-19 que realizei, houve um, em especial, que ficou registrado em minha memória: a equipe havia entrado na enfermaria para comunicar ao paciente que ele seria intubado. Nesse momento, ele ligou para a família e, com o celular no viva voz, disse para a esposa que seria intubado, mas que ia ficar tudo bem. A esposa, com a voz embargada de emoção, falou que ele ia sair dessa e que daria tudo certo. Todas essas situações são muito difíceis para equipe e sempre tentamos dar o nosso melhor. Graças a Deus, o paciente se recuperou e voltou para sua família.
Para nós é muito emocionante a alta de um paciente, nos encoraja a continuar nessa luta que, por vezes, nos impõe exaustão física, psicológica e a disciplina de distanciamento dos nossos familiares, cuja recompensa se traduz na gratidão e no semblante dos pacientes e familiares. O sentimento também é de gratidão a Deus, por nos usar como instrumento nas mãos dele para fazermos a diferença na vida de outras pessoas.
Tallyta Barros Ribeiro – enfermeira
Hospital de Doenças Tropicais da Universidade Federal do Tocantins e vinculado à Rede Ebserh (HDT-UFT/Ebserh)
Atuação da Rede Ebserh
Desde os primeiros anúncios sobre a Covid-19, a Rede Ebserh tem trabalhado em parceria direta com o Ministério da Saúde, com participação do Centro de Operações de Emergência (COE) do órgão e tendo como diretrizes monitorar a situação no país e em suas unidades, realizar treinamento de funcionários da Rede, promover webaulas, definir fluxos, montar câmaras técnicas de discussões com especialistas e atuar como hospitais referência em algumas regiões.