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Assistência multidisciplinar
Visitas multiprofissionais beneficiam recuperação de pacientes nas UTIs da Rede Ebserh/MEC
Fortaleza (CE) – A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é um setor desafiador nos hospitais, pois recebe pacientes em estado grave de saúde e que necessitam de acompanhamento constante. Neste sentido, a Rede Ebserh/MEC busca incentivar e implementar a assistência multidisciplinar nas UTIs dos hospitais vinculados. Além de beneficiar os pacientes, favorecendo um alinhamento de conduta para cada caso, a integração de diversas áreas da saúde permite desenvolver competências profissionais.
Francisco Lopes, de 37 anos, foi um dos beneficiados por essa metodologia. Ele precisou ficar na UTI do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC) em decorrência de complicações da covid-19 em abril de 2021, permanecendo cerca de dois meses em tratamento intensivo. O paciente teve 75% dos pulmões comprometidos, parada cardíaca de seis minutos, trombo na artéria e infecção bacteriana. A equipe assistencial multidisciplinar conseguiu auxiliá-lo até sua recuperação, com destaque para a atuação farmacêutica de orientação quanto às interações medicamentosas, da fisioterapia para ventilação dos pulmões e, posteriormente, na reabilitação junto à fonoaudiologia e terapia ocupacional no processo de reaprender a deglutir, falar e fortalecer as habilidades motoras.
A Maternidade-Escola Assis Chateaubriand (MEAC) e o Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), do Complexo Hospitalar da UFC/Ebserh, têm desenvolvido a metodologia de visitas multiprofissionais diárias nas UTIs com, pelo menos, doze categorias profissionais envolvidas. Esses especialistas reúnem-se para adotar as melhores estratégias de recuperação, unindo diferentes áreas e promovendo mais humanização, segurança e bem-estar para o paciente e para a família.
O médico intensivista do HUWC Alberto Hil explica que essa prática valoriza diferentes áreas do conhecimento e favorece o tratamento dos enfermos. “Os profissionais são tão ou mais importantes que os aparelhos. O que temos feito é promover esse cuidado através da inter-relação das áreas da saúde”, destaca.
De acordo com a enfermeira intensivista e chefe da UTI Materna, na MEAC, Piedade Albuquerque, as visitas possibilitam a compreensão do paciente como um todo e, ao reunir as especialidades, consegue-se pensar em intervenções conjuntas, com maior resolutividade, agilidade e eficiência. “Com essas visitas, nós conseguimos intervir mais rápido, diminuir riscos de infecção e dias de ventilação, porque estamos sempre monitorando e observando todos os diversos sinais de cada indivíduo internado”, ressaltou.
As visitas multiprofissionais do HUWC e da MEAC envolvem médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem, nutricionistas, psicólogos, fisioterapeutas, farmacêuticos, fonoaudiólogos, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, odontólogos e assistentes administrativos. Residentes também podem participar.
Acompanhamento familiar
A metodologia multiprofissional da UTI também envolve a relação com a família, afirma Alberto Hil. “A tomada de decisão é compartilhada com os familiares. O doente que está ali é sempre o amor de alguém e nós respeitamos isso. Quando recebemos um paciente na UTI, a família se preocupa bastante e, para acolher esses familiares, nós temos os psicólogos neste contato mais direto”, explica.
A psicóloga Rachel Câmara conta que investigar os vínculos familiares e afetivos é fundamental. “Fazemos uma escuta clínica a fim de avaliar o estado emocional, a compreensão sobre o quadro clínico, os recursos de enfrentamento diante da situação, rede de relações e rede de apoio. Desse modo, lançamos um olhar para o sujeito e não somente para a doença, o que contribui para um cuidado voltado para a singularidade de cada história”, detalha.
Essa proximidade familiar é feita, muitas vezes, por meio do contato com os parentes, aproximando-os com a utilização de mensagens pelo celular, recurso utilizado nas UTIs dos dois hospitais. Francisco conta que, enquanto esteve internado, sua esposa recebia informações por ligações ou mensagens realizadas pela equipe. Seu sentimento foi de acolhimento e, conforme relata, sentiu isso de forma ainda mais expressiva quando acordou após a retirada da ventilação mecânica (extubação): “Eu me recordo quando estava acordando, depois de sair da entubação, todos começaram a bater palmas. A enfermeira disse para mim que estavam festejando porque eu tinha acordado. Isso eu nunca vou esquecer”.
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Com informações do CH-UFC/Ebserh