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Cigarro
Tabagismo é doença e tem tratamento
Tabagismo é uma doença e precisa ser prevenida e tratada
Brasília (DF) - O ato de fumar tem relação com mais de 60 problemas de saúde, entre eles vários tipos de câncer, doenças do aparelho respiratório e cardiovasculares. Por ano, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), oito milhões de pessoas morrem por causa do tabaco. Por isso, o Dia Nacional de Combate ao Fumo, celebrado em 29 de agosto, reforça a importância do controle do hábito de fumar. Neste ano, o tema da campanha global é “Precisamos de comida, não de tabaco”. A Rede Ebserh possui serviços especializados no diagnóstico e tratamento gratuito do vício.
O tabagismo é uma doença, segundo afirma o Coordenador do Programa de Controle e Tratamento de Tabagismo do Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP-UFF), Leonardo Pessôa. Logo, deve ser diagnosticada, prevenida e tratada. O HUAP participa do Programa Nacional de Controle ao Tabagismo (PNCT) do Ministério da Saúde e oferece apoio completo para a interrupção do tabagismo e prevenção de recaídas.
“A médio prazo, o uso de cigarro causa, além de infarto do miocárdio, enfisema (DPOC) e câncer de pulmão, outras 60 doenças. Os principais dizem respeito à associação do tabagismo aos distúrbios psiquiátricos. São tantas doenças causadas, agravadas ou associadas ao uso do tabaco que não é possível escapar de todas a vida inteira”, disse.
Tipos
O especialista explica que o fumo causa três tipos de dependências: a química, a psíquica e a comportamental. “A nicotina causa a dependência química, que, em resumo, acontece quando ela, ao chegar ao cérebro, libera dopamina excessivamente, o que gera prazer e relaxamento intensos. Em pouco tempo, o cérebro se acostuma a somente liberar essa substância se o fornecimento de nicotina continuar, caso contrário, pode-se ter os sintomas desagradáveis de abstinência”. Na dependência psíquica, ainda segundo o médico, o fumante passa a atribuir ao cigarro a função de minimizar o estresse e acalmá-lo. Ele se torna dependente do tabaco para lidar com situações difíceis e preencher vazios. “A terceira dependência é a de comportamento, são associações que o fumante faz do cigarro com bebidas alcoólicas, cafezinhos e com refeições, por exemplo”, afirmou Leonardo Pessôa.
Os efeitos do tabaco no organismo são rápidos. Em poucas horas após começar a fumar, a pessoa já tem monóxido de carbono na corrente sanguínea. Com o tempo, aumentam as chances de desenvolver doenças como câncer, cegueira, enfisema pulmonar e acidente vascular cerebral (AVC), além do envelhecimento precoce, entre outros problemas.
No entanto, ao parar de fumar, os benefícios são quase que imediatos. Após 20 minutos, por exemplo, a pressão sanguínea e os batimentos cardíacos voltam ao normal. Dois dias depois, não há mais nicotina no organismo e o paladar e o olfato começam a melhorar. A transpiração também deixa de cheirar a tabaco. “Depois de 5 anos sem fumar, o paciente passa a ter os mesmos riscos de uma pessoa que nunca fumou, independentemente da duração do tabagismo”, explicou o psiquiatra Frederico Garcia, coordenador do Ambulatório de Dependência Química do Hospital das Clínicas da UFMG/Ebserh em Belo Horizonte (MG).
A instituição presta atendimentos relacionados ao tabagismo há 13 anos, sendo cerca de 250 pacientes atendidos por ano. Eles são, em sua maioria, mulheres e a média de idade é de 35 anos. “Depois que a pessoa é avaliada pelo psiquiatra, ela entra em um programa de tratamento que pode incluir medicação, substituição da nicotina e educação em grupo. Essa troca de experiências sobre o processo com outros pacientes na mesma situação e o acompanhamento clínico são essenciais”, contou o coordenador.
Entre as medicações utilizadas estão a Bupropiona e a terapia de reposição de nicotina na forma de pastilhas, gomas de mascar e adesivos, conforme explicou a coordenadora do Ambulatório para Tratamento do Tabagismo no HU-Univasf, a professora Lorena Augusta Sampaio. “A assistência em nosso ambulatório se dá com equipe médica e de Psicologia. Contamos ainda com a participação dos alunos dessas duas áreas, por se tratar de um projeto de extensão da Univasf. Então juntamos assistência aos fumantes e ensino”, enfatizou.
Terapia ajuda no controle da dependência
A Terapia Cognitivo-Comportamental é uma técnica utilizada para ajudar no controle da dependência, por meio de mudanças de pensamento e comportamento, além de ser uma forma de o paciente lidar com as possíveis sequelas da abstinência. O Hospital Universitário Onofre Lopes (Huol), em Natal (RN), conta com um grupo de enfrentamento ao vício em tabagismo e uma equipe multiprofissional composta por pneumologista, psiquiatra, enfermeiro, estudantes e residentes, nutricionista e educador físico. Também oferece encaminhamentos para práticas integrativas e terapêuticas.
“A ideia é substituir os hábitos ruins por saudáveis que se encaixem no seu modo de vida. E para isso existe o grupo de enfrentamento ao tabagismo do Huol. Os encontros ajudam o paciente a desenvolver hábitos como atividades físicas e mentais, caminhadas, relaxamento ou meditação”, disse o enfermeiro do Huol Marcelo Cid Holanda.
Outra técnica que costuma ajudar bastante é a de reforço positivo, que é incentivar o paciente a encontrar uma forma de autorrecompensa por diminuir o número de cigarros ou mesmo por chegar à conquista de mais um dia sem fumar. Juntamente com o tratamento medicamentoso fornecido gratuitamente pelo Ministério da Saúde, essas estratégias podem gerar resultados de eficácia que giram em torno de 70%.
“Tudo depende de quanto tempo o indivíduo foi fumante. O hábito de fumar paralisa e destrói parte das mucosas que revestem o pulmão, aumentando a probabilidade de infecções como bronquite, bronquiolite e enfisema – além do câncer. Quando o indivíduo para de fumar, as mucosas melhoram de aspecto e podem ser totalmente revertidas no intervalo de dois a cinco anos após a cessação do tabagismo. Quanto mais cedo parar de fumar, melhor será a condição clínica e a qualidade de vida desse paciente”, enfatizou o profissional.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Redação: Luna Normand com revisão de Felipe de Oliveira Monteiro