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COMEMORAÇÃO
Serviço de Transplante de Medula Óssea do Hospital da Ebserh em Juiz de Fora (MG) completa 20 anos
Juiz de Fora (MG) – O Serviço de Transplante de Medula Óssea (TMO) do Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU-UFJF), gerido pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), comemora duas décadas de existência. Ao todo, já foram 530 transplantes realizados na instituição, que conta com uma equipe multiprofissional. Esse procedimento de alta complexidade, oferecido de forma gratuita aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), é também de grande importância para o ensino e a pesquisa.
Na cerimônia em celebração aos 20 anos do serviço, na manhã de quarta-feira, dia 10 de outubro, o superintendente do HU, Dimas Augusto Carvalho de Araújo, relembrou os desafios enfrentados para a implementação e a manutenção do TMO. “A criação do serviço foi uma ousadia, levando em consideração o fato de ser muito complexo, que precisa de uma equipe qualificada e grande aporte financeiro, especialmente para medicamentos”. O superintendente destacou o comprometimento da equipe, as parcerias externas estabelecidas, citando a Fundação Ricardo Moysés Júnior e o Instituto de Ciências Biológicas (ICB), e agradeceu quem acreditou no trabalho do HU, permitindo esse caminhar. Também citou a relevância do serviço para o ensino, ao englobar alunos e residentes, e para a pesquisa, sendo um centro polo de produção de conhecimento. “Com o novo HU, o horizonte é promissor, com mais leitos e redimensionamento de pessoal”, acrescenta Araújo.
Na visão do médico hematologista e responsável técnico pelo TMO, Abrahão Hallack Neto, “o serviço trata doenças que requerem uma abordagem muito complexa. O HU é um ambiente ideal para esse tipo de abordagem, principalmente no âmbito da saúde pública”. Oferecido de forma gratuita pelo SUS, o procedimento é utilizado como recurso para o tratamento de doenças hematológicas, oncológicas e autoimunes, esclarece o especialista.
Além disso, o trabalho realizado permite que estudantes de graduação, residentes e pós-graduandos acompanhem em primeira mão todas as etapas do TMO. Hallack contextualiza que, no decorrer desses 20 anos, a técnica foi amadurecendo. “Penso que hoje é um serviço melhor, não porque as pessoas são melhores, mas porque o caminhar pavimentou esses benefícios para os pacientes”, afirma o médico. Como exemplo, pode-se citar a doação de células do paciente para ele próprio e a doação de células por familiares compatíveis, já realizados no próprio Hospital Universitário.
Outro diferencial é o atendimento multiprofissional, de grande importância para o sucesso dos tratamentos. A presença de profissionais de diferentes áreas possibilita um processo de recuperação mais completo. Na visão do médico, isso faz com que “o transplante possa ser ofertado de uma maneira em que não apenas o tratamento, mas o hospital como um todo seja colocado a favor desses pacientes, e isso faz muita diferença”.
Atendimento Multiprofissional
No caso do TMO, o trabalho multiprofissional é composto por equipes de psicologia, serviço social, nutrição, fisioterapia, odontologia, farmácia, enfermagem, hematologia e oncologia. Também essenciais são a equipe de limpeza e administrativa, que trabalham para o bem-estar e a pronta recuperação dos pacientes.
Segundo a psicóloga Tatiana Rodrigues, “quando o paciente adoece, não é cuidar só do corpo, é preciso da mesma forma tratar da mente e do emocional”. É importante ressaltar que o atendimento psicológico se estende também aos acompanhantes durante o período da internação, que dura em torno de 30 dias e pode se alongar para o pós-operatório, a depender das condições psíquicas de quem passou pelo tratamento.
Maria Carolina Pires é enfermeira e já atuou diversas vezes nos procedimentos de TMO. Ela esclarece que o papel da enfermagem vai do pré ao pós-operatório. É uma função desse setor encaminhar os pacientes até os especialistas corretos durante a montagem da equipe multiprofissional. Para ela, é extremamente gratificante acompanhar o paciente durante toda essa trajetória. “Como pessoa e profissional, é fantástico ver as pessoas voltando bem e com a saúde restaurada para casa”, descreve a enfermeira.
O chefe da Unidade de Hematologia, Hemoterapia e Oncologia, Igor de Brito Andrade, elogia a articulação multiprofissional bem implementada e voltada para o cuidado do paciente: “A dedicação, a entrega e a preocupação de todos com os pacientes, familiares e amigos é algo inspirador. Esses 20 anos representam luta, acolhimento e um profundo estado de cuidado”, salienta.
Recuperação
Por mais que seja um procedimento complexo e delicado, muitos pacientes apresentam recuperações impressionantes. É o caso de Dinalda Maria Machado (ao lado), que realizou dois transplantes de medula óssea no HU-UFJF, em função de uma reincidência. Pelo alto risco que o caso da aposentada apresentava, ela precisou ficar internada por um longo período. “Por quatro meses, aqui foi a minha casa, todos cuidaram muito bem de mim durante o tratamento. O HU me trouxe à vida de volta”. Ela continua recebendo acompanhamento da Unidade Multiprofissional do hospital há quatro anos para ajudar com a recuperação de movimentos dos braços. Dinalda contou com muita empolgação que consegue fazer tudo em seu cotidiano e, no ano passado, foi até dançar no show da Katy Perry.
Cerimônia
Para celebrar os 20 anos do Serviço de Transplante de Medula Óssea foi realizada uma cerimônia no dia 09 de outubro no Auditório Gilson Salomão, na Unidade Santa Catarina. A abertura contou com a fala do superintendente Dimas Araújo e do gerente de Atenção à Saúde Sérgio Paulo Pinto. Também houve uma mesa em que diferentes profissionais puderam relatar suas experiências com o TMO ao longo dessas duas décadas. Participaram dela o médico Abrãhao Hallack Neto, o médico e ex-diretor do HU-UFJF entre os anos de 1994 e 2006, Jorge Baldi, as farmacêuticas Sandra Neves e Rosângela Lamarca e as nutricionistas Maria Amélia Ribeiro e Fabiana Ghetti.
Durante o evento, a coordenadora e presidente da Fundação Ricardo Moysés Júnior, Jane Berlone Moysés, falou sobre a parceria da instituição com o serviço de TMO do HU-UFJF. A organização tem como fim ajudar crianças e adolescentes a lutarem contra o câncer. Ainda houve, no decorrer da cerimônia, uma homenagem póstuma à psicóloga Ivalda Dias Ferreira Ribeiro, realizada pela psicóloga Tatiana Rodrigues. Também foi lida uma mensagem enviada pela assistente social Sildia Aparecida dos Santos.
Para finalizar, um momento emocionante: a exibição de um vídeo com depoimentos de pacientes em tratamento no TMO e o relato, presencial, da ex-paciente de número 500, Thaís Araújo da Silva. A jovem, de 23 anos, contou sua experiência e agradeceu toda a equipe por sua recuperação.
O procedimento
O transplante de medula óssea não se trata de um transplante de órgãos, pois a medula é, na verdade, um tecido que fica no interior dos ossos. Portanto, as técnicas usadas no tratamento envolvem a substituição de células deficitárias por outras saudáveis, que poderão normalizar a produção dentro do organismo. O procedimento em si pode ser realizado a partir de doações de familiares compatíveis (chamado de alogênico aparentado) ou de não familiares compatíveis (alogênico não aparentado). Há ainda a possibilidade de realizar o transplante autólogo, em que as células do próprio paciente são tratadas e reintroduzidas no organismo, a fim de reestabelecer a produção. Todos esses métodos são oferecidos pelo HU-UFJF/Ebserh.
Também é importante ressaltar que o Brasil é o terceiro país com maior número de doadores voluntários cadastrados. O Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (REDOME) conta, hoje, com mais de 5 milhões de usuários. Além disso, por fazer parte da World Marrow Donor Association (WMDA) (Associação Mundial de Doadores de Medula Óssea), qualquer brasileiro tem acesso a bancos internacionais de doação. Em função dessa cooperação internacional, o Hospital Universitário realizou, em 2022, o seu primeiro transplante alogênico não aparentado envolvendo uma doação de outro país.
Sobre a Ebserh
O Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU-UFJF) faz parte da Rede Ebserh desde 2014. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Rafael José Badaró e Esther Teodoro (estagiários), sob supervisão de Alessandra Gomes
Coordenadoria de Comunicação Social da Rede Ebserh
Para saber mais sobre o serviço da TMO no HU-UFJF você pode acessar essas matérias:
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