Séries Especiais
SÉRIE TECNOLOGIAS NA EBSERH
Recursos 3D contribuem para a assistência e o ensino na Rede Ebserh
Nesta matéria, você verá:
. Impressões de próteses e órteses;
. Produção de manequins para ensino, moldes e biomodelos para cirurgias;
. Humanizando com a realidade virtual.
Brasília (DF) – Os Hospitais da Rede da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) estão investindo, cada vez mais, em tecnologias para melhorar as formas de tratamentos, pesquisas científicas e o ensino em saúde. É nesse sentido, que recursos tridimensionais, conhecidos como 3D, estão sendo utilizados nas instituições vinculadas à Ebserh, potencializando seus serviços em todo o país.
Impressões de próteses e órteses
A reabilitação de pacientes está inserida nas inovações tridimensionais estimuladas na Ebserh. Os Hospitais pernambucanos da estatal, por exemplo, são parceiros numa iniciativa de impressão de órteses e próteses 3D de membros superiores. Este é um Acordo de Cooperação Técnica, chamado “Rede Inova: Tecnologia e Inovação na formação e inclusão social”, entre seis instituições: o Hospital de Ensino Dr. Washington Antônio de Barros, da Universidade Federal do Vale do São Francisco (HU-Univasf); o Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (HC-UFPE); a Univasf; o Instituto Internacional Despertando Vocações (IIDV); a startup Biotech; e a Associação Petrolinense de Atletismo (APA). Serão beneficiados pacientes do Ambulatório de Terapia Ocupacional do HC-UFPE, pacientes egressos do HU-Univasf e paratletas da APA. A previsão para início do desenvolvimento, validação técnica e mecânica, e entrega das próteses e órteses será em novembro.
Essa é uma iniciativa que comporta os laboratórios Labtec-3D; o Laboratório NIMA - Núcleo Interdisciplinar de Manufatura Aditiva, que serão, junto com o IIDV e a Biotech, locais de impressão. O coordenador do Labtec-3D e gerente de Ensino e Pesquisa do HU-Univasf, Ricardo Santana de Lima, destacou que a parceria tem um importante “impacto na sociedade local, para os pacientes atendidos no HU-Univasf e HC-UFPE, bem como para os paratletas da APA”.
A chefe da Unidade de Gestão da Inovação Tecnológica em Saúde (Ugits) do HU-Univasf, Emanuela Spinola, explicou que, além da entrega desses produtos, o projeto prevê uma série de atividades de pesquisa, produção científica, testagem de materiais e validação técnica e mecânica. Já a chefe da Unidade de Gestão da Pesquisa (UGPesq) do HC-UFPE, Bárbara Brito, também complementou que este é um trabalho em rede, favorecendo, inclusive, a parceria entre a capital e o interior. “É um acordo que envolve inclusão social e a troca de experiências”.
Em outro caso, pacientes do Hospital Universitário Onofre Lopes, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Huol-UFRN), com esclerose lateral amiotrófica (ELA) também recebem órteses produzidas pelo Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS). Danilo Nagem, coordenador técnico-científico do projeto RevEla, iniciativa responsável por essas impressões dentro do LAIS, relatou que é feito o escaneamento do paciente para desenvolvimento de órteses inteligentes ou estáticas sob medida. “O paciente de ELA sofre de encurtamento das articulações, então conseguimos escanear a mão do paciente e desenvolver um modelo para essa órtese, melhorando a qualidade de vida dessas pessoas em seu dia a dia”.
Produção de manequins para ensino, moldes e biomodelos para cirurgias
No campo do ensino em saúde, manequins estão sendo produzidos para auxiliar no aprendizado de residentes e estudantes de graduação no Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Ceará (CH-UFC). Beatriz Beltrão, chefe da Unidade de Gestão de Graduação, Ensino Técnico e Extensão do CH-UFC, apontou que as duas impressoras são capazes de reproduzir peças anatômicas com fidelidade. “Atendemos, atualmente, a modelos voltados para o aprimoramento do ensino, sobretudo por meio da simulação de procedimentos e treinamento de habilidades”.
Deusimar Romeu Filho, de 28 anos, é residente do segundo ano de Ginecologia e Obstetrícia no Complexo. Durante sua formação, tem participado de treinamentos utilizando esses manequins: “São de fundamental importância por nos permitir simular diversas práticas, incluindo até procedimentos cirúrgicos em um ambiente controlado e sem risco, estando sempre orientado por preceptores capacitados no ensino de cada peça”.
No Huol-UFRN, a tecnologia 3D tem sido utilizada na fabricação de biomodelos. De acordo com o chefe da Divisão de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial do Hospital, Adriano Germano, há mais de uma década esse recurso é utilizado na instituição, se intensificando nos últimos cinco anos. As impressões são feitas em parceria com o Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer a partir das tomografias realizadas nos pacientes. “A tecnologia 3D nos permite construir os modelos anatômicos do paciente para visualizar melhor a patologia e a intervenção necessária e, com isso, simular a cirurgia antes de executar nos pacientes”.
Rychard Silva, de 34 anos, passou por uma cirurgia de reconstrução facial após ter sido atingido por um projétil de arma de fogo em um assalto em 30 de junho de 2018. O ferimento causou a perda do olho esquerdo e de parte da face, que foi reconstruída com uma tela de titânio a partir da projeção em biomodelos 3D. Já com seis anos após a intervenção, relatou que não sente dores ou incômodo: “Eu mastigo tudo, minha fala está muito boa e, inclusive, canto. Estou muito satisfeito com a cirurgia que me proporcionou voltar a fazer tudo isso”.
Já a jornalista Juliana Silva, de 30 anos, passou pela cirurgia ortognática no Huol-UFRN, no dia 11 de setembro de 2023, procedimento que consiste na correção da posição dos maxilares. “A utilização de tecnologia 3D foi essencial. Eu não sinto dores e com três meses de pós-operatório eu já estava conseguindo comer normalmente. Eu estou muito satisfeita, tenho uma melhor qualidade de vida e minha autoestima aumentou em 100%”.
No Laboratório de Fabricação Digital “Health, Science & Education Lab”, localizado no Serviço de Radiologia do Hospital Universitário Antônio Pedro, da Universidade Federal Fluminense (Huap-UFF), a produção tridimensional tem sido uma forte aliada para as cirurgias complexas e para o ensino. Segundo o coordenador do Laboratório e professor do Departamento de Radiologia da UFF, Cláudio Tinoco, as impressões são “usadas para o planejamento e para guiar cirurgias que precisam de um detalhamento da anatomia”, também a partir da confecção de biomodelos. Este recurso já foi utilizado, por exemplo, em procedimentos cardiovasculares, cirurgias oncológicas, cirurgias da ortopedia e traumatologia, da neurologia e em procedimentos percutâneos. O recurso 3D, inclusive, auxiliou na reconstrução do crânio com cimento ósseo, mais especificamente do osso frontal. Para a educação, o Laboratório imprime peças em formato de órgãos, tanto para ensino no Huap-UFF, como para escolas da rede municipal de Niterói, incluindo materiais inclusivos para pessoas com deficiência.
Humanizando com a realidade virtual
A hospitalização, especialmente por longos períodos, causa desconforto aos pacientes diante da saudade de casa e da rotina anterior à internação. Como uma forma de proporcionar uma realidade diferente daquela do leito, Hospitais da Ebserh fazem uso dos óculos 3D. Um dos exemplos é o Hospital Universitário Alcides Carneiro, da Universidade Federal de Campina Grande (Huac-UFCG),no qual a estratégia é utilizada em crianças e adolescentes em tratamento quimioterápico desde outubro de 2023. O projeto é realizado por estudantes de Enfermagem por meio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic). A orientadora, Anajás Cantalice, professora do Departamento de Enfermagem da UFCG, contou que essa é uma forma de trazer alívio durante o tratamento. “Utilizamos imagens de aplicativos e desenhos nos óculos durante a realização de procedimentos, como curativos e retirada do acesso venoso. Isso promove distração, diminui ansiedade, angústia e sofrimento”.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Marília Rêgo
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh