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Emoção
Receptora e doador de medula óssea se veem pessoalmente pela primeira vez
A distância do tempo de quatro anos de contato online e mais de três mil quilômetros ficaram pequenos diante da alegria do encontro
Fortaleza (CE) – É difícil segurar a emoção ao ver alguém tão esperado, não é mesmo? Imagine, então, um encontro entre duas pessoas que nunca se viram pessoalmente, mas que estão ligadas por um transplante que salvou a vida de uma delas? Essa é a história inspiradora de Rosilândia Rodrigues, de 42 anos, e Lafaiete Rosa, de 43, receptora e doador de medula óssea, respectivamente.
A distância do tempo de quatro anos de contato online e mais de três mil quilômetros entre Fortaleza e a cidade de Jacarezinho, no Paraná, os locais de origem dos dois, ficaram pequenos diante da alegria do encontro e do abraço apertado entre eles. E não havia tempo a perder! O encontro foi logo na chegada do paranaense na tarde da última quinta-feira (29), ainda no Aeroporto Internacional de Fortaleza. Em 2015, a doação uniu a vida dos dois para sempre.
Rosilândia foi diagnosticada no dia 31 de agosto de 2014 com leucemia, doença no sangue caracterizada pelo aumento anormal de células, especialmente as de defesa do nosso organismo, os chamados leucócitos. Ela passou a ser acompanhada pelo Hospital Universitário Walter Cantídio, vinculado à Rede Ebserh, ficando 26 dias internada, período em que iniciou o tratamento com sessões de quimioterapias. Rosi, como carinhosamente é chamada, também começou, naquele momento, a busca por um doador, investigando entre os familiares se alguém poderia ser elegível, mas não encontrou.
Os exames de compatibilidade foram feitos pelo Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce). A compatibilidade necessária veio com Lafaiete, que estava cadastrado no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome) e pôde ajudar a salvar a vida de Rosilândia. Em 28 de maio de 2015, o tão esperado transplante aconteceu no Hospital Rio Grande, localizado em Natal (RN), na época chamado Hospital Natal Center.
Confidencialidade
O Redome, em sua política de confidencialidade , determina o anonimato entre receptor e doador por, pelo menos, 18 meses. Após esse período, é permitido o contato, desde que as duas partes aceitem, e de que o estado de saúde do paciente transplantado esteja estável. Foi por esse motivo que, somente em 5 de dezembro de 2018, Rosilândia e Laiafete puderam trocar as primeiras mensagens por WhatsApp, o que já representou um momento de muita emoção para os dois que hoje se consideram uma família.
“Laiafete é um irmão que Deus me deu. Eu sempre falo que ele é um anjo na minha vida. Se eu estou aqui contanto a minha história, é porque ele me deu um sim. Ele é uma pessoa enviada por Deus”, disse Rosilândia. Ele, por sua vez, confirma a profundidade do sentimento que cultivam um pelo outro. “Nós temos uma ligação não só biológica, mas sim uma ligação muito profunda. É um vínculo de irmão, muito significante e muito próximo”, relata.
Durante todo esse tempo, os dois estiveram mantendo o contato virtual, em meio à distância entre os estados e o período de pandemia que inviabilizou a vinda do paranaense, solucionada nesse fim de 2022. A ocasião da vinda do doador ainda coincidiu com a festa de fim de ano, que ele passará junto à família dela.
Acesso ao Ambulatório de Transplante de Medula Óssea (TMO) no HUWC
Os pacientes já atendidos pelo Complexo Hospitalar da UFC/Ebserh, que tenham indicação para o transplante, são encaminhados ao Ambulatório de TMO do HUWC, localizado nas dependências do Hemoce. Para as pessoas que desejem a primeira consulta e são de Fortaleza ou Região Metropolitana, é necessário realizar a marcação presencialmente com ficha médica de encaminhamento.
Se a pessoa residir em cidades do interior do Ceará ou morar em outro estado, o agendamento é feito via e-mail (tmo.huwc@gmail.com), anexando a guia de encaminhamento. Desde 2008, quando iniciou o serviço de TMO, até 2022, já foram realizados 702 transplantes de medula óssea no HUWC.
Seja um doador de medula óssea!
A medula é um líquido presente no interior dos ossos contendo células-troncos que, com o transplante, possuem a capacidade de substituir as células cancerígenas por uma medula que produzirá novas células saudáveis. Para ser um doador é preciso ter entre 18 e 35 anos, e estar em boa condição de saúde. O cadastro no Redome é feito nos hemocentros de todo o Brasil, com a coleta de 5 ml de sangue para os testes.
No caso de Lafaiete, em 2005, quando estava doando sangue, decidiu também se cadastrar para ser doador de medula. O paranaense reforça a importância desse ato de amor. “Doar medula é doar vida, é salvar alguém. Eu acredito que o mais importante de tudo é que, quando se doa medula, você dá oportunidade para outra pessoa continuar vivendo. E não é somente essa pessoa que você salva. Você salva o marido, os filhos e todos os parentes mais próximos. O doador de medula salva uma família inteira. São salvas todas as relações que estão ao redor daquele receptor, daquela vida”.
Locais para cadastro de doadores de medula óssea em Fortaleza (Fonte: Hemoce)
Instituto Dr. José Frota (IJF) (Rua Barão do Rio Branco, 1816 – Centro)
Sede do Hemoce (Av. José Bastos, 3390 – Rodolfo Teófilo)
Shopping Del Paseo (Av. Santos Dumonte, 3131 – Aldeota)
Os outros polos de cadastramento são os hemocentros localizados nas cidades de Crato, Iguatu, Juazeiro do Norte, Sobral e Quixadá.
Com informações do CH-UFC/Ebserh