Notícias
Prevenção
Queda no número de casos de conjuntivite pode estar associado a maior higienização das mãos durante a pandemia
Oftalmologista prepara equipamento para examinar paciente em ambulatório no HU-UFSC. Foto: Sinval Paulino
Brasília (DF) – Neste mês de julho, em que se realizam campanhas de conscientização sobre a saúde ocular, especialistas da Rede Ebserh/MEC lembram cuidados com esses órgãos sensíveis, sempre expostos ao contato natural, físico ou cosmético. De acordo com o oftalmologista Eduardo Vieira de Souza, do Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago (HU-UFSC/Ebserh/MEC), em Florianópolis (SC), um cuidado importante é manter as mãos higienizadas. “Para se ter uma ideia, percebi durante meus atendimentos que houve uma queda no número de casos de conjuntivite e acredito que isso está associado ao fato de as pessoas estarem tomando mais cuidado com a higiene das mãos durante a pandemia”, disse o médico.
A oftalmologista Raíssa Casseb, que coordena a Unidade da Visão do Universitário Bettina Ferro de Souza, que compõe o Complexo Hospitalar de Belém (CHU-UFPA/Ebserh/MEC), também reforça que prevenção à conjuntivite inclui manter as mãos sempre limpas, evitar coçar os olhos, utilizar álcool 70% após lavagem das mãos, não tocar em corrimão de escadas públicas, não compartilhar colírios, toalhas, fronhas ou maquiagem, além de limpar o teclado e o mouse do computador com álcool 70%. “Essa inflamação está relacionada à água do mar, piscina, mesas, maçanetas e até nas lentes de contato. É considerada uma das doenças mais contagiosas do mundo, se propaga com mais facilidade no verão, porque o calor aumenta o tempo de sobrevivência do vírus no meio externo”, afirma a oftalmologista.
Mas enquanto a pandemia mudou alguns hábitos das pessoas levando à diminuição dos casos de conjuntivite, outros fatores aumentaram o risco de desenvolver outras doenças. Raíssa Casseb, ressalta que a quarentena e a maior exposição a telas também são responsáveis por problemas na saúde dos olhos. “Os efeitos da chamada luz azul, emitida pelos eletrônicos, nos olhos, vêm sendo estudados há vários anos por pesquisadores e oftalmologistas, e estão associados à degeneração da mácula ocular, uma doença que, se não for tratada, pode levar à cegueira. Essa luz também está envolvida na regulação do sono e nos mecanismos de envelhecimento, além de estar associada à miopia em crianças”, comenta. O oftalmologista Luis Fernando Wayhs, que também atua no Ambulatório no HU-UFSC/Ebserh/MEC, na capital catarinense, reforça a informação. “Observamos um aumento nos casos de miopia, que pode estar ligado a este hábito (de uso de telas)”, afirmou.
Dados da Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO) apontam que o uso de telas de smartphones, tablets e computadores pode acarretar na Síndrome Visual Relacionada à Computadores (SVRC), que atinge cerca de 90% das pessoas que utilizam computadores por mais de três horas ao dia. Dentre os sintomas, a vista cansada, ardência, dor de cabeça, vermelhidão, ressecamento, visão turva e sensação de corpo estranho nos olhos são as principais queixas. A SOB recomenda pequenas pausas de 5 a 10 minutos por hora sejam feitas pelos usuários, e pausas maiores devem ser feitas em casos de turnos superiores a quatro horas diárias em frente a uma tela.
Cuidados
De acordo com os especialistas da Rede Ebserh/MEC, entre as principais doenças oculares estão as conjuntivites, que podem ser virais ou bacterianas e são reconhecidas principalmente pela vermelhidão e secreção nos olhos; o tracoma, que é uma conjuntivite crônica que pode levar à cegueira; a catarata, caracterizada pela alteração de cor da pupila, que pode variar entre o cinza e o branco, e acarreta a perda gradativa da acuidade visual; e o glaucoma, que é o aumento da pressão intraocular, e é a principal causa de cegueira irreversível no mundo.
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 50 milhões de brasileiros sofrem algum tipo de distúrbio da visão. Porém, se fossem tratados com antecedência, muitos desses casos poderiam ter sido evitados ou tratados a tempo, evitando a perda da visão. A oftalmologista da Unidade da Visão do Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW-UFPB/Ebserh/MEC), Isabella Queiroga, destaca que a consulta de rotina é fundamental para prevenir problemas. “O acompanhamento rotineiro com especialistas é primordial para que causas de cegueira e baixa visão, como o glaucoma e a retinopatia diabética, sejam diagnosticadas e tratadas a tempo, já que são doenças que não costumam produzir sintomas até fases bem avançadas”, afirma.
Outras recomendações para assegurar a saúde ocular estão relacionadas à adoção de hábitos saudáveis, como uma alimentação rica em vegetais e com reduzido teor de gorduras e níveis controlados de açúcar no sangue. “Usar óculos escuros com proteção contra a radiação UVA e UVB sempre que houver exposição ao sol, não utilizar colírios de forma indiscriminada, limitar o uso de eletrônicos para as crianças e estimular atividades ao ar livre também são práticas essenciais para prevenir problemas na visão”, reforça Isabella Queiroga.
Sobre a Rede Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares foi criada em 2011 e, atualmente, administra 40 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência.
Vinculados a universidades federais, essas unidades hospitalares têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) e, principalmente, apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas. Devido a essa natureza educacional, os hospitais universitários são campos de formação de profissionais de saúde. Com isso, a Rede Hospitalar Ebserh atua de forma complementar ao SUS, não sendo responsável pela totalidade dos atendimentos de saúde do país.
Coordenadoria de Comunicação Social da Rede Ebserh/MEC com informações do HUFs