Notícias
RESISTÊNCIA DE FUNGOS
Projeto multicêntrico estudará no Nordeste fungos que causam infecções em hospitais
Brasília (DF) – Um projeto de pesquisa multicêntrico detectará fungos que causam infecções em pacientes hospitalizados em ambientes de assistência à saúde do Nordeste brasileiro. Serão feitos o monitoramento, o controle e a prevenção da resistência dos micro-organismos. O estudo envolverá os Dermatófitos e as espécies de Sporothrix, no caso das micoses superficiais e subcutâneas, além de leveduras do gênero Candida em infecções profundas.
O projeto “Laboratório de Vigilância da Resistência a Antifúngicos (Vigia): rede integrada para detecção, monitoramento, controle e prevenção da resistência em ambientes de Assistência à Saúde no Nordeste brasileiro”, está sendo coordenado pela professora Rossana Cordeiro, da Universidade Federal do Ceará (UFC) e é formado por uma rede pesquisadores.
As espécies fúngicas a serem estudadas se relacionam com o tipo de serviço que o hospital participante possui, conforme explicou a professora. “No caso dos hospitais universitários, em que há serviços de dermatologia, além de UTIs e CTIs, será investigada a resistência em fungos causadores de micoses superficiais, bem como leveduras isoladas do sangue de pacientes internados, respectivamente”, disse Rossana.
O projeto que envolve bolsistas de iniciação científica e especialistas terá diversas etapas do estudo sendo desenvolvidas, simultaneamente, por alunos de mestrado e doutorado em Programas de Pós-graduação de Instituições de Ensino Superior (IES) no Nordeste.
Ações
“Embora a problemática da resistência aos antifúngicos já tenha sido abordada por diversos pesquisadores nacionais, os dados oriundos da Região Nordeste - que contém aproximadamente 30% da população nacional - são fragmentados e escassos”, disse a professora Rossana Cordeiro, que é da área de Microbiologia. Ela esclarece, ainda, que esse projeto pretende, pela primeira vez, juntar esforços com pesquisadores do Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Bahia, com a finalidade de traçar um perfil da resistência aos antifúngicos em microrganismos obtidos de infecções graves. Serão investigados os fungos obtidos de pacientes hospitalizados em instituições públicas e/ou aqueles com leitos no Sistema Único de Saúde (SUS).
Em cada instituição, um grupo de pesquisadores se dedicará ao levantamento retrospectivo da resistência provável (a partir de dados de prontuários e exames laboratoriais) ocorridos nos últimos cinco anos. Será também investigada a presença de resistência antifúngica em uma análise prospectiva, com duração de 24 meses.
A coordenadora do projeto expôs que será realizada uma caracterização molecular da resistência dos fungos, para que se possa compreender os principais mecanismos envolvidos em escala regional. Outro objetivo esperado, segundo ela, é a geração de um banco de dados com informações que possam ser acessadas por outros pesquisadores, para divulgação dos estados do Nordeste que apresentam resistência aos fungos, além dos mecanismos moleculares envolvidos, para o conhecimento desse resultado.
A rede
Da rede de hospitais vinculados à Ebserh, participam o Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão (HU-UFMA), o Hospital Universitário Lauro Wanderley da Universidade Federal da Paraíba (HULW-UFPB), o Hospital Universitário Alcides Carneiro da Universidade Federal de Campina Grande (HUAC-UFCG), o Hospital Universitário Onofre Lopes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Huol-UFRN), o Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC-UFC) e o Hospital Universitário Professor Edgard Santos da Universidade Federal da Bahia (Hupes-UFBA).
Também atuam pesquisadores das seguintes instituições: Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar; Santa Casa da Misericórdia de Sobral; Universidade Estadual do Vale do Acaraú-UVA (CE); Secretaria da Saúde do Estado do Ceará; Hospital Infantil Albert Sabin-HIAS (CE); Unimed João Pessoa; Hospital de Doenças Infecciosas São José-HSJ/Secretaria de Saúde de Fortaleza e; Sociedade Beneficente São Camilo.
Na rede do projeto, alguns laboratórios ficarão responsáveis pela etapa de análise para detectar quais são os genes que podem estar associados à resistência observada em laboratório, nas clínicas e nos tratamentos. Dessa forma, todas as informações obtidas com as análises serão compartilhadas com a rede e, consequentemente, com as unidades hospitalares, permitindo elaborar uma melhor estratégia para a assistência dos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) no combate às resistências aos fungos estudados.
O professor Egberto Santos Carmo, orientador do projeto no HUAC-UFCG, onde o foco da pesquisa serão os fungos do gênero Candida, complementa que com o estudo poderão ser conhecidas, por exemplo, quais são as principais espécies; em quais antifúngicos está a resistência maior; quais são os genes de resistência; e, a partir dessas informações, será possível estabelecer estratégias de combate mais apropriadas. “Com estudos na universidade, é possível descobrir extratos de plantas, óleos essenciais ou substâncias sintéticas que serão testadas contra esses micro-organismos resistentes, podendo ser transformados em fármacos que no futuro poderiam chegar nas prateleiras de farmácias como opção terapêutica”, disse o professor que é Doutor na área de Farmacologia.
Felipe Guerra, professor da UFPB, que atuará na pesquisa no HULW, complementou que além da criação de uma micoteca com microrganismos resistentes para bioprospecção de novos antimicrobianos, serão elaborados relatórios para a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar de cada instituição, a fim de auxiliar no estabelecimento de protocolos, diretrizes e metas que visem ao controle da emergência e disseminação da resistência antifúngica.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Rosenato Barreto, com revisão de Felipe Monteiro
Coordenadoria de Comunicação Social