Projeto desenvolvido na pediatria do HU-UFMA deixa ambiente mais lúdico e acolhedor

São Luís (MA) - Transformar as áreas de atendimento em espaços interativos e inspiradores, onde as paredes dão lugar à arte e à imaginação foi o objetivo do projeto de ambientação realizado na Pediatria do Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão (HU-UFMA), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). Ele ganhou forma após um projeto cultural, de iniciativa do Grupo de Trabalho de Humanização em 2021, em que colaboradoras se candidataram como rainhas caipiras e conseguiram arrecadar mais de 51 mil reais. A rainha vencedora escolheu destinar o valor para a ambiência do ambulatório pediátrico, do centro cirúrgico infantil e das alas da pediatria.

Uma das que ficaram muito felizes com o colorido das paredes foi a Helena Campos, de 4 anos, que está internada na ala pediátrica da Unidade Materno Infantil há 15 dias. Ela entrou na brincadeira e interagiu com os desenhos nas paredes. Ora olhou o telescópio, ora foi abduzida pela nave espacial. O sorriso no rosto não nega como ela estava contente em viver a experiência. A cada foto, Helena pedia para conferir o resultado. “Eu gosto muito dos desenhos, meu preferido é o dinossauro”, falou com o olhar cheio de inocência e leveza.

A pintura artística foi realizada em 2022 e com ela houve a transformação para um ambiente mais acolhedor, agradável e lúdico para os pequenos pacientes, proporcionando uma experiência mais leve e menos traumática em seus momentos de internação, exames ou procedimentos médicos. A rainha caipira vencedora do projeto cultural, Vanise Motta, anestesiologista no HU-UFMA, conta a motivação pela escolha da pediatria. “Veio do cuidado paliativo e das crianças que não têm previsão de alta, pois ficam muito tempo internadas e doentes em um ambiente que não era lúdico. A criança que não brinca precisa ao menos conseguir ter uma ambiência. Já queremos ampliar para mais espaços”, relatou.

Processo envolveu pacientes e família

Percorrer pela área da pediatria faz com que a imaginação ganhe força. Uma mistura de cores, formas e desenhos dão um toque especial para que crianças e adultos se deixem levar pelas histórias contadas em forma de arte. Chegar no centro cirúrgico, por exemplo, e se deparar com o fundo do mar reduz a tensão e a frieza que uma parede branca pode proporcionar para quem já está tenso demais com o procedimento que irá fazer.

A enfermeira obstetra da STGQ/Humanização do HU-UFMA e muralista infantil, Conceição Guimarães, foi quem elaborou o projeto de ambiência com pinturas lúdicas nos corredores da pediatria do HU-UFMA e contou com uma equipe de artistas liderada por Gabi Arruda para a execução do projeto.

Segundo Conceição, foi uma experiência muito especial. Foi um processo de semanas conversando com as crianças internadas e com seus pais, fazendo o estudo de cores e temas, tudo para proporcionar um ambiente mais acolhedor e alegre para os pequenos que passam por momentos desafiadores e que estão longe do convívio familiar, da escola, das brincadeiras. “Ver cada criança entusiasmada, dando ideias do que eles queriam ver pintado nas paredes foi muito motivador e assim nasceu o projeto Humanizarte. Um projeto que tem como base a Política Nacional de Humanização (PNH), com o dispositivo ambiência. Foi uma experiência única”, reforçou.

A paciente Emilly Vitória, de 9 anos, quando questionada sobre qual desenho mais gostou, respondeu timidamente: da árvore. E quando foi pedido para dizer o porquê, ela prontamente respondeu: porque me lembra manga, uma fruta que gosto muito. Ela passa o dia desenhando no hospital e se deparar com a pintura na parede a motiva ainda mais.  

Arte como aliada no auxílio ao cuidado

Não é preciso muito para proporcionar a diferença em um atendimento. A ambiência traz isso à tona. De acordo com a PNH, essa ambiência é justamente um ambiente físico, social, profissional e de relações interpessoais que deve estar relacionado a um projeto de saúde voltado para a atenção acolhedora, resolutiva e humana, o que engloba entre tantas outras coisas, transformar espaços em lugares mais humanizados, que permitam experiências mais positivas dos pacientes.

“Acredito que a arte é uma poderosa aliada para auxiliar no cuidado. Vai além de elementos visuais e cores, permite que as crianças se sintam envolvidas e estimuladas, proporcionando um refúgio de imaginação e esperança em meio às circunstâncias difíceis que enfrentam”, disse. As artes nos corredores da pediatra ajudam a transformar a experiência hospitalar, não só para crianças como também para profissionais. “Sinto muita satisfação em ver os profissionais interagindo com as pinturas. Então, o resultado do projeto foi além do esperado” conclui Conceição Guimarães.

Por Danielle Morais com revisão de Andrew Costa e Danielle Campos

Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh