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Julho Amarelo
Profissionais da Rede Ebserh alertam para a importância da prevenção, do diagnóstico precoce e do tratamento das hepatites virais
Tanto a vacina como o teste rápido estão disponíveis nas unidades básicas de saúde
Fortaleza (CE) – Por ser uma doença assintomática e não aparecer nos exames de rotina feitos anualmente, a hepatite B só é identificada em teste específico. Por tudo isso, a campanha Julho Amarelo, que alerta para a importância da prevenção, do diagnóstico precoce e do tratamento das hepatites virais mais comuns, que são aquelas causadas pelos vírus A, B e C, chama a atenção, em 2022, para a necessidade da vacina e da testagem.
Tanto a vacina como o teste rápido estão disponíveis nas unidades básicas de saúde. “O resultado do teste sai em 30 minutos, a partir de uma gotinha de sangue que se tira da ponta do dedo. Tudo muito simples e rápido”, tranquiliza Elodie Hyppolito, médica hepatologista do Serviço de Transplante Hepático do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), do Complexo Hospitalar da UFC/Ebserh.
A hepatite B é uma doença transmitida, principalmente, por meio do sexo. Outra forma de transmissão importante é a de mãe para filho, no parto ou durante a gestação. Também pode ser transmitida pelo sangue, sendo essa também a principal forma de transmissão da hepatite C. Portanto, pessoas que realizaram transfusões de sangue antes de 1993 (ano em que esse vírus foi descoberto), foram submetidas a cirurgias, fizeram tatuagens, usaram drogas, realizaram hemodiálise, assim como profissionais de saúde e maiores de 40 anos são a população-alvo para a testagem dessas doenças.
“Por que 40 anos? Porque a maioria das pessoas com 40 anos ou mais, quando se vacinava ou fazia qualquer procedimento hospitalar, usava seringa não descartável. Então, essas pessoas podem ter se contaminado em atos simples, como tomar uma vacina”, explica Elodie Hyppolito. Com relação ao tratamento, a médica hepatologista faz um alerta: “A imensa maioria só é diagnosticada na fase de cirrose ou de câncer de fígado, muitas vezes, precisando de um transplante hepático, já com ascite (água na barriga), sangramentos, desorientações. É importante diagnosticar antes”, pontua.
Transplante de fígado
Segundo Elodie Hyppolito, a primeira causa de transplante de fígado é a hepatite C, seguido de álcool, esteatose (doença hepática gordurosa) e hepatite B. Foi o caso do funcionário público Nelson Leão Pantoja, de 61 anos. Em Ananindeua, Pará, ele foi diagnosticado com ascite abdominal, cirrose alcoólica e hepatite C. “Passei uns 5 meses em tratamento antes do transplante”, lembra. No último dia 19 de maio, foi transplantado no HUWC. “O que me levou a procurar ajuda médica foi a ascite, a dificuldade de respirar, pele e olhos amarelados e muita fraqueza. A chance de vida para mim era o transplante”, afirma.
Já a hepatite B é uma doença na qual não há cura, mas existe controle e tratamento, que impedem o aparecimento de cirrose e câncer de fígado. “O mais importante da hepatite B é alertarmos a população de que existe vacina gratuita disponível no posto de saúde. Hoje, toda criança que nasce é vacinada, mas quem tem mais de 40 anos e não sabe se está vacinado deve procurar uma unidade básica de saúde”, recomenda a especialista.
“Como a vacina para a hepatite B faz parte do calendário vacinal, ela não falta. Se eu tomar hoje, faço a segunda dose com 30 dias e a terceira, com 6 meses. Há vacina também para a hepatite A, mas só é ofertada para grupos de risco, como os imunossuprimidos, por ser uma doença muito benigna”, esclarece.
Ainda de acordo com a hepatologista, a meta da OMS é erradicar a hepatite C até 2030. “Erradicar é diminuir em 95% os casos novos; diagnosticar 80% dos pacientes doentes; e tratar, pelo menos, 65% dos diagnosticados até 2030. É perfeitamente factível se a gente conseguir que o paciente lá da ponta tenha acesso às informações de prevenção, tratamento e controle”, finaliza.
Com informações do HUWC-UFC/Ebserh