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4 de fevereiro – Dia Mundial
Prevenção, diagnóstico precoce e tratamento adequado aumentam chance de combate ao câncer
No Brasil, em 2020, foram registrados mais de 65 mil homens com câncer de próstata e 66 mil mulheres com câncer de mama, segundo o Inca
Fortaleza (CE) – Aos 39 anos, em setembro de 2020, Jackcélia Santos identificou a presença de um nódulo no seio direito por meio do autoexame, confirmado pelos exames de imagem. Notando que, meses depois, o abdômen começou a crescer, em investigação médica, também descobriu um câncer no apêndice. A partir dos diagnósticos, ela começou rapidamente a fase de tratamentos em busca da cura por meio de quimioterapias e cirurgias. A paciente permanece sendo acompanhada pela Maternidade-Escola Assis Chateaubriand (Meac), vinculada à Rede Ebserh/MEC, sendo um dos casos que demonstram a importância do “Dia Mundial do Câncer”, instituído na data de 4 de fevereiro de 2005 pela União Internacional para o Controle do Câncer (UICC), com incentivo da Organização Mundial de Saúde (OMS), como uma forma de conscientizar sobre a importância da prevenção, do diagnóstico precoce e do tratamento adequado.
No Brasil, em 2020, foram registrados mais de 65 mil homens com câncer de próstata e 66 mil mulheres com câncer de mama, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA/Ministério da Saúde). Estes são os dois tipos que mais se apresentam na população brasileira.
O corpo humano é formado por células que trabalham de forma coordenada, constantemente se dividindo e sendo responsáveis pelo bom funcionamento do organismo. O surgimento do câncer ocorre quando esse movimento de divisão e crescimento das células ocorre de maneira desordenada, tendo a capacidade de se espalhar para outras áreas. Essa é, inclusive, a principal diferença entre um tumor benigno e um câncer. No primeiro caso, não se observa um crescimento ou alcance de outras regiões do corpo, ao contrário do câncer. Por isso, quanto mais precocemente forem identificadas e tratadas as células cancerígenas, maiores as chances de cura.
No Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), que compõe, juntamente com a Meac o Complexo Hospitalar da UFC/Ebserh (CH-UFC), o oncologista clínico Duílio Rocha explica que o câncer pode ter formas diferentes de apresentação, com sintomas variados. “Existem, porém, sintomas que podem sinalizar um alerta para uma investigação mais ampla. Por exemplo, uma perda de peso sem causa aparente, uma dor persistente e intensa, enjoos frequentes, vômitos, sangramentos distintos (na boca, na urina, nas fezes, na pele), tosse crônica e lesões de pele”, aponta.
Ainda segundo o oncologista, são diversos os motivos que aumentam a probabilidade do surgimento deste tumor maligno, como questões hereditárias, predisposições genéticas e condições hormonais. Existem situações externas ao indivíduo que favorecem o surgimento da doença, como é o caso do consumo de cigarro que pode levar ao câncer pulmonar, de laringe e de estômago; assim como a constante ingestão de álcool, que pode contribuir com o aparecimento de câncer de cabeça e pescoço e de fígado, principalmente. Também há possibilidade de câncer ser provocado por ação de vírus ou bactérias, como a hepatite, causadora de câncer no fígado e regiões próximas, e o HPV (papiloma vírus humano), responsável pelo câncer de colo de útero.
Como prevenir o surgimento do câncer?
As boas práticas que garantem a manutenção da nossa saúde são favoráveis à prevenção do surgimento do câncer. Recomendações como: evitar consumo de álcool e cigarro; alimentar-se de maneira mais saudável, dispensando a ingestão frequente de processados e industrializados; movimentar o corpo com exercícios físicos; estar atento à exposição solar; além de manter um acompanhamento médico regular para todos os indivíduos, sem que necessariamente esteja sentindo algum sintoma, são essenciais. O oncologista reforça, junto a essas atitudes, que a vacinação também é um passo importante nessa prevenção contra alguns cânceres, como os provocados pela hepatite e pelo HPV, por exemplo.
O diagnóstico precoce também é fundamental para maior chance de cura. Foi isso que salvou a professora Jackcélia. “Eu já era uma pessoa que tinha a preocupação com a prevenção e, por isso, sempre fazia o autoexame. Foi aí que identifiquei que havia algum problema na mama”, disse. A descoberta do câncer de apêndice também aconteceu de forma rápida porque, assim que percebeu o inchaço na região, ela buscou ajuda médica.
Para que o câncer seja descoberto ainda no início, é preciso facilitar o acesso à assistência médica e a exames que fazem esse rastreamento, destaca Duílio Rocha. O exame de prevenção ginecológica, por exemplo, é estratégico de detecção do câncer do colo do útero, recomendado para toda mulher com vida sexual ativa, a partir dos 25 anos. Já os tumores de mama podem ser diagnosticados por mamografia; e o exame de próstata, orientado de forma regular para os homens a partir dos 50 anos, também auxilia na identificação antecipada de um possível câncer.
As vias de tratamento
O tratamento do paciente oncológico precisa ser multidisciplinar, com parceria de especialidades clínicas e, quando necessário, também cirúrgicas. As estratégias mais comuns para combater o tumor são a radioterapia (via radiação), quimioterapia (via medicamento com possibilidade de administração oral, muscular, sobre a pele, pela veia ou espinha dorsal), a imunoterapia, tratamento hormonal e cirurgias. O diagnóstico individualizado do paciente determinará a ação adequada para cada momento do tratamento.
No CH-UFC/Ebserh, por exemplo, essas intervenções medicamentosas são realizadas (com exceção da radioterapia), assim como atuação cirúrgica no tratamento de diversos tipos de câncer. De maneira expressiva, citam-se as áreas de cirurgia de cabeça e pescoço, mastologia, coloproctologia, transplante hepático e de medula óssea. Além disso, por serem hospitais universitários, o tratamento é auxiliado pela área de pesquisa em trabalho em conjunto com pesquisadores clínicos, situação que busca ampliar a possibilidade de estratégias inovadoras.
No caso de Jackcélia, todos os exames necessários para seu diagnóstico e tratamento foram feitos no Complexo (mamografias, tomografias, ultrassonografias, pulsão e biópsias) e a cirurgia de retirada da mama direita (mastectomia) ocorreu em janeiro deste ano. Em fevereiro, serão retomadas as sessões de quimioterapia. Ela já havia realizado uma cirurgia no abdômen para retirada dos tumores nessa região. Está sendo estudada a possibilidade de uma cirurgia de profilaxia da mama esquerda. “Apesar de toda essa luta, sigo firme e nos tratamentos, tentando ao máximo melhorar minha qualidade de vida. Não é fácil, mas não posso desistir”, declarou.
Sobre a Rede Ebserh
O Complexo Hospitalar da UFC faz parte da Rede Ebserh desde novembro de 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) foi criada em 2011 e, atualmente, administra 40 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência.
Essas unidades hospitalares, que pertencem a universidades federais, têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), e, principalmente, apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas.
Devido a essa natureza educacional, os hospitais universitários são campos de formação de profissionais de saúde. Com isso, a Rede Ebserh atua de forma complementar ao SUS, não sendo responsável pela totalidade dos atendimentos de saúde das regiões em que os hospitais estão inseridos, mas se destacam pela excelência e vocação nos procedimentos de média e alta complexidades.
Com informações do Complexo Hospitalar da UFC/Ebserh