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SETEMBRO AMARELO
Precisamos falar sobre esse importante problema de saúde pública: suicídio
A doença mental está presente em mais de 95% dos casos de comportamento suicida
Brasília (DF) - Na correria do dia a dia, por vezes não conseguimos olhar com atenção e empatia para nós mesmos ou para quem está ao nosso lado. Mas já parou para pensar que não precisa lidar com os problemas sozinho? Que pode, e deve, procurar ajuda sempre que desejar? Já se deu conta que um ombro amigo pode mudar os rumos da vida de alguém? O mês de setembro chama a atenção para um tema delicado, mas que precisa ser amplamente discutido: a prevenção ao suicídio. Este ano, o tema da Campanha Nacional é “Se precisar, peça ajuda!”.
A última pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2019, revelou que foram registrados mais de 700 mil suicídios em todo o mundo, fora os casos subnotificados. Incentivando a preservação da vida, a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), que gerencia 41 hospitais universitários do país, conta com unidades aptas a oferecer atendimento humanizado e disponibiliza protocolos e manuais com foco na segurança dos pacientes e profissionais.
Como parte da campanha Setembro Amarelo e em comemoração ao Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, 10 de setembro, ao longo do mês estão sendo realizadas ações de sensibilização em toda a Rede Ebserh. O capelão do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap-UFMS/Ebserh), Edilson dos Reis, reforça que é preciso ter um diálogo franco e fraterno em todos os dias do ano. “Assim, nós abrimos oportunidade para que as pessoas falem da sua dor, seja porque estão passando por um processo de perda, luto, sofrimento, angústia, dor psíquica ou emocional, quebrando um paradigma e, principalmente, o estigma social diante desse tema”, enfatiza.
Sinais de alerta
Pessoas com pensamentos suicidas podem se apresentar com humor deprimido, maior isolamento e menor predisposição para as suas atividades habituais, incluindo trabalho, lazer e socialização. O psiquiatra do Hospital Universitário da Univasf (HU-Univasf/Ebserh), Godson Teixeira, alerta que a doença mental está presente em mais de 95% dos casos. “Ainda que não haja diagnóstico estabelecido, ressaltamos que o sofrimento mental intenso é o responsável pela ideação suicida. O tratamento envolve abordagem em serviços de urgência e emergência durante a crise intensa, resguardando a vida da pessoa. Os sintomas e adoecimentos mentais devem sempre ser abordados pela equipe de saúde mental, incluindo médico psiquiatra e psicólogo”, afirma.
O psiquiatra reforça que, ao ser percebido o risco de suicídio, a pessoa em sofrimento deve ser acolhida com empatia e compreensão. “Não devem ser realizados julgamentos morais ou religiosos, mas apontar alternativas que incluam necessariamente o cuidado em saúde mental”, destaca. A equipe de saúde mental do HU-Univasf aborda as internações decorrentes de crise suicida de modo interdisciplinar, garantindo o cuidado intra-hospitalar e o encaminhamento da pessoa atendida.
Estão sendo desenvolvidos estudos de prevalência e, até o momento, os dados levantados internamente demonstram que 164 pessoas foram admitidas no HU-Univasf por tentativa de suicídio no ano de 2022, o que demonstra a relevância do tema no contexto regional. O hospital realiza campanhas anuais regulares sobre a temática e, neste ano, lançará um vídeo internamente com a proposta de chamamento para a discussão entre os colaboradores.
Olhar para o colaborador
Em Manaus, o Hospital Universitário Getúlio Vargas, da Universidade Federal do Amazonas (HUGV-Ufam/Ebserh) desenvolveu um Protocolo de Prevenção ao Suicídio com base em outros documentos já existentes na rede Ebserh. “Acredito que esse protocolo irá nortear as intervenções da equipe de prevenção, pois estabelece critérios para identificar e classificar o risco, visando a prevenção ao suicídio para trabalhadores do HUGV”, explica a chefe da Unidade de Desenvolvimento de Pessoal (UDP), Geruza Menezes, que juntamente com outros profissionais produziu o protocolo.
A equipe da UDP do HUGV apresentou neste mês o documento aos profissionais dos diferentes vínculos. “Espera-se que os funcionários fiquem atentos aos sinais de alerta relativos ao fenômeno do suicídio, disseminem a existência do protocolo entre os colegas de trabalho e sugiram o atendimento a quem dele venha precisar”, acrescenta.
Em Campo Grande, o Humap conta com psicólogos organizacionais na linha de frente para verificar a situação emocional do colaborador. Há também o trabalho da capelania dentro do hospital, que é eficaz na primeira escuta e aconselhamento. A instituição também faz os devidos encaminhamentos para tratamento com psicólogo e psiquiatra, quando necessário. “É um trabalho contínuo de palestras e de capacitação das pessoas, no sentido de mobilizá-las e fazê-las entender que existe um espaço para a escuta. E principalmente, a necessidade de a pessoa saber que pode procurar ajuda com os profissionais disponíveis no hospital”, explica o capelão Reis.
Olhar para o paciente
Em Santa Catarina, o Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago, da Universidade Federal de Santa Catarina (HU-UFSC/Ebserh), possui, desde 2021, um Manual de Avaliação e Prevenção do Suicídio Intra-hospitalar, construído de forma coletiva e multiprofissional pelos integrantes do Grupo de Trabalho de Prevenção ao Suicídio Intra-hospitalar (GT-PSI), vinculado ao Comitê de Segurança do Paciente (Cosep).
Ele orienta profissionais para os cuidados básicos e ampliados aos pacientes desde a sua entrada no hospital, estabelecendo estratégias para a prevenção ao suicídio intra-hospitalar. Também estão sendo realizadas adequações em alguns quartos para reduzir o risco de suicídio e prevenir esses eventos, como por exemplo: limitação de fechamento de janelas, retiradas de materiais pontiagudos e trocas de espelho. “É uma melhor ambientação dos espaços com foco na segurança do paciente e da própria equipe”, ressalta o chefe da Unidade de Saúde Mental, Deidvid de Abreu.
Ao longo do mês, são realizados momentos de discussão, como: “Prevenção ao Suicídio Intra-hospitalar: desafios à gestão de riscos assistenciais” e “Serviço de Saúde Mental: potencialidades e desafios”, com a participação de profissionais de saúde mental representando os municípios de Florianópolis, São José, Palhoça e Biguaçu.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Danielle Morais com revisão de Letícia Justos e Danielle Campos
Coordenadoria de Comunicação Social