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Prevenção
Pessoas com doenças hepáticas devem monitorar risco para câncer de fígado, advertem profissionais da Rede Ebserh/MEC
As médicas alertam sobre a importância do rastreamento para diagnóstico desse tipo de tumor
Uberaba (MG) – O câncer hepático é uma doença discreta e frequentemente negligenciada pela população brasileira e mundial, a ponto de ser objeto de campanhas de esclarecimento e prevenção no país e no exterior. No Hospital de Clínicas da UFTM (HC-UFTM), vinculado à Rede Ebserh/MEC, a médica hepatologista e gastroenterologista Geisa Gomide e a gastroenterologista Ana Flávia Chiovato trabalham em conjunto atendendo pacientes com cirrose e hepatite B,no Ambulatório de Nódulos Hepáticos. A unidade foi criada no início de 2020, suspensa devido à pandemia de covid-19 e retomada em maio de 2021, com o intuito de diagnosticar o tumor precocemente.
As médicas alertam sobre a importância do rastreamento para diagnóstico desse tipo de tumor. “Esse tipo de câncer não avisa quando já está agindo no corpo. Todavia, duas evidências acendem o alerta: ter cirrose ou hepatite B”, esclarece Gomide, que complementa a respeito das doenças hepáticas que podem evoluir para a neoplasia. “Não basta apenas tratar, tem de fazer o acompanhamento. Por isso, é importante que a população fique atenta aos hábitos e, caso necessário, busque tratamento o quanto antes”.
O paciente cirrótico grave tende a frequentar o consultório com regularidade, e isso facilita o rastreamento do câncer hepático. O risco maior estaria no indivíduo com cirrose ou quadros de hepatite menos graves, resultando em acompanhamento ambulatorial pouco frequente. “Esse é o perigo: apesar de ter problema no fígado, a pessoa consulta o médico uma vez e acha que não tem problema de saúde. Casos assim são de difícil cura, pois chegam tardiamente ao atendimento, e isso faz com que o nódulo aumente consideravelmente e não seja mais tratável”, adverte a especialista.
Para a hepatologista, a hepatite B deve ser entendida como traiçoeira, pois há pacientes nos quais a forma de manifestação da doença não requer tratamento, afastando o portador dos retornos agendados. “Quem tem cirrose ou o vírus da hepatite B, mesmo se sentindo assintomático, precisa fazer os exames periódicos”, enfatiza.
A necessidade da vacinação
De acordo com a Sociedade Brasileira de Patologia, o alcoolismo é uma causa de cirrose, e a obesidade acompanhada de diabetes e de pressão alta são fatores que predispõem a condições que podem evoluir para a cirrose. As causas podem ser genéticas, infecciosas ou por hábito.
Segundo Chiovato, a hepatite B é uma importante causa do tumor no fígado e é preciso reforçar a vacinação contra a doença, principalmente na população adulta acima de 40 anos, pois o público dessa faixa etária não teve acesso ao benefício quando criança ou mais jovem. “Qualquer pessoa pode procurar uma unidade de saúde e pedir para fazerem a aplicação da vacina, ficando protegida contra duas doenças causadoras do câncer de fígado”, orienta.
Sobre o fluxo de atendimento, Chiovato pontua que o principal objetivo é fazer o diagnóstico para diferenciar se existe uma lesão benigna ou maligna. A depender do estágio da doença, há diferentes tipos de tratamento a serem oferecidos, com maior chance de cura nos casos precoces. “Por isso é importante a conscientização daquele paciente que já tenha uma doença no fígado, para que a gente possa fazer a detecção o mais rápido possível”, finaliza.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), entre 2018 e 2019 ocorreram 21,4 mil óbitos no Brasil por câncer de fígado e vias biliares intra-hepáticas. Desse total, 58,2% das mortes foram de homens.
Sobre a Rede Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) foi criada em 2011 e, atualmente, administra 40 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência.
Essas unidades hospitalares, que pertencem a universidades federais, têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), e, principalmente, apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas.
Devido a essa natureza educacional, os hospitais universitários são campos de formação de profissionais de saúde. Com isso, a Rede Ebserh atua de forma complementar ao SUS, não sendo responsável pela totalidade dos atendimentos de saúde das regiões em que os hospitais estão inseridos, mas se destacam pela excelência e vocação nos procedimentos de média e alta complexidades.
Com informações do HC-UFTM/Ebserh/MEC