Notícias
Conscientização
Pesquisas sobre a Doença de Chagas são conduzidas em hospitais da Rede Ebserh
Barbeiro é o hospedeiro do protozoário trypanosoma cruzi
Brasília (DF) – Causada pelo protozoário trypanosoma cruzi, a Doença de Chagas é transmitida por meio das fezes do seu hospedeiro, o barbeiro, quando elas entram no organismo humano. A infecção também pode ocorrer por transfusão de sangue contaminado e durante a gravidez, de mãe para filho. Soma-se a esse quadro, segundo Relatório Epidemiológico do Ministério da Saúde, a ocorrência de casos e surtos por transmissão oral pela ingestão de alimentos contaminados, como caldo de cana, açaí, bacaba e outros.
Quando aguda, a doença pode provocar febre, dor de cabeça, fraqueza, inchaço e uma ferida no local da picada. Os órgãos mais afetados são gânglios, fígado e baço. Já na fase crônica, os pacientes podem ficar assintomáticos por um longo período ou, em outros casos, apresentar sérios comprometimentos, principalmente, no coração e no aparelho digestivo.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estabeleceu o Dia Mundial da Doença de Chagas, celebrado nesta sexta-feira (14), visando conscientizar a sociedade e alertar para a necessidade de aumentar as ações de vigilância e melhorar a detecção precoce e a atenção clínica. Em alguns hospitais universitários federais vinculados à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), são realizadas pesquisas sobre a doença.
Pesquisas
O Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC-UFG) possui um serviço especializado de diagnóstico e tratamento aos portadores da doença desde 1978, o Núcleo de Estudos da doença de Chagas (NEDOCH). Ele é composto pelo Laboratório de Chagas e o Ambulatório de atendimento ao chagásico, onde são assistidos mais de seis mil pacientes.
No Laboratório de Chagas são desenvolvidas pesquisas na área com colaboradores de centros nacionais e internacionais. A instituição possui uma soroteca com mais de 36 mil soros armazenados em congeladores e câmara fria, muitos conservados há mais de 20 anos. Além disso, participa do Programa de Qualidade dos Bancos de Sangue em todo o Brasil, gratuito e coordenado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Em Uberada (MG), no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC-UFTM), está em andamento um estudo clínico para avaliar a eficácia do uso de uma medicação, já disponível no mercado, para insuficiência cardíaca e disfunção ventricular causadas por Doença de Chagas. O objetivo é avaliar a eficácia da droga no controle especificamente dessa doença. Para isso, o Núcleo de Estudos Clínicos (NEC) do HC-UFTM está recrutando pacientes com os diagnósticos acima para participarem da pesquisa. Os interessados podem entrar em contato com o NEC por meio do telefone (34) 9 9691-9184.
Outras duas pesquisas, com resultados já divulgados, debruçaram-se na busca por novos conhecimentos sobre a doença. O primeiro estudo, publicado na Frontiers in Immunology, revista especializada em ciências da saúde e ciências biológicas, identificou relações entre parâmetros clínicos laboratoriais que possam elucidar novas perspectivas para o prognóstico e o diagnóstico da Doença de Chagas aguda. Diferentes critérios foram mensurados, incluindo hematológicos, bioquímicos (biomarcadores funcionais), inflamatórios (citocinas, infiltrado inflamatório e presença do parasito no tecido cardíaco).
Em outra pesquisa, com participação do HC-UFTM, avaliou-se a resposta imune de pacientes com Doença de Chagas a um medicamento usado para a quimioterapia específica da doença. Publicado no periódico científico Infectionand Immunity, da American Society for Microbiology, o estudo aponta que a progressão para a forma cardíaca e o agravamento da Doença de Chagas, 48 meses após tratamento com o medicamento, está associada com uma maior produção de citocinas inflamatórias, linfócitos T helper 1 (Th1) e menor quantidade de linfócitos T reguladores direcionados aos antígenos do Trypanosoma cruzi, protozoário causador da doença.
Prevenção
A melhor forma de prevenir é combatendo o inseto transmissor, já que não há vacina contra a Doença de Chagas. A sua incidência está diretamente relacionada às condições habitacionais e situação de vulnerabilidade, com acesso restrito a cuidados de saúde, água potável e saneamento. Assim, é importante adotar algumas medidas de protetivas, principalmente em ambientes rurais: cuidado com a conservação das casas, aplicação regular de inseticidas, utilização de telas de proteção em portas e janelas, além de medidas individuais, como o uso de repelente e roupas de mangas longas.
Saiba mais sobre transmissão, sintomas e tratamento da Doença de Chagas.
Sobre a Ebserh
A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo em que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Luna Normand, com revisão de Andreia Pires
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh