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PROTAGONISMO
Pesquisadoras da Rede Ebserh contribuem no avanço da ciência no Brasil
Ebserh celebra protagonismo de mulheres na produção científica dos hospitais da rede. (Fonte: Freepik) - Foto: Photographer: Dragos Condrea
Nesta matéria, você vai ver:
Projeto da dermatologista Tânia Moreno objetiva tornar mais acessível o rastreio do câncer de pele.
Dissertação de mestrado da psicóloga Geórgia Hackradt avalia a saúde sexual feminina.
Neurologista Cláudia Vasconcelos participa de pesquisas dedicadas às doenças desmielinizantes.
Brasília (DF) – Destacar as conquistas femininas e o reconhecimento enquanto produtoras do conhecimento científico! Esse é o ponto alto deste dia 11 de fevereiro, quando celebramos o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, data instituída em 2015 pelas Nações Unidas. A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) conta com o protagonismo de inúmeras mulheres nos 41 hospitais integrados à estatal, que impulsionam seus estudos e transformam a realidade a sua volta. Por isso, de forma ainda mais especial, vamos celebrá-las conhecendo um pouco da trajetória de quatro representantes da Rede pelo país!
Tornando o rastreio de câncer de pele acessível
Às margens do Velho Chico, Tânia Moreno Fernandes dedica-se a pesquisas que traçam um olhar apurado sobre a pele. Ela é professora da Universidade do Vale de São Francisco (Univasf) e pesquisadora no
Hospital Universitário (HU-Univasf), atuando também como médica e preceptora dos alunos de graduação no Ambulatório de Dermatologia. Seu atual projeto, iniciado em março de 2023, com conclusão prevista para março próximo, tem como título “Uso da rede neural artificial em smartphone para treinamento tecnológico para triagem de lesões cutâneas suspeitas de câncer de pele”. O objetivo principal é favorecer o diagnóstico precoce do câncer de pele, tipo de doença prevalente na região pela forte incidência de sol e pela alta exposição de parte da população enquanto trabalha.Inicialmente, os pacientes passam por uma entrevista para que sejam registrados os dados sobre a sua rotina e saúde. Após essa etapa, o aplicativo de inteligência artificial “Model Dermatology”, disponível na internet, é utilizado para análise instantânea de doenças de pele e diagnóstico com precisão elevada. No momento da consulta e com autorização do indivíduo, as lesões cutâneas são fotografadas e o sistema confirma ou não a presença de um câncer, resultado que é comparado com a análise clínica feita pela dermatologista. Este estudo é uma forma de testar a eficácia do recurso e promover seu acesso mais amplo. “Podemos disseminar essa tecnologia para o interior, uma vez que identificamos que o diagnóstico é bastante eficaz”, declarou.
Um olhar voltado para a saúde sexual feminina
Com atenção direcionada para a sexualidade feminina, a psicóloga Geórgia Hackradt está concluindo seu mestrado no Programa em Ciências Aplicadas à Saúde da Mulher, da Maternidade Escola Januário Cicco,
da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (MEJC-UFRN). Sua dissertação investiga a prevalência de disfunção sexual em mulheres atendidas pela MEJC, utilizando dois questionários validados que auxiliam no diagnóstico. Ao todo, 68 pacientes participaram da pesquisa, com achados de prevalência entre 25% e 47% (17 a 32 participantes) das entrevistadas sinalizando alguma disfunção sexual. Houve também relevante associação estatística entre maior prevalência de disfunção sexual e menor grau de escolaridade.A circunstância acende um alerta, explicou a mestranda, para a necessidade de implementação de protocolos de avaliação da satisfação sexual das mulheres pelos profissionais de saúde que as acompanham, a fim de investigar mais profundamente a natureza do problema e determinar o tratamento adequado. “Historicamente, a expressão da sexualidade da mulher é apontada como disfuncional e adoecida, e se seguimos um modelo muito tradicional de diagnóstico, vamos continuar perpetuando antigas crenças. Quando unimos os saberes da Medicina e da Psicologia, temos um outro entendimento sobre o corpo da mulher. A minha pesquisa destaca a importância de se conhecer e, assim, ter mais autonomia, mais domínio sobre a nossa satisfação sexual. Quando nos educamos, adoecemos menos”, refletiu Geórgia.
Aperfeiçoamento de tratamentos para doenças neurológicas
Outra história inspiradora é a de Cláudia Vasconcelos, professora da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio). Lá, ela constituiu toda a sua trajetória profissional, com graduação, mestrado e doutorado, atuando no presente também como coordenadora do Ambulatório de Neuroimunologia/Esclerose
Múltipla e Doenças Desmielinizantes do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle (HUGG-Unirio). Cláudia conduz pesquisas sobre esclerose múltipla, neuromielite óptica e o MOGAD, complexo de doenças associadas à mielina (capa de proteína e gordura que reveste os neurônios permitindo a passagem do impulso nervoso). Seus projetos envolvem a coleta de sangue para análise, com autorização dos pacientes, para investigação do perfil celular, além do perfil epidemiológico (quais pacientes respondem melhor ou pior aos medicamentos, quais efeitos adversos, se há prejuízo cognitivo, fadiga incapacitante etc.).A neurologista também já participou de estudos clínicos para testagem dos medicamentos Fingolimode, Ocrelizumabe, e, mais recentemente, do Fenebrutinibe, todos para o tratamento da esclerose múltipla, além de uma pesquisa em andamento que envolve o desenvolvimento de um aplicativo para treinamento cognitivo de pessoas com dificuldades de memória após infecção do vírus da covid-19. “Estamos envolvidos, constantemente, com temas ligados à saúde neurológica da população, com a finalidade de produzir mecanismos de promoção para o bem-estar dos pacientes”, ressaltou.
Estratégias para mudar a realidade local
Rossana Basso é professora da Fundação Universidade do Rio Grande (Furg) e chefe da Unidade de
Doenças Infecciosas e Parasitárias do Hospital Universitário Dr. Miguel Riet Corrêa Jr. (HU-Furg). Tem se dedicado a pesquisas direcionadas às infecções causadas por protozoários, fungos, bactérias e vírus, especialmente com relação ao HIV e às hepatites virais. Em 2018, participou de um projeto que analisava a histoplasmose, um tipo de infecção por fungo que pode repercutir em diferentes órgãos, bastante subdiagnosticada em pacientes que vivem com HIV, esclareceu ela. Na época, foi feita a proposta de um novo método diagnóstico utilizando antígeno urinário, hoje já disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). Com isso, o diagnóstico era realizado precocemente, aumentando a oferta de tratamento e diminuindo a mortalidade. “Eu costumo dizer que nós - porque nunca fazemos nada sozinhos - temos a característica de realizar pesquisas aplicadas que tragam retorno social. Nós observamos as necessidades da população local e esse é o grande start do nosso serviço. É ofertar ferramentas para, por exemplo, diminuir taxas de incidência e de mortes por diferentes tipos de infecções. Fazemos questão de dar esse retorno à sociedade, em pesquisas e no trabalho assistencial que é feito. Esse é o nosso propósito”, concluiu.Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Marília Rêgo, com revisão de Danielle Campos
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh