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Transtorno de linguagem
Perda ou alteração da fala podem ser sinas de afasia
Afasia é resultado de danos às áreas do cérebro que controlam a linguagem
Brasília (DF) - Frases curtas, incompletas ou que não fazem sentido. Troca de uma palavra pela outra, substituição de fonemas, dentre outras dificuldades de expressão com redução significativa na compreensão oral da linguagem, da leitura e da escrita são alguns sinais de alerta para afasia, transtorno que prejudica a capacidade do indivíduo de se comunicar. Os hospitais da Rede Ebserh possuem profissionais especializados no diagnóstico e tratamento desse distúrbio, que é tema, neste mês, da campanha nacional “Afasia: Quebrando o Silêncio’’ da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia.
A afasia é resultado de danos às áreas do cérebro que controlam a linguagem. O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é a causa mais comum, mas ela também pode ocorrer em decorrência de tumores cerebrais, processos neurodegenerativos ou traumatismos.
“Qualquer condição que acometa o sistema nervoso central nas áreas relacionadas à linguagem pode causar a afasia, que se manifesta por dificuldades na fala, mudez ou até dificuldades mais específicas para repetir, nomear ou escrever. Dependendo da lesão ou acometimento, o paciente pode ser fluente e falante, mas, mesmo assim, apresentar dificuldades para compreender o que lhe é dito ou ter dificuldade em discriminar palavras”, explicou a fonoaudióloga e especialista em linguagem do Hospital Universitário Onofre Lopes (Huol), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Ana Paula Teixeira.
O hospital universitário localizado em Natal (RN) é um dos 41 integrantes da Rede Ebserh e oferece diagnóstico e tratamento para a afasia, fundamentais para que o paciente consiga ter uma boa evolução, resultando em independência comunicativa e qualidade de vida.
“A avaliação fonoaudiológica nas enfermarias acontece sob pedido de parecer médico ou da equipe multidisciplinar. Aplicamos o protocolo de procedimento operacional padrão (POP) para rastreio de habilidades cognitivo-linguísticas. Após o direcionamento positivo, utilizamos uma avaliação resumida de linguagem a beira leito para elucidar sobre o tipo de afasia e orientar os profissionais envolvidos e os acompanhantes sobre estratégias de comunicação e formas de estimular o indivíduo de maneira mais assertiva”, explicou.
Tratamento
O tratamento é primordial para a independência comunicativa. No entanto, deve-se ter cuidado ao usar a palavra cura, conforme explica a fonoaudióloga do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC-UFMG/Ebserh), localizado em Belo Horizonte (MG). “Em primeiro lugar, deve-se considerar a causa. Quando ocorre em decorrência de um AVC pequeno, por exemplo, há grande possibilidade de o indivíduo recuperar totalmente o uso da linguagem. Já nas lesões maiores, a melhora é inegável, mas não necessariamente com a reversão total do déficit. Entretanto, quando a afasia é manifestada por uma doença neurodegenerativa, como nas afasias progressivas primárias, a cura não é possível, mas a intervenção fonoaudiológica ajuda muita na independência comunicativa e qualidade de vida”, explicou a especialista.
Na unidade hospitalar, o atendimento aos pacientes com a condição inicia-se no Pronto Atendimento, podendo ter continuidade nas unidades de terapia intensiva ou na enfermaria. Após receberem alta hospitalar, e caso seja necessário, o acompanhamento é realizado no Ambulatório de Fonoaudiologia, por meio de sessões de terapia individuais e em grupo.
Conscientização
Junho é o mês de conscientização da afasia. (Essa informação já se encontra no final do primeiro parágrafo). O HC-UFMG e a Faculdade de Medicina da UFMG promoveram uma série atividades de conscientização, nesta segunda (19), na praça do Campus Saúde da UFMG, dentro da campanha institucional "Afasia: por quem tem e quem convive".
Foram expostos cartazes produzidos pelos pacientes e familiares do Ambulatório de Fonoaudiologia contando sua experiência e história; lançado o manual de orientação “Manual da Afasia”, produzido pelos alunos do Projeto de Extensão EstimulAÇÃO; e oferecidas informações e orientações aos transeuntes.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Redação: Luna Normand com revisão de Andrew Costa