Notícias
JULHO AMARELO
Pacientes de hospitais da rede Ebserh relatam superação de hepatites virais
Brasília (DF) – Em 28 de julho é celebrado o Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais, instituído pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2010. A data alerta sobre as consequências das inflamações do fígado causadas por cinco tipos de vírus: A, B, C, D e E, estando os tipos B e C como meta de erradicação até 2030 pela OMS. A falta de informação pode distanciar a extinção desses vírus, por isso a importância de estimular a testagem para descobrir e cuidar adequadamente, conforme comprovam pacientes de hospitais vinculados à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) que identificaram a infecção e passaram pelo tratamento.
Augusto Márcio Salomão tem 64 anos e estava numa luta de quase 13 anos contra a hepatite C. Seu primeiro diagnóstico foi em 2010, depois de muito buscar opinião médica sobre as bolhas que surgiam em suas mãos, pensando ser um problema dermatológico. Esse foi o seu principal sintoma, além da perda de peso e cansaço. Na época, com 51 anos, fez o teste que diagnosticou a doença, junto a uma ultrassonografia que mostrava o estado debilitado do seu fígado. Ele, então, foi encaminhado para o Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (Humap-UFMS), onde realizou seu primeiro tratamento por um ano, conciliando os medicamentos contra o vírus C e a epilepsia (alteração do funcionamento cerebral), enfermidade que Augusto possui e que desafiava o tratamento pela interação entre as substâncias.
Anos depois, em setembro de 2022, o aposentado voltou a sentir aqueles sintomas que já indicavam a reinfecção. “A equipe sempre foi muito persistente no tratamento da doença e eu também queria ficar curado. Tudo que me foi indicado, fiz”. Ele voltou ao Humap-UFMS para um novo tratamento e, em junho de 2023, recebeu o tão esperado resultado dos exames que sinalizaram a ausência do vírus.
O infectologista do Humap-UFMS Henrique Shiroma esclareceu que as hepatites B e C têm uma tendência a cronificar, ou seja, ficar mais de seis meses no organismo, por isso o tratamento deve ser persistente para combatê-los a fim de que não evoluam para uma cirrose ou câncer. Além dos sinais que Augusto apresentou, o amarelão (icterícia), dor abdominal, náuseas, vômitos são outros sintomas que aparecem, em geral, quando a inflamação já está avançada, contou o especialista.
Pode ser uma doença silenciosa
As hepatites virais, de maneira mais frequente, são silenciosas, especialmente no início. Foi o caso de Adriana Quintiliano, de 59 anos, que não imaginava ter portado o vírus. Ela contou que não tinha sintomas, mas que a sobrinha a incentivou a buscar atendimento médico para um check-up porque sentiu seu olhar abatido. Isso aconteceu há 15 anos, em 2008, e, graças a essa ida, Adriana descobriu que estava com hepatite C e pôde realizar o tratamento pelo Ambulatório Maria da Glória, do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC-UFTM/Ebserh). O vírus persistiu e ela precisou fazer um segundo momento de intervenção, mas, pelo desenvolvimento da Síndrome de Stevens-Johnson (processo inflamatório da pele), teve que ser suspenso. Em 2015, com a chegada de medicamentos modernos ao Brasil, Adriana fez, durante seis meses, o novo tratamento que a curou. “Eu não desanimei e fui até o fim. Fui diagnosticada e tratada graças ao Sistema Único de Saúde”, falou. Desde então, seus exames são negativos para hepatite C. A gastroenterologista do HC-UFTM Geisa Gomide foi quem acompanhou esse processo de diagnóstico e tratamento de Adriana, e permanece atendendo-a periodicamente. Os testes e medicamentos, assim como a vacinação, estão disponíveis na rede do SUS, destacou Geisa.
Contra estigmas
A luta da campanha do mês de julho e, mais especificamente do dia 28, é contra os vírus causadores das inflamações no fígado, mas também pelo combate à desinformação e ao preconceito sobre este tema. Muitos desconhecem a doença, ou não querem fazer o exame por algum receio social de dar positivo. “O Dia Mundial de Luta é muito importante porque hoje temos métodos diagnósticos acessíveis e tratamentos eficazes”, reforçou Henrique Shiroma.
Geisa Gomide complementou que as hepatites virais não são transmissíveis pelo contato através do beijo, abraço, aperto de mão. As hepatites A e E são transmitidas via oral e fecal, por meio do contato com água e alimentos contaminados. Já as hepatites B, C e D são transmissíveis entre mãe e filho (gestação e parto), pelo sangue na utilização de agulhas, tesouras e alicates contaminados e pela atividade sexual desprotegida. Isto, portanto, desmistifica a ideia de que um paciente com hepatites virais transmite para outros indivíduos pelas gotículas do ar, como uma gripe. Mais esclarecimentos sobre as hepatites virais estão sendo, ao longo do mês, reforçadas pela Ebserh e pelos hospitais ligados à estatal, conforme está sinalizado na matéria já publicada no site.
Junto a essa percepção, como paciente que vivenciou essa dificuldade de compreensão das pessoas, Augusto ressaltou que “a presença da família é muito importante no nosso restabelecimento”, contanto sobre o apoio que recebeu de sua esposa, Maria Lúcia, durante esse processo. Já Adriana destacou a importância de que todos possam fazer o teste para hepatites, sem medo ou vergonha: “Façam o teste e, se der positivo, iniciem o tratamento. Precisamos estar livres desses vírus, tentar erradicá-los”.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Marília Rêgo, com revisão de Danielle Campos
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh