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PREVENÇÃO E COMBATE
Novo plano de ação prevê reduzir impactos da dengue e outras arboviroses no Brasil
Brasília (DF) – Para diminuir os números de casos e óbitos por dengue, chikungunya, Zika e oropouche no próximo período sazonal no Brasil, o Governo Federal lançou, nesta quarta-feira (18), o plano de ação para redução dos impactos das arboviroses.. A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), estatal vinculada ao ministério da Educação, participou do evento representada pelo seu presidente, Arthur Chioro. O evento de lançamento contou com a presença do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, da ministra da Saúde, Nísia Trindade, e de outras autoridades.
O documento foi construído com a participação de pesquisadores, gestores e técnicos dos estados e municípios, além de profissionais de saúde que atuam na ponta, em contato direto com as comunidades e que conhecem de perto os desafios em cada região do país, com atenção às regiões de maior vulnerabilidade social.
Segundo Lula, todo verão o Brasil é vitimado por essas doenças e a questão climática do planeta, com aumento das temperaturas cada vez mais presente, levou o governo Federal a antecipar a campanha.
“Precisamos preparar a sociedade brasileira, pois os mosquitos estão nas casas de cada um de nós. Queremos passar a ideia de que cada cidadão brasileiro, que todos nós temos que cuidar da nossa casa, depois cuidar da nossa rua, do nosso bairro, da nossa cidade, do nosso estado, e, assim, vamos cuidar do nosso país. Mas é um compromisso [que tem que ser] assumido por toda a sociedade brasileira”, reforçou o presidente da República.
De acordo com a ministra da Saúde, o objetivo e a mensagem é que “a hora de cuidar é agora”. “São ações imediatas, mas também ações que serão adotadas pelo Governo Federal, desde já, para pensarmos no enfrentamento de médio e longo prazo”, esclareceu Nísia Trindade.
Na avaliação de Arthur Chioro, será fundamental a participação dos hospitais universitários que compõem a Rede Ebserh. “Nós fomos convocados e colocamos os nossos 45 hospitais universitários federais à disposição do SUS para participar das ações emergenciais, para ampliar a assistência aos pacientes, mas também para apoiar a formação dos profissionais de saúde, com toda a nossa competência na área educacional. Ao mesmo tempo, devemos ampliar nossa capacidade de diagnóstico, porque o diagnóstico precoce e o tratamento adequado dos pacientes são tão importantes quanto as ações de prevenção que precisam ser desenvolvidas por toda a sociedade”, afirmou.
Como vai funcionar
O programa de redução dos impactos das arboviroses está baseado nas evidências científicas mais atualizadas, novas tecnologias e representa um pacto nacional para o enfrentamento a essas doenças. O objetivo é apresentar ações que serão coordenadas pelo Ministério da Saúde em estreita parceria com estados e municípios e colaboração de instituições públicas e privadas, bem como de organizações sociais. O plano trabalha em seis eixos de atuação com foco para implementação no segundo semestre do ano - quando todas as condições climáticas são favoráveis ao aumento de casos. São eles:
- Prevenção;
- Vigilância;
- Controle vetorial;
- Organização da rede assistencial e manejo clínico;
- Preparação e resposta às emergências;
- Comunicação e participação comunitária.
Durante o período intersazonal, ou seja, no intervalo entre os picos de casos, serão intensificadas as ações preventivas, com retirada de criadouros do ambiente e a implementação das novas tecnologias de controle vetorial. Também será feita uma força-tarefa de sensibilização da rede de vigilância para a investigação oportuna de casos, coleta de amostras para diagnóstico laboratorial e identificação de sorotipos circulantes.
Está prevista, ainda, a organização de fluxos da rede assistencial, revisão dos planos de contingência locais, capacitação dos profissionais de saúde para manejo clínico, gestão dos estoques de inseticidas, insumos para diagnóstico laboratorial e assistência ao doente.
Para o período sazonal, caso ocorra nova alta sensível de casos, estão previstas medidas estabelecidas no plano de contingência, focadas sobretudo no fortalecimento da rede assistencial para redução das hospitalizações e óbitos evitáveis. São prioritárias as ações relacionadas ao manejo clínico adequado, seguro e executado em tempo oportuno, além da organização dos serviços. Nesse período, as ações de vigilância devem priorizar a coletiva de amostras para exames específicos com foco em casos graves e investigação oportuna de óbitos.
Investimento
O Ministério da Saúde vai expandir o uso de Estações Disseminadoras de Larvicida para controle do Aedes aegypti, transmissor da dengue, nas periferias brasileiras. A estratégia, desenvolvida e coordenada por pesquisadores da Fiocruz Amazônia, foi testada e aprovada com resultados comprovados em 14 cidades brasileiras, de diferentes regiões, nas quais foi aplicada entre 2017 e 2020. O investimento é de cerca de R$ 1,5 bilhão.
A armadilha atrai as fêmeas do mosquito que, ao pousarem no recipiente para colocar seus ovos, são impregnadas com o larvicida. Quando visitam os criadouros, os contaminam com o inseticida. O resultado final é a redução no desenvolvimento de larvas. A lista preliminar tem 17 municípios de todas as regiões do país.
Acompanhamento constante desde 2023
O Ministério da Saúde está em constante alerta quanto ao cenário epidemiológico dessas doenças no país, mantendo de forma ininterrupta o monitoramento da dengue e das outras arboviroses no Brasil.
Foi expandido o método Wolbachia, uma bactéria presente em cerca de 60% dos insetos. No entanto, não é encontrada naturalmente no Aedes aegypti. Quando presente neste mosquito, a bactéria impede que os vírus da dengue, Zika, Chikungunya e febre amarela se desenvolvam dentro dele, contribuindo para redução das doenças. O método funciona assim: mosquitos Aedes aegypti com Wolbachia são liberados para que se reproduzam com os Aedes aegypti locais estabelecendo, aos poucos, uma nova população dos mosquitos, todos com Wolbachia.
A pasta fez o repasse de R$ 30 milhões para ampliar a tecnologia em seis municípios: Natal (RN), Uberlândia (MG), Presidente Prudente (SP), Londrina (PR), Foz do Iguaçu (PR) e Joinville (SC), além das cidades já incluídas na fase de pesquisa.
O Centro de Operações de Emergência (COE) para dengue e outras arboviroses, que funcionou entre fevereiro e julho, também foi uma das estratégias para oferecer resposta coordenada e eficiente às situações epidemiológicas relacionadas a essas doenças. Atualmente, a vigilância é de responsabilidade da Sala Nacional de Arboviroses.
A vacinação contra a dengue segue sendo uma importante estratégia, com público e locais restritos devido ao quantitativo limitado de doses fornecidas pelo laboratório. Nesse sentido, o mais importante é intensificar e unir esforços de toda a sociedade e poder público para redução dos focos do mosquito e preparação dos serviços de saúde.
Confira a apresentação do plano de ação.
Com informações do Ministério da Saúde