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SAÚDE DA POPULAÇÃO NEGRA
Na Bahia, Hospital da Ebserh destaca-se no cuidado à saúde da população negra
No estado baiano, o Hupes-UFBA tem desenvolvido papel crucial no tratamento da doença anemia falciforme pelo SUS. Imagem ilustrativa: freepik
Salvador (BA) – O dia 27 de outubro foi instituído como o Dia Nacional de Mobilização Pró-Saúde da População Negra. A data é celebrada desde 2006, ano em que o Conselho Nacional de Saúde aprovou a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN). Profissionais de hospital da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) reforçam a importância da data para sensibilizar a sociedade sobre os desafios que essas pessoas ainda enfrentam no campo da saúde, sendo o grupo mais vulnerável a enfermidades crônicas, como doenças falciformes.
A população negra representa 55,5% do país, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2022. Esse mesmo grupo pontua entre os piores números no acesso a direitos básicos, como a saúde. Realidade atestada através da PNSIPN, que apresenta lista das principais doenças que acometem a saúde dessa população: Diabetes mellitus (tipo II), Hipertensão arterial, Deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase e anemia falciforme, doença que dentro da agenda do dia 27 de outubro recebe um apelo ainda mais combativo.
Doenças falciformes (DF)
A data em que é celebrado o Dia Nacional de Mobilização Pró-Saúde da População Negra, também marca o Dia Nacional de Luta pelos Direitos das Pessoas com Doenças Falciformes. Esse tipo de patologia é genética e hereditária que afeta os glóbulos vermelhos causando “desordens da hemoglobina”, como explica o artigo “Experiências e estratégias de pessoas com doença falciforme no Distrito Federal: a ruptura biográfica”.
“Trata-se de um grupo de doenças genéticas decorrentes da presença de mutação do gene da globina, que forma a hemoglobina, que é a proteína responsável pelo transporte do oxigênio no nosso sangue e está localizada dentro das hemácias (células vermelhas do sangue). Com essa mutação, portanto, uma Hb diferente é gerada, chamada de HbS”, fomenta Edvan Crusoe, chefe da Unidade de Hematologia e Hemoterapia do Hupes.
Uma das desordens provocadas pelas DF é a anemia falciforme, mais prevalente em pessoas negras devido a sua origem, como explica trecho da PNSIPN, “decorrente de uma mutação genética ocorrida há milhares de anos, no continente africano. A doença, que chegou ao Brasil pelo tráfico de [pessoas escravizadas], é causada por um gene recessivo, que pode ser encontrado em frequências que variam de 2% a 6% na população brasileira em geral, e de 6% a 10% na população negra”.
A pessoa detectada com a patologia apresenta hemácias em formatos de “meia lua” ou foice (de onde surge o nome dado à doença), causando problemas na circulação sanguínea e de oxigênio no corpo.
“É uma doença potencialmente e realmente mórbida pelos efeitos que podem causar nos pacientes, que vão de crises sistemáticas de dor, infecções, disfunção cardíaca, alteração renal, AVCs, e degeneração de vários órgãos por isquemias repetidas e fibrose”, destaca Edvan.
O diagnóstico é feito através do teste do pezinho, em caso de recém-nascidos; e em outras faixas etárias a partir do exames como eletroforese de hemoglobina.
Hupes em ação
Segundo informações do Ministério da Saúde, os estados brasileiros com maior incidência de anemia falciforme são: Distrito Federal, Minas Gerais e Bahia. No estado baiano, o Hupes tem desenvolvido papel crucial no tratamento da doença pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
“Temos oferecido serviços de hematologia pediátrica e adulta de alta qualidade e cooperação de multiprofissionais de assistência social, dentre diversas outras ações”, detalha o chefe da Unidade de Hematologia e Hemoterapia do hospital. Iniciativas que reforçam o comprometimento com a saúde da população negra, ponto-chave para o desenvolvimento do país.
“São doenças que afetam principalmente a população menos favorecida, desde o ponto de vista social como econômico. População pobre formada majoritariamente por pessoas pretas e pardas, infelizmente”, completa Edvan, que menciona o SUS como importante ferramenta democrática na busca por justiça social.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Redação: Elizabeth Souza, com revisão de Danielle Campos.
Coordenadoria de Comunicação Social da Rede Ebserh