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OUTUBRO ROSA
Mulheres enfrentam o câncer de mama com o apoio de hospitais da Rede Ebserh
Brasília (DF) - A história entre a cientista da computação Júlia Hortência Carvalho e o câncer de mama começou em 2013. Com o diagnóstico da mãe, na época com 67 anos, Júlia acompanhou as sessões de quimioterapia e radioterapia e a realização da mastectomia, cirurgia para retirada da mama. O tratamento foi necessário para a tão esperada cura, que chegou em 2019. Mas ela não teve muito tempo para comemorar. Meses depois, Júlia recebeu o diagnóstico de que também havia desenvolvido a doença.
O caminho já era conhecido e foi percorrido no mesmo local da mãe, o Hospital Universitário Antônio Pedro (Huap-UFF/Ebserh), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). “O câncer da minha mãe foi mais difícil. Todo mundo que eu conhecia que teve câncer, tinha falecido. Mas ela ficou tão bem, se curou, e quando chegou a minha vez fiquei mais tranquila”, conta Júlia, que hoje tem 35 anos. Ela também precisou passar pelas sessões de radioterapia e quimioterapia, além da mastectomia, e está se recuperando muito bem.Atendimentos da Rede Ebserh
No caso da Júlia Carvalho, um exame comprovou que a genética favoreceu o aparecimento da doença. Mas essa não é a causa mais comum. “Cerca de 80% dos casos de câncer de mama não têm relação familiar. Portanto, mesmo que não tenha ninguém na família com a doença, as chances de desenvolver o câncer existem e os cuidados são extremamente necessários”, esclarece a mastologista do Huap-UFF, Júlia Dias. O hospital recebe cerca de 200 pacientes novas por ano com câncer de mama e oferece todo o tratamento, o que inclui a realização de uma média de 15 cirurgias por mês, entre procedimentos conservadores para a retirada do tumor e mastectomias.
A cirurgiã oncológica do Complexo do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (CHC-UFPR), Claudiane Minari, afirma que o receio ainda atrasa o diagnóstico de muitas pacientes. “Recebemos mulheres com tumores avançados, muitas vezes por medo do diagnóstico e do tratamento. A oncologia avançou muito e, atualmente, temos cirurgias cada vez mais conservadoras, além da reconstrução, e medicamentos com respostas melhores”, reforça a médica. O CHC-UFPR realiza cerca de 16 cirurgias por mês em pacientes com câncer de mama, incluindo as reconstruções mamárias.
Na Maternidade Escola Januário Cicco, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (MEJC-UFRN/Ebserh), o foco é na prevenção e no diagnóstico. O hospital acompanha diversas mulheres e realiza exames, como ultrassonografia mamária e mamografia, além de biopsias nos casos suspeitos. Quando a doença é diagnosticada, a paciente é encaminhada para tratamento em uma unidade de saúde que é referência no atendimento. “O ponto mais importante do câncer de mama o diagnóstico precoce, que traz mais opções de tratamento, garante cirurgias conservadoras e reduz a mortalidade”, explica o médico mastologista e superintendente do MEJC-UFRN, Luiz Murillo Britto.
Uma das pacientes atendidas na MEJC foi a auxiliar de enfermagem Maria da Conceição de Oliveira, de 52 anos. Ela era acompanhada na mastologia e foi diagnosticada com câncer de mama em 2019. No ano seguinte, fez uma cirurgia para retirada do tumor e sessões de radioterapia. Agora, segue em tratamento com medicação oral e acompanhamento médico a cada seis meses. “A fé me ajudou a passar pelos momentos mais difíceis. Estou bem e confiante. Em breve, espero estar curada”, revela Conceição.Dados
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de mama é o tipo de câncer que mais atinge mulheres no mundo. No Brasil, são estimados cerca de 74 mil novos casos da doença em 2023. No nosso país, ele também é o tipo de câncer que mais mata a população feminina. Para conscientizar a população sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce foi criado o Outubro Rosa, movimento internacional que tem como símbolo um laço cor-de-rosa. Durante todo o mês, o Brasil e diversos outros países compartilham informações para contribuir com a redução da incidência e da mortalidade pela doença. Este ano, o objetivo da campanha nacional é fortalecer as recomendações do Ministério da Saúde relacionadas à prevenção, diagnóstico precoce e rastreamento do câncer de mama.
Mastologista da Maternidade-Escola Assis Chateaubriand, do Complexo Hospitalar da UFC/Ebserh, Cristiane Coutinho explica que diversos fatores podem favorecer o surgimento da doença. “Eles podem ser modificáveis, como: obesidade, sedentarismo, consumo de bebida alcóolica, não ter filhos, uso de contraceptivos hormonais, reposição hormonal por mais de cinco anos; ou não modificáveis, como a menarca antes dos dez anos ou a menopausa após os 55, e o histórico familiar de câncer de mama ou de ovário”, aponta. A médica acrescenta que os sinais mais comuns são nódulo palpável na mama (por isso a importância do auto-exame), alteração na pele (na textura ou vermelhidão), afundamento ou saída de sangue pelo mamilo e ainda pequenos nódulos no pescoço ou na região das axilas. Ajudam na prevenção a adoção de hábitos saudáveis e um acompanhamento médico regular.O diagnóstico precoce, capaz de aumentar as chances de cura e as possibilidades de tratamento, também depende de cada mulher. Realizar os exames indicados pelo ginecologista e a mamografia anual a partir dos 40 anos de idade também são formas de garantir um diagnóstico antecipado. O tratamento depende do estágio da doença, mas costuma ser feito com quimioterapia, radioterapia, cirurgia para retirada do tumor ou mastectomia e medicamentos orais.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Leticia Justus, com revisão de Felipe Monteiro e Danielle Campos
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh