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Pacientes adultos
Hospital Universitário realiza procedimento inédito na rede pública do Ceará para tratar Atrofia Muscular Espinhal (AME)
Fortaleza (CE) – O Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), vinculado à rede Ebserh, realizou as primeiras punções lombares por intensificador de imagens para infusão de Spinraza em paciente adulto com atrofia muscular espinhal (AME). O Spiranza é um medicamento que estabiliza a progressão dos sintomas da doença e em alguns casos pode levar a melhora. Trata-se do primeiro procedimento dessa natureza a ser realizado na rede pública de saúde do Estado.
O primeiro beneficiado pelo procedimento por intensificador de imagens no HUWC foi o advogado Leonardo Soares, de 24 anos, diagnosticado com AME quando tinha um ano e três meses. Após três aplicações, o advogado já começou a apresentar melhora no movimento das mãos, segundo a mãe, a enfermeira Helda Soares. “Ele também está começando a sustentar o braço direito sem precisar apoiar em algo. Isso é uma grande vitória para todos nós”, comemora a mãe.
O neurologista Paulo Ribeiro, do Serviço de Neurologia do HUWC, detalha que “o Spinraza é aplicado no líquido que circunda a medula por uma punção com agulha nas costas”. No caso de Leonardo foi realizado um intensificador de imagens, por conta da artrose e escoliose decorrentes da atrofia muscular espinhal, conta Ribeiro.
“O intensificador de imagens converte raios-X em luz visível e projeta o resultado disso em uma tela, para chegar ao ponto exato da injeção. Resultado de um trabalho multidisciplinar das áreas de neurologia, neurocirurgia, anestesia e enfermagem”, explica o neurologista.
A ação do medicamento
O tratamento com o Spinraza induz a produção da proteína responsável pela sobrevivência dos neurônios. O medicamento é um pedaço de material genético que se liga ao do paciente, fazendo com que o gene com problema comece a produzir uma proteína mais parecida com a necessária para o fortalecimento da musculatura e, consequentemente, do controle dos movimentos.
Segundo Paulo Ribeiro, a causa da atrofia muscular espinhal é genética. Trata-se de uma mutação de um gene indispensável à sobrevivência dos neurônios responsáveis pelos movimentos do corpo humano. “Pessoas com AME não apresentam a proteína responsável pela sobrevivência do neurônio-motor, que fica na nossa medula espinhal e controla o movimento dos nossos músculos. Com isso, a musculatura se degenera. Então, a doença se manifesta, clinicamente, como fraqueza muscular e pode evoluir para dificuldade respiratória também”, explica o especialista.
Cada paciente recebe inicialmente quatro doses do medicamento, com intervalos que variam de 14 a 32 dias. Após esse processo, as aplicações passam a ser a cada quatro meses. A atrofia muscular espinhal atinge entre sete a 10 bebês a cada 100 mil nascidos vivos no mundo. No Brasil, são cerca de cinco mil pessoas com AME e, no Estado, há 177 cearenses vivendo com esse tipo de doença genética rara.
Sobre a Ebserh
O Hospital Universitário Walter Cantídio, do Complexo Hospitalar da UFC/Ebserh, faz parte da Rede Hospitalar Ebserh desde novembro de 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) foi criada em 2011 e, atualmente, administra 40 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência.
Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) e, principalmente, apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas. Os hospitais universitários são, por sua natureza educacional, campos de formação de profissionais de saúde. A Rede Hospitalar Ebserh não é responsável pela totalidade dos atendimentos de saúde do país, apenas atua de forma complementar ao SUS.
Com informações do HUWC-UFC