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MAIO ROXO
Mês de maio chama a atenção para as doenças inflamatórias intestinais
São doenças que não tem cura até o momento, mas têm controle clínico
Nesta matéria, você verá que:
Doença pode afetar vida profissional e pessoal quando não tratada
Medicações adequadas permitem uma boa qualidade de vida
HUs realizam tratamento especializado
Brasília (DF)- Muitas são as enfermidades que impactam a qualidade de vida dos indivíduos, entre elas, as doenças inflamatórias intestinais (DIIs). Para reforçar a importância do tema, foi criada a Campanha Maio Roxo e instituída uma data no mês (19), para celebrar o Dia Mundial das Doenças Inflamatórias Intestinais. A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), por meio de seus hospitais universitários, oferece tratamento especializado na área e oportuniza de forma gratuita uma assistência de qualidade para os pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).
O gastroenterologista e coordenador do Ambulatório de Doenças Inflamatórias Intestinais do Hospital Universitário Antônio Pedro, da Universidade Federal Fluminense (Huap-UFF) e professor de gastroenterologia da Faculdade de Medicina da UFF, Jorge Mugayar, explicou que as principais DIIs são a retocolite ulcerativa e a doença de Crohn. “São doenças inflamatórias crônicas que desenvolvem, geralmente, dor abdominal e diarreia inflamatória (pode ter a presença de sangue, muco, pus) que evoluem oscilando em períodos de agravamento da inflamação e de melhora”, frisou. São doenças que não têm cura até o momento, mas têm controle clínico.
Doença pode afetar vida profissional e pessoal quando não tratada
De acordo com o médico, um paciente com diarreia crônica desenvolve emagrecimento, diminuição do apetite, fraqueza, desidratação e apresenta dor abdominal crônica. Além disso, por muitas vezes não consegue fazer o controle, causando transtornos na vida social e na vida profissional. Por conta da dor abdominal, pode ficar dependente de medicamentos analgésicos e até mesmo de medicamentos opioides.
“É uma causa frequente de absenteísmo no trabalho, além do prejuízo no convívio social, porque esse paciente muitas vezes tem medo de frequentar reuniões, festas, por conta das limitações em relação à alimentação e pela vontade de ir ao banheiro e muitas vezes não ter o acesso”, pontuou.
Rosilma Barreto, coloproctologista do Hospital Universitário da UFMA (HU-UFMA) acrescentou que a doença de Crohn pode acometer desde a boca até o ânus e que a retocolite ulcerativa é uma doença restrita ao cólon e reto e que a prevalência dessas doenças no Brasil é de cerca de 100 casos para cada 100 mil habitantes.
Segundo ela, não existe uma causa específica, mas os fatores de risco que influenciam a manifestação das doenças são: genética (herança de genes que torna uma pessoa mais propensa a desenvolver a doença); reação anormal do sistema imunológico a bactérias do intestino; fatores ambientais (vírus, bactérias, dieta, tabagismo, estresse e alguns medicamentos; vivência em área urbana (maior prevalência em países mais desenvolvidos); e idade (pode surgir em qualquer idade, mais provável entre os 10 a 40 anos).
Medicações adequadas permitem uma boa qualidade de vida
“Nos últimos 20 anos, houve uma verdadeira revolução no arsenal terapêutico dessas doenças. Atualmente, existem medicamentos que alteram a história natural da doença, promovendo a cicatrização do intestino, e com isso, uma prevenção das complicações que podem acontecer quando o paciente não tem um tratamento adequado”, comentou Jorge (Huap). Entre as complicações estão: hemorragia; perfuração intestinal; complicações infecciosas; fístulas; abscessos abdominais, condições que provocam muitas vezes internação hospitalar prolongadas e aumento da morbimortalidade.
Ana Carolina Lisboa, coloproctologista do Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe (HU-UFS), reforçou que, embora as DIIs não tenham cura, as medicações disponíveis permitem que as pessoas consigam ter uma boa qualidade de vida. Entretanto, alertou que é necessário seguir alguns cuidados, como uma alimentação saudável, acompanhamento médico adequado, evitar o uso do cigarro, entre outros.
A especialista de Sergipe reiterou que é essencial desenvolver campanhas, a exemplo do Maio Roxo, pois chama a atenção da sociedade para o acolhimento desses pacientes. “É importante que a pessoa busque um diagnóstico, que entenda que se trata de uma doença crônica, que existe um grupo de doentes com problemas semelhantes e que essa união entre pacientes e equipe multidisciplinar é importante para contribuir com a confiança e o estímulo da melhora do quadro”, afirmou Ana.
HUs realizam tratamento especializado
Em Niterói (RJ), o Huap-UFF possui o Ambulatório de Doenças Inflamatórias Intestinais, que atende toda a região metropolitana 2. Tem aproximadamente 450 pacientes, que recebem o acompanhamento clínico multidisciplinar, envolvendo os serviços da Radiologia, Reumatologia, Patologia e Coloproctologia. Há também um Ambulatório de Nutrição focado na saúde nutricional desses pacientes. No ambulatório é disponibilizada uma prescrição para que o paciente possa retirar gratuitamente a medicação nas Secretarias Municipais de Saúde do seu respectivo município.
Em São Luís (MA), o HU-UFMA possui o Ambulatório da Gastroenterologia, que já realiza tratamento clínico e, este ano, o Serviço de Coloproctologia abriu um ambulatório, onde além do tratamento clínico, os pacientes têm a oportunidade de realizar tratamento cirúrgico, quando necessário.
Em Aracaju (SE), o HU-UFS recebe pacientes já com diagnóstico de doença inflamatória intestinal e faz o acompanhamento nos ambulatórios clínicos e cirúrgicos de Gastro e Coloproctologia. Há também o Setor de Pulsoterapia, onde é realizado a infusão das medicações imunobiológicas, que são dispensadas pelo SUS para os pacientes mais graves.
Outros hospitais da Rede Ebserh também têm atendimento especializado. Procure informações na Rede Básica de Saúde de sua cidade para encaminhamento.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Danielle Morais, com revisão de Danielle Campos
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh