Séries Especiais
SÉRIE SEGURANÇA E SAÚDE EM ENCHENTE
Medidas preventivas e orientações de saúde ajudam a enfrentar os impactos da enchente
Evitar contato com água contaminada durante enchentes é essencial para preservar a saúde pública e prevenir doenças. Imagem: Freepik
Pelotas (RS) – As recentes enchentes e alagamentos que assolam o Rio Grande do Sul (RS) têm trazido consequências incalculáveis. Enquanto em algumas cidades milhares de famílias tentam reconstruir suas vidas em meio aos escombros, outros municípios se preparam para a tragédia anunciada. Esses eventos climáticos, sem precedentes históricos no Brasil, têm causado a perda de vidas e gerado riscos e impactos na saúde da população, como: leptospirose, tétano e acidentes com animais peçonhentos. Diante desse cenário, é fundamental que a população receba informações sobre medidas preventivas para, se possível, amenizar as perdas neste momento desafiador.
Nesse sentido, os especialistas da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) estão unindo esforços para levar informações claras e confiáveis para a população, visando contribuir para a saúde de todos. Nesta terceira reportagem da série especial “Segurança e Saúde na Enchente”, o infectologista e chefe da Unidade de Vigilância em Saúde (UVS) do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE-UFPel), Hilton Luís Alves Filho, orienta para a adoção de diversas medidas preventivas. Ele ressalta: “Lembre-se, a prevenção é a melhor forma de proteção. Mantenha-se informado sobre as orientações das autoridades de saúde e da Defesa Civil. Seja prudente, proteja-se e proteja os outros”. Considerando que cada indivíduo se encontra em condições diferentes de saneamento e acesso à saúde neste momento de catástrofe, o especialista deixou as informações como recomendações importantes a serem seguidas dentro das possibilidades. Confira:
Segurança:
- Procure um abrigo se precisar evacuar sua casa.
- Tente manter o uso das suas medicações de uso contínuo.
- Em caso de sintomas como febre, dor no corpo e no abdômen, náuseas e vômitos e diarreia, procure assistência médica imediatamente.
- Mantenha-se seguro e siga as orientações das autoridades locais. Diversos voluntários estão sendo orientados pela Defesa Civil, Bombeiros e outros órgãos de proteção para atuarem nessa emergência.
Prevenção de doenças:
- Água: O ideal é ferver a água por, pelo menos, um minuto ou utilizar pastilhas de purificação antes do consumo. Filtros comuns não são suficientes. Não utilize água de enchentes ou mesmo água de poços, cisternas e reservatórios atingidos pelas enchentes.
- Alimentos: Descarte alimentos que tiveram contato com água de enchente, mesmo que fechados em embalagens. É extremamente importante contar com o apoio dos voluntários e buscar consumir apenas alimentos selados e devidamente higienizados.
- Animais: A água e a comida dos animais também precisam ser seguras e limpas. Mutirões estão sendo realizados em todo o Brasil para o envio de rações, porque toda vida importa.
Doenças específicas:
- Leptospirose: Evite contato direto com água que possa estar contaminada por urina de roedores.
- Cólera e Hepatite A: Práticas de higiene são essenciais. Lave as mãos frequentemente com água e sabão.
- Diarreias e Gastroenterites: Não beba água ou coma alimentos afetados pelas águas das enchentes e mantenha, sempre que possível, a higiene pessoal adequada.
- Tétano: A vacinação é a única forma de proteção contra o tétano. É importante manter o esquema vacinal atualizado, com três doses e reforços a cada 10 anos. Se há acidente com perfurocortante deve-se fazer uma dose extra profilática, se o último reforço tiver sido há menos de 5 anos. Procure ajuda dos profissionais de saúde.
Cuidado com ferimentos:
- Limpe imediatamente qualquer ferida, primeiramente com água limpa e sabão, em seguida aplique algum antisséptico disponível (álcool 70%, por exemplo). Em caso de ferimentos profundos ou contaminados, procure assistência médica para avaliação da necessidade de reforço vacinal.
Prevenção de acidentes com animais peçonhentos:
- Vestuário apropriado: Nem sempre é possível, mas o recomendado é usar calçados fechados e luvas ao realizar atividades ao ar livre ou em áreas com vegetação densa ou inundadas.
- Atenção ao ambiente: Evite colocar as mãos em buracos, fendas, troncos e outros locais onde animais peçonhentos possam se esconder, fugindo das cheias.
- Manutenção dos ambientes: Seja antes ou depois da subida das águas, tente manter o ambiente o mais limpo possível. Evite entulhos, e examine roupas e calçados antes de usá-los.
- Primeiros Socorros: Em caso de acidente, mantenha a calma, imobilize a área afetada e procure atendimento médico imediatamente. Não faça torniquetes ou cortes no local da picada.
Limpeza pós alagamentos:
- Produtos recomendados: Utilize água sanitária diluída para desinfecção de superfícies. A solução de uma parte de água sanitária para nove partes de água é eficaz.
- Móveis e roupas: Após a limpeza com água e sabão, aplique a solução desinfetante e deixe agir por 30 minutos antes de enxaguar. Infelizmente, é preciso descartar colchões, móveis estofados e outros não passíveis de limpeza adequada, se atingidos pelas enchentes.
- Limpeza de caixa d'água: Assim que possível, esvazie e limpe sua caixa d'água com água sanitária, seguindo as instruções do fabricante para proporção e tempo de contato.
- Desinfecção de ambientes: Limpe pisos e paredes com solução desinfetante e mantenha o ambiente ventilado.
Equipamentos de Proteção Individual (EPI):
- É muito importante a utilização de EPI ao limpar áreas afetadas pela enchente ou alagamento, para evitar contato com água contaminada.
- São recomendados: Luvas de borracha, botas de borracha, máscaras (preferencialmente PFF2 ou N95) e óculos de proteção, mas proteja-se como for possível.
Acondicionamento do Lixo:
- O ideal é usar sacos de lixo reforçados para evitar rompimentos.
- Separe o lixo orgânico do reciclável para facilitar o processo de coleta e reciclagem.
- Feche bem os sacos de lixo para evitar o vazamento de resíduos e a atração de vetores de doenças, como ratos e insetos.
- Deposite o lixo em pontos de coleta autorizados. Evite deixar lixo nas ruas, pois pode obstruir bueiros e contribuir para enchentes.
- Se possível, participe de programas de coleta seletiva para reduzir o volume de lixo e promover a reciclagem.
Precauções para o manuseio de lixo:
- Lave as mãos com água e sabão após o contato com o lixo.
- Fique atento a sintomas de doenças após o contato com água ou lixo contaminado e procure assistência médica se necessário.
- É essencial manter a responsabilidade ambiental, mesmo em emergências. O correto acondicionamento e destino do lixo doméstico são fundamentais para a saúde pública e para a prevenção de novas enchentes e doenças relacionadas.
Quer saber mais sobre o como a Ebserh tem reagido à enchente e alagamentos no RS? Confira nas reportagens anteriores desta série:
Enchente no Rio Grande do Sul impacta hospitais da rede Ebserh
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, sendo três no Rio Grande do Sul: HU-Furg, HE-UFPel e HUSM-UFSM, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Andreia Pires, com edição de Danielle Campos
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh