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Pesquisa científica
Medicamento que reduz a capacidade de contágio do coronavírus está em fase final de estudo no complexo hospitalar da Rede Ebserh/MEC em Curitiba
O tratamento é realizado por cinco dias consecutivos a partir de comprimidos ministrados a cada 12h
Curitiba (PR) – Uma pesquisa envolvendo diversos países com o objetivo de avaliar um medicamento eficaz contra a Covid-19 está sendo desenvolvida com a participação do Complexo do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, vinculado à Rede Ebserh/MEC (CHC-UFPR/Ebserh/MEC). Hoje, não existe antiviral que combata a multiplicação do vírus da Covid-19 na fase precoce da doença. Nesse estudo, que está na terceira e última fase, os pacientes são tratados por 5 dias e acompanhados para avaliação de segurança por 7 meses. Em novembro de 2020, durante a fase 2, o CHC-UFPR/Ebserh/MEC incluiu 13 pacientes na pesquisa. Na fase 3, prevista para o próximo mês de abril, outros voluntários do Complexo participarão da pesquisa totalizando cerca de 400 participantes no Brasil e em outros países.
A expectativa dos pesquisadores é comprovar a eficácia e segurança do antiviral, que servirá para evitar a multiplicação do vírus em pessoas infectadas por SARS-COV-2. Ao evitar a replicação do vírus, a carga viral diminui progressivamente até que o paciente esteja livre da doença. Além disso, o medicamento permite interromper a transmissão do vírus para outras pessoas. “Por isso, essa descoberta é tão importante no combate à pandemia. Mas é importante salientar que, somente após a comprovação dos resultados positivos da terceira fase, é que a população terá acesso ao antiviral que poderá ser usado no tratamento da Covid-19.”, explica Mônica Gomes, infectologista e professora do curso de Medicina da UFPR, que coordena o estudo e os testes no hospital da Rede Ebserh/MEC.
O tratamento é realizado por cinco dias consecutivos com o uso de comprimidos ministrados a cada 12h. Segundo Mônica Gomes, esse tratamento será semelhante ao que já é realizado para pacientes com H1N1, com o antiviral Tamiflu. Para a próxima etapa da pesquisa, pacientes da comunidade em geral poderão participar.
Resultados preliminares
Nos Estados Unidos, durante a segunda fase, foram avaliados aleatoriamente pacientes com até 7 dias de sintomas de Covid-19, para receberem o medicamento via oral ou placebo. Dentre os 75 pacientes que testaram positivo para SARS-COV-2, via coleta de swab nasal (por meio do cotonete), 24% dos pacientes que usaram placebo tinham cultura positiva após 5 dias de tratamento, enquanto nenhum paciente que usou o medicamento teve evidência de vírus viável na via respiratória, avaliado pela cultura para SARS-COV-2. Os resultados dos pacientes do CHC-UFPR/Ebserh/MEC serão divulgados juntos a terceira fase, assim como os demais países.
Segundo os pesquisadores, o medicamento já se mostrou capaz de ajudar no tratamento de outros tipos de coronavírus, como os que causam epidemia de SARS na China (2002-2003) e de MERS (2012), no Oriente Médio. Os dados foram apresentados na 22ª Conferência sobre Infecções Oportunistas e Retrovírus, evento internacional dedicado à Covid-19 neste ano.
Sobre a Ebserh
O CHC-UFPR faz parte da Rede Ebserh/MEC desde outubro de 2014. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a estatal foi criada em 2011 e, atualmente, administra 40 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência.
Vinculados a universidades federais, essas unidades hospitalares possuem características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), e, principalmente, apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas.
Devido a essa natureza educacional, os hospitais universitários federais são campos de formação de profissionais de saúde. Com isso, a Rede Ebserh/MEC atua de forma complementar ao SUS, não sendo responsável pela totalidade dos atendimentos de saúde do país.
Com informações do CHC-UFPR/Ebserh/MEC