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Maior colaboração científica de todos os tempos mostra impacto positivo da vacinação contra Covid-19 em pacientes cirúrgicos
Segundo a pesquisa, pacientes à espera de uma cirurgia eletiva devem receber vacinas contra Covid-19 antes da população em geral
Florianópolis (SC) – Uma pesquisa realizada por cientistas de 116 países, incluindo pesquisadores da Rede Ebserh/MEC que atuam no Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago (HU-UFSC/Ebserh/MEC), mostrou o impacto positivo da vacinação contra a Covid-19 em pacientes submetidos a cirurgias eletivas na prevenção de mortes relacionadas ao coronavírus. A equipe internacional de pesquisadores do COVIDSurg Collaborative , liderada por especialistas da Universidade de Birmingham, publicou suas descobertas no British Journal of Surgery (BJS) e no European Journal of Surgery , após estudar dados de 141.582 pacientes de 1.667 hospitais de 116 países, incluindo Austrália, Brasil, China, Índia, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido e Estados Unidos, configurando o maior estudo internacional de cirurgia do mundo.
O pesquisador responsável por coordenar as ações no HU-UFSC/Ebserh/MEC é o professor Humberto Fenner Lyra Júnior, do Departamento de Cirurgia da UFSC. Também participam do estudo José Mauro dos Santos e João Carlos Costa de Oliveira, também professores do Departamento de Cirurgia da UFSC, o médico Tiago Rafael Onzi e a residente Nathalia Siqueira Julio, do Serviço de Cirurgia do Aparelho Digestivo do hospital da Rede Ebserh/MEC, e Marlus Tavares Gerber, médico do Serviço de Coloproctologia da unidade hospitalar.
"A participação dos médicos e professores dos Serviços de Coloproctologia e de Cirurgia Bariátrica do HU-UFSC/Ebserh/MEC, nessa relevante pesquisa colaborativa internacional sobre cirurgia na pandemia de Covid-19, vem reforçar a constante preocupação e compromisso desses profissionais em prestar o melhor atendimento possível ao paciente atendido na instituição, demonstrando com ela o impacto positivo da vacinação nos pacientes submetidos a cirurgias eletivas oncológicas ou não e sugerindo critérios científicos para a sua realização. Ela fornece subsídios para implantação de programas de vacinação que tenham como alvo candidatos a procedimentos cirúrgicos eletivos em nível nacional e internacional. É uma importante contribuição para a comunidade atendida no HU e no Brasil", afirmou Lyra Júnior.
Os cientistas concluíram que os pacientes à espera de uma cirurgia eletiva devem receber vacinas contra Covid-19 antes da população em geral, potencialmente ajudando a evitar milhares de mortes pós-operatórias ligadas ao vírus, de acordo com um novo estudo financiado pelo National Institute for Health Research (NIRH).
Entre 0,6% e 1,6% dos pacientes desenvolvem infecção pela Covid-19 após cirurgia eletiva, com risco de morte entre quatro e oito vezes maior nos 30 dias subsequentes ao procedimento. Por exemplo, enquanto os pacientes com 70 anos de idade ou mais submetidos à cirurgia oncológica geralmente teriam uma taxa de mortalidade de 2,8%, esse índice aumenta para 18,6% se desenvolverem a infecção pela Covid-19.
Com base nos altos riscos que os pacientes cirúrgicos enfrentam, os cientistas calculam que a vacinação deles tem maior probabilidade de prevenir as mortes relacionadas à Covid-19 do que as vacinas dadas à população em geral, particularmente entre os maiores de 70 anos e aqueles que se submetem à cirurgia oncológica.
Em geral, os cientistas estimam que a priorização global da vacinação pré-operatória para pacientes eletivos poderia evitar 58.687 mortes relacionadas à Covid-19 em um ano. Isso poderia ser particularmente importante para os países de baixa e média renda, nos quais medidas de mitigação provavelmente não serão implementadas universalmente, como a triagem do esfregaço nasal (teste do cotonete) e vias cirúrgicas livres de Covid.
Segundo os pesquisadores, durante a primeira onda da pandemia, até 70% das cirurgias eletivas foram adiadas, resultando em uma estimativa de 28 milhões de procedimentos sendo adiados ou cancelados. Embora os volumes de cirurgias tenham começado a se recuperar em muitos países, é provável que a interrupção contínua continue ao longo de 2021, particularmente no caso de países que sofram novas ondas da Covid-19. Mas também é provável que a vacinação diminua as complicações pulmonares pós-operatórias - reduzindo o uso de cuidados intensivos e os custos gerais da saúde.
Equipe internacional
O autor colíder do estudo, Aneel Bhangu, da Universidade de Birmingham, comentou que a vacinação pré-operatória poderia apoiar um reinício seguro da cirurgia eletiva, reduzindo significativamente o risco de complicações da Covid-19 em pacientes e prevenindo dezenas de milhares de mortes pós-operatórias relacionadas à Covid-19. “Muitos países, particularmente países de baixa e média renda, não terão acesso generalizado às vacinas da Covid por vários anos. Embora o fornecimento de vacinas seja limitado, os governos estão dando prioridade à vacinação para grupos com maior risco de mortalidade por Covid-19. Nosso trabalho pode ajudar a informar essas decisões", afirmou.
O coautor Dmitri Nepogodiev, da Universidade de Birmingham, comentou que recomeçar as cirurgias eletivas é uma prioridade global. “Mais de 15 mil cirurgiões e anestesistas de 116 países se reuniram para contribuir para este estudo, tornando-o a maior colaboração científica de todos os tempos. É crucial que os legisladores utilizem os dados que coletamos para apoiar um reinício seguro da cirurgia eletiva".
Acesse o artigo publicado .
Sobre a Rede Ebserh
O HU-UFSC faz parte da Rede Ebserh/MEC desde março de 2016. Criada em 2011, a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) é vinculada ao Ministério da Educação e, atualmente, administra 40 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência.
Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), e, principalmente, apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas. Devido a essa natureza educacional, os hospitais universitários são campos de formação de profissionais de saúde. Com isso, a Rede Ebserh/MEC atua de forma complementar ao SUS, não sendo responsável pela totalidade dos atendimentos de saúde do país.
Com informações do HU-UFSC/Ebserh/MEC