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DIAGNÓSTICO
Maio Roxo chama atenção para distúrbios intestinais
Só no Brasil, são cerca de 100 diagnósticos de doenças inflamatórias para cada 100 mil habitantes.
Brasília (DF) – Diarreia crônica, urgência para evacuar, cólica abdominal e emagrecimento são alguns sintomas relacionados às Doenças Inflamatórias Intestinais (DIIs), distúrbios envolvendo o trato gastrointestinal e cuja incidência cresce a cada ano. De acordo com a Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP), as DIIs afetam mais de cinco milhões de pessoas no mundo e, no Brasil, são cerca de 100 diagnósticos para cada 100 mil habitantes. Na Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), o atendimento é prestado por profissionais especializados em diversos hospitais universitários federais vinculados.
Maio foi instituído o mês de conscientização e a cor roxa simboliza a luta e a solidariedade em relação a essas condições de saúde. O objetivo da campanha é aumentar o debate público em torno do problema e sensibilizar a sociedade para a importância do diagnóstico precoce e do tratamento correto para melhoria da qualidade de vida dos pacientes, já que na maioria dos casos não há cura.
O Ambulatório de Gastroenterologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (HC-UFPE) é um desses centros de apoio, diagnóstico e tratamento das doenças inflamatórias intestinais da Ebserh. Nesta quarta-feira (24), a instituição realiza uma ação de conscientização para pacientes e familiares, buscando aumentar o conhecimento e a compreensão dessas doenças.
A médica Valeria Martinelli, gastroenterologista e endoscopista do HC-UFPE, afirma que esse grupo de doenças, por causa dos seus sintomas crônicos, é capaz de causar um impacto significativo na qualidade de vida do indivíduo, gerando estigmas sociais, dificuldades no acesso a banheiros públicos e até mesmo restrições na escolha da carreira profissional.
As principais são a Doença de Crohn e a Retocolite Ulcerativa. Martinelli explica que há diferenças entre elas, tanto nos sintomas quanto no tratamento. Enquanto a Retocolite Ulcerativa atinge apenas o intestino, a Doença de Crohn pode acometer qualquer porção do trato gastrointestinal, desde a boca até o ânus.
Diagnóstico
A causa das doenças inflamatórias intestinais envolve diferentes aspectos que interagem entre si, conforme explica a chefe do Ambulatório de Intestino do Hospital das Clínicas da UFMG (HC-UFMG), Maria de Lourdes de Abreu Ferrari. O Ambulatório do Intestino do Instituto Alfa de Gastroenterologia (IAG) do Hospital é referência nacional na abordagem de DIIs e conta com uma equipe multidisciplinar, composta por médicos, enfermeiros e nutricionistas. Na última segunda-feira (22), a instituição realizou diversas ações de conscientização para pacientes e profissionais.
“São aspectos representados pelas características genéticas, pelas alterações da permeabilidade e microbiota intestinal e pela resposta imunológica anormal do indivíduo aos estímulos intestinais. Um conceito importante é que nenhum deles, de forma isolada, explica a DII, mas a interação entre eles é o que realmente irá determinar se a doença se instalará e com quais características”, afirmou.
Por não apresentarem sintomas específicos, o diagnóstico das doenças inflamatórias intestinais necessita de exames complementares. “Não existe exame patognomônico (sinal cuja presença é própria de uma única doença) para se realizar o diagnóstico e, por isso, ele baseia-se nas manifestações clínicas, sendo confirmado ou afastado por meio de exames complementares”, explica a médica.
Ela cita como exemplos os exames endoscópicos, representados pela colonoscopia, enteroscopia ou endoscopia digestiva alta; associados aos imaginológicos (enterotomografia ou enteroressonância), e ao estudo histológico de biópsias endoscópicas ou de peças cirúrgicas. A especialista complementa que outros exames laboratoriais, como hemograma, proteína C reativa e dosagem da calprotectina fecal, são úteis na caracterização dos períodos de atividade das DIIs.
Tratamento
A gastroenterologista Lívia Medeiros Soares Celani, do Hospital Universitário Onofre Lopes, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Huol-UFRN), explica que o tratamento é diverso e personalizado. “Casos leves podem ser controlados com medicamentos orais. Já casos mais graves podem necessitar de medicamentos injetáveis imunobiológicos e até de tratamento cirúrgico”, afirmou.
No Huol, pacientes com diagnóstico de DIIs são encaminhados pelo Sistema Único de Saúde dos mais diversos municípios do estado e são atendidos no Ambulatórios de Gastroenterologia e de Coloproctologia. Independentemente do tratamento escolhido, a especialista afirma que o melhor caminho para o paciente é o acompanhamento por uma equipe especializada em doença inflamatória intestinal, de preferência multidisciplinar, que o veja como um todo, e o seguimento periódico sem interrupção do tratamento.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Redação: Luna Normand com revisão de Marília Rêgo