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CONSCIENTIZAÇÃO
Julho Verde reforça importância do diagnóstico precoce do câncer de cabeça e pescoço
Tratamento envolve uma combinação de cirurgia, radioterapia, quimioterapia e terapias-alvo, dependendo do estágio e da localização do tumor primário. Imagem ilustrativa: freepik
Brasília (DF) – O Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima 39.550 novos casos de câncer de cabeça e pescoço para cada ano de 2023 a 2025, excluindo os de pele. A região da cabeça e do pescoço engloba um número diverso de órgãos como olho, língua, lábios, nariz, por isso as localidades de apresentação dessa neoplasia são bastante variadas. Os homens acima dos 50 anos são os mais acometidos pela doença.
Para alertar a população para a importância do diagnóstico precoce, foi criada a campanha Julho Verde, alusiva ao Dia Mundial de Conscientização e Combate ao Câncer de Cabeça e Pescoço, celebrado em 27 de julho. Diversos hospitais universitários da Rede Ebserh contam com especialistas e serviços de referência em câncer de cabeça e pescoço, oferecendo tratamento completo pelo SUS.
Cuidados que salvam vidas
Fatores de risco para a doença incluem tabagismo, consumo excessivo de álcool, má higiene dentária, exposição ao vírus HPV e dieta pobre em frutas e vegetais. Histórico familiar de câncer de tireoide também aumenta os riscos. Por isso mesmo, a cirurgiã de cabeça e pescoço do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HUPAA-UFAL), Ana Carolina Pastl Pontes, ressalta alguns sinais de alerta:
“Observar feridas na pele, lábios ou boca que não cicatrizam, nódulos dolorosos no pescoço ou rosto que aparecem e não diminuem, tosse com escarro sanguinolento, rouquidão que não melhora, falta de ar, dificuldade ou dor para deglutir os alimentos, perda de peso rápida associada ou não a cansaço e febre”, explicou.
Nesses casos, segundo a médica, o primeiro passo é procurar um clínico geral ou dentista para avaliar o caso. Na presença de lesões suspeitas, será feito o encaminhamento ao especialista em cirurgia de cabeça e pescoço, já que o rastreio da doença está associado aos sinais e sintomas e também à presença dos fatores de risco.
O cirurgião de cabeça e pescoço do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (HUMAP-UFMS), Amauri Ferrari Paroni, esclarece como é feito esse rastreamento. “O diagnóstico dos tumores malignos da boca, garganta e órgãos vizinhos é feito por biópsia. Quando o câncer está longe do alcance do médico, valemo-nos de alguns aparelhos. A rouquidão persistente por mais de duas semanas, por exemplo, vai requerer investigação com um destes aparelhos auxiliares”, explicou.
Segundo ele, em caso de feridas de pele, as biópsias também são a principal forma de diagnóstico. “Já no caso de tumores nas glândulas a preferência é pela punção, que é a aspiração por agulha de um pequeno fragmento para análise”, completou Ferrari.
Tipos
Os tipos mais comuns do câncer de cabeça e pescoço incluem carcinoma espinocelular (ou carcinoma de células escamosas - CEC), que representa mais de 90% dos casos do trato aerodigestivo superior (TADS), segundo afirma o cirurgião de cabeça e pescoço do Hospital Universitário Alcides Carneiro (HUAC-UFCG), Uirá Coury.
“Outros tipos são os adenocarcinomas (em glândulas salivares), tumores de pele não-melanoma (carcinoma basocelular - CBC e o CEC), melanomas (na pele), carcinoma papilífero (CaP) na glândula tireoide e linfomas. De um modo alarmante, cerca 60% desses pacientes irão chegar em estágio avançado para diagnóstico, especialmente os acometidos por câncer no TADS”, ressaltou.
O tratamento envolve uma combinação de cirurgia, radioterapia, quimioterapia e terapias-alvo, dependendo do estágio e da localização do tumor primário. “A cirurgia é feita pelo cirurgião de cabeça e pescoço para remoção do tumor primário e de possíveis linfonodos no pescoço, seja de maneira profilática ou terapêutica”, disse.
O tratamento cirúrgico também pode ter a finalidade de reabilitação em pacientes laringectomizados - aqueles submetidos à remoção total ou parcial da laringe -, já que em alguns casos a pessoa pode ter rouquidão ou perda total da voz.
Serviço
O HUPAA/UFAL conta com três cirurgiões de cabeça e pescoço atuando no ambulatório, centro cirúrgico e enfermarias, além das urgências. São cerca de 711 atendimentos ambulatoriais e 84 procedimentos cirúrgicos nos últimos seis meses.
No Humap-UFMS, o foco é o diagnóstico precoce e o início do tratamento. Os pacientes são acompanhados por diversos profissionais, promovendo a assistência plena às necessidades do paciente oncológico.
No Hospital Universitário Alcides Carneiro (HUAC), os pacientes são encaminhados pelo Sistema de Regulação (SISREG). O número médio de atendimentos é de cerca de 150 pacientes por mês, incluindo as pequenas cirurgias e as punções. A equipe é composta por quatro cirurgiões de cabeça e pescoço, oncologistas, radioterapeutas, dentistas, enfermagem, fonoaudiólogos, nutricionistas, patologistas, enfermagem e psicólogos.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Redação: Luna Normand com revisão de Danielle Campos
Coordenadoria de Comunicação Social da Rede Ebserh