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DIA INTERNACIONAL DOS POVOS INDÍGENAS
Iniciativas da Ebserh promovem saúde indígena
Nesta reportagem, você vai ver:
Mais de 120 indígenas fazem tele pré-natal de alto risco pelo HUGV
Ambulatório de Saúde Indígena do HDT-UFT presta atendimento especializado
Respeito à cultura e às tradições no primeiro hospital indígena no Brasil
Brasília (DF) – Em 9 de agosto, celebra-se o Dia Internacional dos Povos Indígenas. A data, instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1994, tem o intuito de promover a conscientização sobre a inclusão e os direitos dos povos originários na sociedade. Na Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), esta população sempre foi prioridade nas ações de promoção da saúde.
“Nossos hospitais universitários, por meio das ações de assistência e da formação de pessoal, são vetores da aplicação das ações de estado voltadas a este público, seja pelo fomento a soluções inovadoras, construídas em conjunto entre o Ministério da Educação (MEC) e as universidades vinculadas, até a política da Sistema Único de Saúde (SUS), que estabelece diretrizes para a atenção à saúde para lidar com as peculiaridades da população indígena”, pontua o presidente da Ebserh, Arthur Chioro.
Conheça, nesta reportagem, três destas iniciativas.
Tele pré-natal para gestantes indígenas de alto risco
O Hospital Universitário Getúlio Vargas da Universidade Federal do Amazonas (HUGV-Ufam) lançou, em junho deste ano, o Projeto Telessaúde, que já está propiciando tele assistência ampla para os territórios indígenas do estado, considerando que o Amazonas possui a maior população indígena do país.
Por meio do tele pré-natal de alto risco, atualmente mais de 120 mulheres indígenas estão sendo monitoradas pelo HUGV. “O telemonitoramento é feito usando tecnologias digitais de informação e comunicação, no qual obstetras conduzem casos, orientando os profissionais que atuam na saúde indígena com vistas a reduzir a mortalidade materna, garantindo atendimento digno e qualificado”, explicou o médico e chefe da Unidade E-Saúde do HUGV-Ufam, Pedro Elias de Souza.
De acordo com ele, são mais de 50 municípios, em um total de 62 existentes, atendidos. Em outras especialidades (Cardiologia, Neurologia, Neuropediatria, Pediatria, Endocrinologia e Oftalmologia), mais 25 municípios são cobertos nas áreas indígenas. “Nosso planejamento é chegar em todo estado até o final de outubro”, disse.
Quanto ao telediagnóstico, “os teleatendimentos serão ampliados em breve, com a realização de exames remotos”, anunciou Pedro Elias. A partir de setembro, com o objetivo de combater a desnutrição em crianças indígenas, o hospital vai oferecer teleassistência em saúde mental, e no âmbito da educação em saúde à distância (teleducação), vai ofertar diversas capacitações e cursos voltados para profissionais de saúde indígena, complementou.
“A oferta de serviço de saúde diferenciada que o HUGV oferece implica, a curto e médio prazos, em redução das remoções desnecessárias, economia ao erário, qualificação de profissionais e melhoria de qualidade de vida de brasileiros que vivem em regiões extremamente remotas”, justificou o gestor.
Ambulatório de Saúde Indígena do HDT-UFNT presta atendimento especializado
Em Araguaína e região (TO), indígenas contam com atendimento especializado no Hospital de Doenças Tropicais da Universidade Federal do Norte do Tocantins (HDT-UFNT). Semanalmente, a equipe presta assistência às etnias da região, estando entre elas: Karajá Xambioá, Apinajé e Krahô. O hospital atende também pacientes encaminhados pela Casa de Apoio à Saúde Indígena (Casai) de Araguaína e do Distrito Sanitário Especial Indígena Tocantins (DSEI/TO).
“Os polos que ficam na região de Itacajá, Goiatins, Santa Fé da Araguaia, Tocantinópolis acabam direcionando os pacientes para a Casai, que faz a regulação para o HDT”, explicou o médico responsável pelo atendimento no ambulatório, Filipe Brahiam. Quando necessário, a equipe direciona o paciente para outras especialidades disponíveis na instituição.
O Ambulatório de Saúde Indígena é, ainda, cenário de prática para os acadêmicos de Medicina da UFT. “É um campo de atuação do médico. Então, os estudantes de Medicina do sexto período, também fazem esse acompanhamento, essas aulas práticas durante os atendimentos”, destacou Filipe Brahiam.
Respeito à cultura e às tradições no primeiro hospital indígena no Brasil
Em Boa Vista (Roraima), uma parceria entre a Ebserh/MEC, a Universidade Federal de Roraima (UFRR) e o Ministério da Saúde (MS) viabilizará a criação da primeira Unidade de Retaguarda Hospitalar dos Povos Indígenas (URHPI) do país. O hospital conta com o investimento de R$ 100 milhões para obras; sendo R$ 50 milhões provenientes do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), recursos do Governo Federal, e R$ 50 milhões do Fundo Amazônia. Na primeira fase de implantação, o hospital, que será administrado pela Ebserh, contará com 35 leitos.
"Além da estrutura hospitalar, teremos um ambiente externo que permita o contato com a natureza e um centro de prática da medicina tradicional indígena, onde eles poderão realizar seus rituais de cura e pajelança," afirmou a superintendente do HU-UFRR, Bianca Jorge Sequeira. Ela sinalizou que “a obra já foi licitada e a empresa responsável foi definida. A expectativa é que a construção comece em até 15 dias, com a unidade em funcionamento até o final do ano”.
Segundo o secretário da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), Weibe Tapeba, "a Ebserh é um dos parceiros fundamentais nessa iniciativa". Ele explicou que a empresa pública, por meio da UFRR, viabilizará a construção da estrutura necessária para esse projeto e a gestão da nova unidade de saúde. “O novo hospital de retaguarda será uma adição importante à infraestrutura já disponível para a saúde indígena em Roraima e um reforço fundamental para a atenção à saúde do povo Yanomami”, concluiu o secretário.
O Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena (Siasi) registrou 538 óbitos de crianças menores de 5 anos no território do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Yanomami entre 2019 e 2022. Desse total, 495 óbitos, ou 92%, foram considerados evitáveis. As principais doenças que assolam a população são malária, síndrome respiratória aguda grave, síndrome gripal e doenças diarreicas agudas.
Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas
Em 2002 o Brasil instituiu, por meio do Ministério da Saúde, a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas, que estrutura um modelo de atenção à saúde dos povos indígenas contemplando a diversidade social, cultural, geográfica, histórica e política dessas populações, garantindo o acesso integral à saúde em concordância com as diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS).
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Reportagem: Andrew Costa, Rosemary Rodrigues e Williany Bezerra, com edição de Alexsandra Jácome e Danielle Campos
Coordenadoria de Comunicação Social da Ebserh