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Infectologistas da Rede Ebserh orientam sobre sintomas e tratamento da malária
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Infectologista no ambulatório atendendo paciente
Brasília (DF) – Fortes dores musculares e de cabeça, febre alta, sudorese intensa, calafrios e tremores. Esses são sinais característicos da malária, infecção causada pelo parasita Plasmodium e registrada principalmente na região amazônica do Brasil. No Dia Mundial da Luta contra a Malária, 25 de abril, infectologistas que atuam em hospitais universitários federais vinculados à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) chamam atenção para a importância de se dirigir ao serviço de saúde assim que surgirem os primeiros sintomas.
“Se uma pessoa, que reside em área endêmica para malária ou tenha viajado a uma dessas localidades apresentar febre ou dor de cabeça, deve obrigatoriamente procurar o médico para afastar a hipótese ou confirmar o diagnóstico. E, então, iniciar o tratamento. Quando feito no início do quadro clínico, o tratamento é fácil, mesmo na malária do tipo falciparum (com tendência à maior gravidade)”, orientou o médico infectologista Lourival Marsola, chefe do Setor de Gestão da Qualidade e Vigilância em Saúde do Hospital Universitário João de Barros Barreto, do Complexo Hospitalar Universitário da Universidade Federal do Pará (CHU-UFPA/Ebserh/MEC).
A malária é uma doença infecciosa febril aguda transmitida pela picada da fêmea do mosquito Anopheles infectada pelo microrganismo Plasmodium . “O paciente inicia de forma abrupta um quadro de febre elevada. Além da febre, apresenta dor de cabeça muito forte, tremores e sudorese que chega a encharcar as roupas de cama, principalmente após os episódios febris”, explicou Marsola.
No quadro clássico dos dois tipos mais comuns ( vivax e falciparum ), estão presentes também palidez de pele e de mucosas e barriga aumentada, situações identificadas nos exames clínicos. “A palidez surge porque o protozoário causador da doença destrói as células do sangue. Já o abdômen aumentado pode ocorrer devido ao inchaço de órgãos como baço e fígado”, detalhou o infectologista.
Apesar de evitável e tratável, a malária pode evoluir para quadros graves e levar o paciente à morte. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que a doença matou cerca de 627 mil pessoas em 2020. Dos três parasitas causadores da malária entre os brasileiros, o
Plasmodium falciparum
é o mais agressivo, pois se multiplica rapidamente na corrente sanguínea, destruindo de 2% a 25% do total de hemácias e provocando anemia grave. No caso de infecção pela espécie
falciparum
, existe uma chance em 10 de se desenvolver o que se chama de malária cerebral, responsável por cerca de 80% dos casos letais da doença, segundo informações do Ministério da Saúde (MS).
Quadro epidemiológico
Ainda segundo o MS, cerca de 99,9% da transmissão da malária no Brasil ocorre na região amazônica, com 33 municípios concentrando 80% do total de casos autóctones de malária em 2021. Os estados do Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e Mato Grosso, além do Maranhão, são os que concentram o maior número de casos no país.
No Pará, foram notificados 4.736 casos no primeiro trimestre de 2021, já no primeiro trimestre de 2022 foram confirmadas 3.223 infecções, ou seja, queda de cerca de 30% no volume de registros. Entretanto, surtos esporádicos ocorrem na região extra-amazônica e preocupam, pois podem resultar no aumento no número de infecções em áreas de baixa transmissão ou até mesmo na reintrodução da endemia. Em 2019, vários casos foram registrados na Paraíba, estado da região Nordeste em que são raros os registros.
No Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW-UFPB/Ebserh), a maioria dos pacientes com malária se refere a casos importados e a pessoas que passaram pela região Norte do país ou por países da África subsaariana. Segundo a infectologista Clarissa Madruga, pessoas com suspeita ou diagnóstico confirmado da doença que estiverem no Estado devem ser encaminhados para tratamento no Lauro Wanderley, já que a unidade hospitalar é referência para a doença.
Diagnóstico
De acordo com Ruth Araújo, infectologista do Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Ceará (CH-UFC), o exame para diagnóstico da malária é chamado de “gota espessa” e trata-se de uma técnica simples, eficaz e de baixo custo. Mesmo após avanços, o método oficial adotado no Brasil continua sendo considerado padrão-ouro pela OMS.
A técnica baseia-se na visualização do parasito por meio de microscopia óptica, após uso de corante vital. O exame permite diferenciação das espécies de Plasmodium e do estágio de evolução do parasito circulante. A determinação da densidade parasitária, útil para a avaliação prognóstica, deve ser realizada em todo paciente com malária, especialmente nos portadores de P. falciparum . “Após o tratamento, o paciente fica em acompanhamento para garantir que o exame negative”, ressaltou Ruth.
Prevenção
No Brasil, ainda não são utilizadas vacinas contra a malária, mas é possível recorrer à medicação para profilaxia, a qual deve ser prescrita por médico. “Se você é de uma área não endêmica e vai para uma viagem de lazer ou trabalho em região com risco de malária, é importante procurar um médico para obter orientações sobre quais medicamentos tomar como profilaxia para evitar os quadros de malária. Além disso, há orientações relacionadas ao horário de sair (os opostos aos de hábito de circulação do mosquito), manter partes do corpo cobertas (usar mangas compridas, calças que cubram parte do sapato), proteger a casa com telas, dormir com mosquiteiro, usar inseticidas e, principalmente, usar repelente”, citou o infectologista Lourival Marsola.
Jacqueline Santos, com revisão de Andrew Costa e Danielle Campos
Coordenadoria de Comunicação Social