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Saúde mental
Hospital Ebserh/MEC em Natal oferta tratamento para depressão resistente à medicação
Equipamentos auxiliarão no atendimento de pacientes obesos no âmbito SUS
Natal (RN) – Pacientes que sofrem de depressão refratária, tipo da doença queresiste ao tratamento, associada ao alto risco de suicídio, agora podem ser regulados para o Centro de Tratamento de Alterações de Humor Resistentes a Terapêutica (Cetrahte) do Hospital Universitário Onofre Lopes, vinculado à Universidade Federal do Rio Grande do Norte e à Rede Hospitalar Ebserh (Huol-UFRN/Ebserh/MEC).
A depressão é considerada refratária ou resistente ao tratamento quando são utilizados dois ou mais antidepressivos, em dose plena, sem melhoras. De acordo com o coordenador da iniciativa e psiquiatra, Emerson Arcoverde, aproximadamente 1/3 dos pacientes sofrem com essa condição.
O serviço especializado oferta diferentes possibilidades terapêuticas, incluindo a aplicação de cetamina, sessões de eletroconvulsoterapia e inserção em protocolos de pesquisa realizados no Huol. “O Cetrahte está em sintonia com a linha da Psiquiatria Intervencionista, com o objetivo de melhorar quadros que a psicoterapia e a medicação convencional não conseguem auxiliar. Tudo isso de maneira ampla, acessível e gratuita pelo SUS”, destaca Arcoverde.
O atendimento conta com equipe multiprofissional, formada por psiquiatras, residentes e profissionais de Enfermagem, tornando o serviço ofertado amplamente importante também no desenvolvimento acadêmico promovido no hospita
Cetamina
Anestésico utilizado há mais de 40 anos, o uso da cetamina em pacientes com quadros graves de depressão e alto risco de suicídio conta com vasto repertório de pesquisas científicas que evidenciam a eficácia e segurança do tratamento. “O principal benefício da cetamina é a rapidez de resposta, diferentemente de outros tratamentos. Você tem resposta em até uma sessão com a diminuição de pensamentos relacionados a suicídio”, explica o psiquiatra.
No Huol, a medicação é injetada de forma subcutânea e o paciente assina um termo de consentimento livre e esclarecido, por se tratar de medicação fora de bula. O tratamento com cetamina conta com mais de três anos de realização no Huol, tendo beneficiado 70 pacientes. Com a regulação do serviço, o hospital poderá oferecer de 10 a 20 sessões por semana.
Eletroconvulsoterapia
Regulamentada desde 2002 pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), a eletroconvulsoterapia, tratamento indicado para os pacientes com contraindicação à cetamina, é realizada obrigatoriamente com anestesia geral e bloqueio muscular. A convulsão gerada pelo procedimento é a responsável pelo tratamento da depressão. “Existe um discurso ideológico para dificultar o uso da eletroconvulsoterapia no país, pelo uso de maneira inadequada no passado. Hoje, colocamos uma corrente elétrica leve e de pulso baixo, para provocar a convulsão e o paciente sequer lembra do procedimento, pois está sob efeito da anestesia geral. Você provoca convulsões para um tratamento que não está funcionando pela medicação e terapia, e aí sim, ele passa a funcionar. Esse é o tratamento ideal para depressões graves com alta chance de suicídio ou depressão resistente”, defende o médico.
Por enquanto, o Huol está realizando procedimentos apenas para pacientes internados e sob demanda interna. A projeção é de ampliação do serviço no futuro. “Eu não tenho dúvidas que precisamos oferecer esse tratamento via SUS. Em Natal, só é oferecido na rede particular e é caríssimo. A sessão custa em torno de R$1.700,00, sendo que o paciente chega a fazer até oito sessões no primeiro mês. Então, a proposta é oferecer esse tratamento de maneira gratuita em um hospital universitário onde vai servir para ensino, pesquisa e para assistência aos pacientes”, avalia o psiquiatra.
Sobre a Rede Ebserh
O Huol faz parte da Rede Hospitalar Ebserh desde agosto de 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) foi criada em 2011 e, atualmente, administra 40 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência.
Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), e, principalmente, apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas. Devido a essa natureza educacional, os hospitais universitários são campos de formação de profissionais de saúde. Com isso, a Rede Ebserh atua de forma complementar ao SUS, não sendo responsável pela totalidade dos atendimentos de saúde do país.
Com informações do Huol-UFRN/Ebserh/MEC