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Rede Ebserh
Hospital do CE desenvolve equipamento para proteção de contágio de pacientes e profissionais
Desenvolvido no HUWC-UFC/Ebserh, Covid-BOX também poderá ser utilizado em intubação
Fortaleza (CE) – Em tempos de covid-19, toda boa ideia para melhorar a vida de pacientes e profissionais de saúde é bem-vinda. Pensando nisso, colaboradores do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), vinculado à Universidade Federal do Ceará e à Rede Ebserh, desenvolveram um experimento de baixo custo na tentativa de proteger ainda mais profissionais da assistência e pacientes em procedimentos cirúrgicos e de intubação.
Trata-se de um equipamento de exposição, intitulado de COVID-Box. O instrumento é composto por uma armação de aço inox esterilizável, que é colocada sobre o paciente, posteriormente recoberto com um campo plástico descartável de gramatura alta (90g/m2), também estéril. “O equipamento forma, portanto, uma caixa transparente estéril. Através de aberturas laterais realizadas pelos próprios cirurgiões, é possível ter acesso ao campo cirúrgico. Dessa forma, tanto ergonomia como segurança são preservados”, explicou o cirurgião Márcio Studart.
Outros protótipos de cabines de proteção já foram desenvolvidos e apresentados ao Ministério da Saúde, e novos estudos estão sendo desenvolvidos a respeito dessa temática, a fim de levantar dados mais dados sobre sua eficácia. Os pesquisadores do hospital da Rede Ebserh apontam que uma das vantagens do dispositivo experimental do HUWC é a possibilidade de reutilização da parte metálica, o que reduziria custos, podendo ser replicável em outros cenários e hospitais públicos e privados. Para aplicação geral, a iniciativa demanda mais testes e posterior registro.
O otorrinolaringologista André Alencar acrescenta que foi realizado um estudo científico sobre o protótipo. “Nossa equipe redigiu um artigo que foi aceito pela revista Auris Nasus Larynx, importante periódico internacional na área de otorrinolaringologia e cirurgia de cabeça e pescoço”, destacou. A revista liberou a prévia da publicação para ajudar pesquisadores e profissionais de saúde na linha de frente da pandemia ao redor do mundo.
O cirurgião Wellington Alves adianta que a equipe, além de traqueostomias em pacientes infectados, vem também testando o dispositivo para outros procedimentos cirúrgicos geradores de aerossóis, ou seja, que geram partículas finíssimas sólidas ou líquidas que ficam em suspensão no ar e sobre superfícies. “Mais recentemente, realizamos uma glossectomia parcial (remoção cirúrgica de parte da língua em função de câncer agressivo) e uma ressecção de osso temporal (tipo de cirurgia de base de crânio) utilizando o protótipo, não havendo prejuízo técnico em virtude da sua utilização”, comemora o especialista. Vale ressaltar que, neste período de pandemia, somente as cirurgias consideradas essenciais vêm sendo realizadas no HUWC.
A equipe que desenvolve a pesquisa com o equipamento é composta por cirurgiões gerais, torácicos e de cabeça e pescoço, otorrinolaringologistas e equipes de enfermagem do Centro Cirúrgico e de Engenharia Clínica, todos do HUWC, vinculado à Rede Ebserh. A enfermeira Eliane de Paula explica que, no hospital, foi criada uma força-tarefa intitulada “Time de Vias Aéreas Cirúrgicas – Covid-19”, com o intuito de oferecer protocolos para realização de traqueostomias em pacientes suspeitos ou confirmados com o novo coronavírus, como também para dar suporte às intubações difíceis que vêm sendo realizadas com frequência.
A coordenadora de Gestão da Clínica da Ebserh, Rosana Reis Nothen, ressalta que este tipo de dispositivo vem sendo testado e já vem sendo acompanhado pela Câmara Técnica de Infectologia da Ebserh, e até o momento não há evidências definitivas sobre seus benefícios gerais e eventuais prejuízos, já que impõe maior dificuldade à prática assistencial. Recomenda que seu uso ainda seja cauteloso, de forma controlada, dentro de estudos como o do HUWC, e por profissionais muito experientes. Acesse a Nota Técnica da Ventilação Não Invasiva, produzida pela Câmara de Infectologia.
Atuação da Rede Ebserh
Para o enfrentamento da pandemia de Covid-19, a Rede Ebserh implementou o Comitê de Operações Especiais (COE) para definir estratégias e ações em nível nacional. Desde os primeiros anúncios sobre a Covid-19, a Rede Ebserh tem trabalhando em parceria direta com os ministérios da Saúde e da Educação, com participação nos COEs desses órgãos, e tendo como diretrizes o monitoramento da situação no país e em suas 40 unidades hospitalares.
Tem atuado na realização de treinamento de funcionários da Rede, promoção de webaulas, definição de fluxos e instituição de câmaras técnicas de discussões com especialistas. Promoveu processo seletivo emergencial com a possibilidade de contratação de aproximadamente 6 mil profissionais temporários para o enfrentamento da pandemia
Também disponibilizou R$ 274 milhões para ações contra o coronavírus, recursos do Ministério da Educação (MEC) liberados pela Ebserh de acordo com a necessidade e urgência de cada unidade hospitalar. A verba está sendo utilizada em adequação da infraestrutura, aquisição e manutenção de equipamentos, compra de medicamentos e outros insumos, além de equipamentos de proteção individual.
Em algumas regiões, as unidades da Rede Ebserh têm atuado como hospitais de referência ao enfrentamento do Covid-19, enquanto que em outras, atuam como retaguarda em atendimentos assistenciais para a população, por meio do Sistema Único de Saúde.
Com informação do HUWC-UFC/Ebserh