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Novembro roxo
Hospital da Rede Ebserh no RJ reforça importância do contato entre família e bebê na UTI neonatal
Segundo o Ministério da Saúde, a cada ano nascem 340 mil bebês prematuros no Brasil, o que corresponde a 12% de todos os nascimentos
Niterói (RJ) – Desde 2008, o mês de novembro é dedicado a falar sobre o tema da prematuridade. A cor roxa, que simboliza a sensibilidade e a individualidade, é associada às características do bebê prematuro, que apresenta diferentes necessidades de cuidado para realizar a transição entre a vida intrauterina e o mundo aqui fora. Para este bebê, que ainda está em fase de amadurecimento dos principais órgãos e sistemas do corpo humano, é essencial um cuidado multidisciplinar e humanizado. A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal do Hospital Universitário Antônio Pedro, vinculado à Rede Ebserh (Huap-UFF/Ebserh), é referência no tratamento de bebês prematuros na região metropolitana II do Rio de Janeiro, com taxa de sobrevida de 95% em bebês com menos de 1500g, dados de 2021.
“A prematuridade é quando o bebê nasce com menos de 37 semanas. Ela pode ser classificada em vários níveis, de acordo com a idade gestacional, e quanto menor a idade gestacional deste bebê, mais grave ele é”, explica o médico neonatologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense (UFF), Alan Araújo Vieira. Ele aponta que o grande problema é que os órgãos, como o pulmão e o intestino, dentre outros, ainda são imaturos e, muitas vezes não conseguem assumir suas funções integralmente após o nascimento, o que dificulta a transição da vida intrauterina para o ambiente externo.
As causas da prematuridade são várias. Segundo o professor, que é chefe da UTI Neonatal do Huap, as causas maternas são os principais fatores que desencadeiam a prematuridade, como diabetes, hipertensão, infecções, e causas específicas dos bebês, quando recebem pouco oxigênio ou são malnutridos ainda no útero, por exemplo. “Uma das maneiras de prevenir prematuridade é fazer um bom pré-natal, e oferecer a essas mães, em caso de infecção, hipertensão ou diabetes, tratamento e acompanhamento adequados, para que essas situações não decorram em partos pré-maturos”, orienta o neonatologista.
Equipe preparada, atendimento humanizado
Quando o bebê nasce prematuro, a equipe multidisciplinar passa a ter como objetivo fazer com que a adaptação da criança ao mundo externo tenha êxito, até que ele ou ela possa ir para casa. “Tudo o que atrapalha o desenvolvimento do bebê, desde dentro do útero até os dois primeiros anos de vida, ou seja, os primeiros mil dias pós-concepção, interfere muito na saúde a curto e longo prazo, às vezes, para o resto da vida”, afirma Vieira. E para proporcionar esses cuidados, é necessário grande investimento em tecnologia, geração de conhecimento e principalmente em equipe multidisciplinar treinada. “[É necessário] ter pessoas preparadas para lidar com bebês muito pequenos, pois estamos falando de crianças com até 500g ou 24 semanas”, afirma o médico.
A enfermeira Fernanda Alves, que faz parte da equipe da UTI neonatal do Huap, conta que o maior desafio para a enfermagem neonatal é garantir que o cuidado traga qualidade de vida ao paciente, que é tão crítico e cheio de especificidades. “O principal cuidado é estar atualizado no conhecimento de como prover o melhor cuidado ao prematuro. O conhecimento difundido pela equipe por meio de treinamentos e discussões permite o cuidado unificado e individualizado. Os cuidados vão depender de cada recém-nascido e sua adaptação à vida extrauterina, mas sempre de maneira individualizada para atender às necessidades de cada recém-nascido e de sua família”, pontuou.
Importância do contato pele a pele
Em 2022, o tema da campanha para o mês da prematuridade é “Garanta o contato pele a pele com os pais desde o momento do nascimento”. Visando proporcionar essa conexão, o hospital da Rede Ebserh adota o método canguru, do Ministério da Saúde, que possibilita que a família do bebê prematuro seja inserida na rotina da UTI neonatal, gerando maior interação e melhorando o desenvolvimento do paciente. “Isso faz com que a família tenha uma percepção mais clara da dificuldade que é fazer esse bebê sobreviver. Além disso, eles aprendem a lidar com o bebê. Incentivamos a trocar fralda, colocar no colo, tirar leite e a cuidar do bebê dentro da UTI”, explica o professor Alan. Passada essa fase, se o bebê e a mãe atingirem certos critérios, podem ir para casa antes do previsto, e o bebê continua sendo acompanhado regularmente pela equipe de pediatria do hospital.
“O toque pele a pele entre mãe e bebê é muito significativo, pois gera uma conexão única entre eles, uma conexão emocional exacerbada por picos hormonais característicos do período pós-parto. Se você perde esse toque, diminui a possibilidade dessa conexão tão forte entre eles. Essa conexão facilita o aleitamento materno, a imunidade do bebê e a recuperação física da mãe no pós-parto”, finaliza o neonatologista.
Com informações do Huap-UFF/Ebserh