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Oftalmologia
Hospital da Rede Ebserh no Pará oferece tratamento inovador para pacientes com ceratocone
Belém (PA) – Você já ouviu falar em ceratocone? Trata-se de uma distrofia da córnea que acomete cerca de 150 mil pessoas por ano no Brasil e, em casos mais graves, pode levar à perda da visão. Para otimizar a assistência a pacientes diagnosticados com a doença, o Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza do Complexo Hospitalar Universitário da Universidade Federal do Pará (HUBFS-CHU-UFPA/Ebserh) oferece tratamento inovador e eficaz para reduzir os danos do ceratocone.
Procedimento indolor e sem necessidade de internação hospitalar, o crosslinking do colagéno com riboflavina e radiação ultravioleta (Corneal Collagen Crosslinking with Riboflavin - CXL) é uma nova técnica de fortalecimento do tecido da córnea. O HUBFS é o único hospital público do Pará a oferecer esse tipo de tratamento, que tem eficácia comprovada e grandes taxas de sucesso. Para ser atendido, o paciente precisa de encaminhamento por meio da central de regulação do município.
“O procedimento aumenta as ligações cruzadas de colágeno, que são as ‘âncoras’ naturais no interior da córnea. Essas ‘âncoras’ são responsáveis pela prevenção na córnea do seu abaulamento e de se tornarem íngremes e irregulares. Durante o CXL, a riboflavina em gotas satura a córnea, que é ativada pela luz ultravioleta. Este processo tem demonstrado, em laboratório e em ensaios clínicos, aumento da quantidade de ligações cruzadas de colágeno de forma a fortalecer a córnea”, detalhou a oftalmologista e chefe da Unidade de Oftalmologia do HUBFS, Raíssa Casseb.
Distrofia mais comum da córnea, o ceratocone costuma surgir entre 13 e 18 anos de idade e tende a estabilizar na faixa dos 35 anos. Segundo dados do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, uma em cada duas mil pessoas pode ser diagnosticada com a patologia, que tem evolução lenta e caráter genético raro, mas ainda sem causas definidas.
“A principal característica é a redução progressiva da espessura da parte central da córnea, que é empurrada para fora e forma uma saliência com formato próximo a um cone. Não é inflamatório e atinge a estrutura que cobre a frente do globo ocular. O distúrbio pode afetar os dois olhos de maneira assimétrica, atingindo um mais que o outro”, alertou a oftalmologista.
Sintomas e tratamento
Ainda segundo Raíssa Casseb, os sintomas variam entre a perda progressiva da visão, que se torna borrada e distorcida; sensibilidade à luz (fotofobia); visão dupla; coceira ocular; comprometimento da visão noturna; e formação de múltiplas imagens de um mesmo objeto ou de halos ao redor de fontes de iluminação. Em casos mais graves e
quando não há tratamento, a doença pode levar o indivíduo à cegueira. O diagnóstico é obtido por meio de exames oftalmológicos associados com imagens da córnea.
Mesmo com grande eficácia, o crosslinking não é cura para o ceratocone e óculos ou lentes de contato ainda serão necessários após o tratamento. De acordo com Raíssa Casseb, o procedimento tem como objetivo limitar a deterioração da visão. O CXL, como intervenção primária, deve ser considerado como potencial ampliador da estabilidade biomecânica do tecido da córnea e, assim, adiar a necessidade de transplante de córnea (ceratoplastia penetrante ou lamelar).
Além de ser um procedimento indolor, que utiliza anestesia tópica, não apresenta grandes riscos aos pacientes e tem elevadas taxas de eficácia. Desenvolvido na Universidade Técnica de Dresden, na Alemanha, o CXL tem se mostrado eficiente para evitar a progressão do ceratocone em estudos publicados na Europa.
Além do crosslinking, o tratamento do cerotocone abrange óculos e lentes de contato nos quadros mais leves; anéis intracorneanos, quando os óculos ou lentes de contato não têm mais efeito desejado; além do transplante de córnea nos casos de casos mais graves.
Junho Violeta
Para alertar a população sobre a importância do diagnóstico precoce e tratamento adequado do ceratocone, este mês acontece a campanha Junho Violeta. Um dos pontos principais da ação, por exemplo, é alertar que o simples ato de coçar os olhos pode causar avanço acelerado da doença. A iniciativa foi criada pela Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO) em junho de 2018.
“A campanha Junho Violeta é considerada essencial para alertar sobre os perigos do ceratocone e da importância de avaliações anuais com médico oftalmologista para prevenção e diagnóstico precoce. A doença diminui a acuidade visual que, dependendo da gravidade, pode impedir de executar tarefas simples como andar na rua, dirigir, assistir aula ou praticar esportes”, disse a oftalmologista Raíssa Casseb.
Sobre a Ebserh
O Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza (HUBFS-UFPA) faz parte da Rede Ebserh desde 2015. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Coordenadoria de Comunicação Social
Por Jacqueline Santos, com revisão de Moisés de Holanda