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DOAÇÃO
Hospital da Rede Ebserh em Salvador (BA) registra, no ano de 2023, um aumento de 50% em doações de córneas com relação a 2022
Salvador (BA) - Atualmente, a Bahia possui 1.331 pacientes que aguardam na fila de espera por uma córnea, segundo dados da Central Estadual de Transplantes (CET/BA). São baianos que esperam a oportunidade do transplante para voltar a ter uma vida independente, podendo trabalhar e estudar, por exemplo. Um dos responsáveis por tornar isso possível é o Hospital Universitário Professor Edgard Santos (Hupes-UFBA), filiado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), e que, em 2023, realizou 18 transplantes de córnea, 50% a mais em relação a 2022, fazendo com que a unidade soteropolitana alcançasse 95% da meta estabelecida pela CET/BA. No estado inteiro apenas cinco unidades hospitalares alcançaram mais de 90% das metas de doação.
“A doação é um divisor de águas na vida desses pacientes e trabalhamos incansavelmente, junto com as demais unidades, para zerar essa fila de espera. Para ser um doador de órgãos e tecidos, basta informar seu desejo aos familiares. Não é necessário deixar nenhum documento por escrito”, explicou Josenilton Matos Dias, enfermeiro e especialista em Gestão e Procedimentos para Doação de Órgãos e Tecidos e coordenador da Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) do Hupes.
Conforme o coordenador, a doação de córneas acontece após a constatação do óbito do paciente e deve ser autorizada pelo cônjuge/companheiro ou familiares até segundo grau na linha reta ou colateral, num prazo de seis horas. No momento do óbito, a equipe da CIHDOTT vai até os familiares para realizar o acolhimento e consultar sobre a possibilidade de doação. Em caso positivo, aciona-se o captador para realização da enucleação (termo usado para remoção cirúrgica de um olho).
A CIHDOTT é composta por uma equipe multiprofissional com enfermeiro, médica, psicóloga e assistente social treinados para realização dos procedimentos de captação. Após a captação das córneas, de acordo com Josenilton, há o encaminhamento para o Banco de Olhos da Bahia, onde serão preparadas e armazenadas até o momento da realização do transplante. A fila de receptores é única e o principal critério para ser selecionado é o tempo de lista. “É importante esclarecer que, após a doação, não fica nenhuma marca ou curativo no rosto do doador, podendo ser realizado o velório e sepultamento normalmente”, continuou.
Desafios e estratégias
Um dos maiores desafios para ampliar o número de doações é o gargalo da notificação do óbito para a Comissão, ou seja, segundo o enfermeiro, muitos pacientes falecem sem que o óbito seja informado para a CIHDOT. A partir disso, a Comissão realizou um trabalho consistente de sensibilização e treinamento com as equipes assistenciais do Hupes para que a notificação por e-mail ocorresse de forma imediata após o óbito. “Criamos um fluxo de notificação por e-mail institucional, em que recebemos a notificação de forma on-line e nos dirigimos imediatamente à unidade notificante. Outra estratégia foi criar um lembrete anexado em todas as declarações de óbito, reforçando a necessidade de notificação para os enfermeiros e médicos”, falou Josenilton.
Com essas estratégias, aliado ao apoio da gestão e dos profissionais, o Hupes alcançou, em 2023, uma média de 98,5% de notificação de óbitos, sendo 10 meses do ano com 100% de notificação, além de ter realizado 18 transplantes de córnea, 50% a mais do que os realizados em 2022. “Com isso, conseguimos acolher cada vez mais familiares dos pacientes elegíveis e oferecer a possibilidade de doação. Participamos continuamente de treinamentos realizados pela CET com especialistas na área para aperfeiçoamento das técnicas de comunicação e acolhimento dos familiares”, disse Matos.
Conscientização das famílias é fundamental
Outro fato a se comemorar, além do aumento do número de doações, foi o alcance, por parte do Hupes, de 95% da meta estabelecida pela CET/BA, fazendo com que o hospital ficasse entre as cinco unidades hospitalares baianas que alcançaram mais de 90% das metas de doação, entre as 44 analisadas “Não podemos deixar de citar os familiares que, mesmo em um momento de dor, conseguem refletir e optar pela doação. Sabemos que o caminho trilhado para chegar a esse número foi árduo, na construção de uma cultura de doação, do engajamento dos profissionais nesse processo e estamos agora colhendo os frutos desse trabalho, nos destacando no cenário estadual”, falou o coordenador.
Desta maneira, o Hupes, maior centro transplantador de córneas pelo SUS na Bahia, a partir do trabalho desenvolvido pela CIHDOTT, passou a registrar bons indicadores tanto na doação quanto no transplante, perfazendo o ciclo completo do processo. “Isso é essencial em um hospital universitário, na formação dos residentes e estudantes”, acrescentou o enfermeiro.
Para 2024 a principal meta da comissão é oferecer a 100% das famílias dos pacientes elegíveis a possibilidade de doação. “Se alcançarmos esse objetivo, os resultados virão em seguida. Com isso, cumprimos a legislação vigente e possibilitamos aos familiares decidirem ou não pela doação”, disse Josenilton, acrescentando que a taxa de negativa familiar para doação na Bahia ainda é alta, fechando o ano de 2023 em 61%. Já o Hupes, em 2023, obteve uma taxa negativa familiar de 44%, ou seja, bem abaixo da média estadual “Esse resultado é reflexo da qualidade do atendimento realizado, aliada a um acolhimento humanizado. Então esperamos alcançar em 2024, 100% da meta de doação estabelecida pela SESAB", finalizou.
Sobre a Ebserh
O Hospital Universitário Professor Edgard Santos, da Universidade Federal da Bahia (Hupes-UFBA), faz parte da Rede Ebserh desde 2012. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Felipe Monteiro
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh