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CUIDADOS PALIATIVOS
Hospital da Rede Ebserh em Goiânia (GO) investe em cuidados de bebês sem chances de sobreviver
Goiânia (GO) – Vivenciar o luto em um momento que deveria ser para comemorar a vida é uma das situações mais difíceis que uma família pode enfrentar. Por isso, os cuidados paliativos têm se tornado cada vez mais fundamentais na missão de humanizar os atendimentos médicos e assistenciais nos hospitais e oferecer medidas de conforto aos familiares num momento tão sensível.
O Cuidado Paliativo é uma área de atuação que aborda a melhoria da qualidade de vida de pacientes e de seus familiares quando enfrentam problemas associados a doenças que ameaçam a vida. São tratamentos focados na prevenção e no alívio do sofrimento físico, psicológico, social e espiritual, assim como na melhoria do bem-estar geral dos doentes em estado terminal, com doenças graves ou incuráveis, internados ou em domicílio.
“O vínculo de um bebê com seus pais se inicia muito antes do nascimento, por vezes antes mesmo da concepção, pois o desejo de ter um filho, a programação, a própria concepção, o teste de gravidez positivo, a confecção do enxoval, a escolha do nome, as expectativas, as projeções. Todas essas experiências que os pais vão construindo ao longo da gestação vão fortalecendo esse vínculo e criando uma história de amor. E quando essa gestação é interrompida porque o feto morre, ou quando há um aborto, ou quando o bebê nasce com uma malformação incompatível com a vida, isso arranca do casal essa experiência de forma muito abrupta. Isso leva a muita tristeza e uma experiência muito traumatizante”, afirma a médica neonatologista Fernanda Peixoto, do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC-UFG).
Os cuidados paliativos são um ato contínuo para promover o bem-estar do paciente ou de seus familiares, permitindo trabalhar o conceito de morte sem dor, em paz, de maneira digna, sem tirar da pessoa qualquer outra possibilidade existencial.
UTI Neonatal do HC-UFG
O atendimento de Cuidados Paliativos na UTI Neonatal do HC-UFG teve início há dois anos com a implementação de ações de humanização e a criação do Diário do Bebê, voltado também para bebês em cuidados paliativos. Conta com uma equipe multiprofissional, composta por médicos, psicólogos e assistentes sociais, que entram em ações pertinentes à desospitalização do bebê e para a aquisição de insumos necessários para que isso aconteça.
A psicóloga do HC-UFG, Melissa Telles, fala sobre o atendimento e as ações na instituição. “A gente entrega aos pais um passarinho feito de crochê que ficará junto ao bebê. Quando ele falece, o passarinho é higienizado e fará parte da sacolinha da saudade, com cartão de condolências, marquinha do pé e dados pessoais do bebê, indicações de livros e telefones de grupos de apoio para ajudar a família no processo de luto. Além disso, é feito, por meio de molde, o pé do bebê em gesso, que fica bem real. É uma forma simbólica de a família levar consigo as memórias do seu bebê”.
Já o Diário do Bebê foi inspirado no livrinho que as mamães preenchem com informações do seu bebê e os seus acontecimentos, mas de forma adaptada para o contexto da UTI Neonatal. Nesse diário, entregue para a mãe e preenchido em conjunto com a equipe assistencial, são colocadas informações sobre o primeiro banho, quando sorriu pela primeira vez, dados iniciais, quem escolheu o nome, com quem se parece e a página final com os dados da alta do bebê (dia, peso, quem está esperando em casa), isso no caso de ele ter alta hospitalar. Para os bebês que falecem, essa última página é modificada e serve como uma despedida em que toda a equipe assina, como um memorial para essa mãe.
“Os cuidados paliativos vêm para amenizar o sofrimento dos pais, trazendo acolhimento, amor, suavidade nesse momento tão difícil. Nessas situações precisamos ressignificar a vida, dar a oportunidade aos pais de que mesmo num curto espaço de tempo possam construir memórias acolhedoras, lembranças acolhedoras. Os pais sentem falta das histórias concretas com o filho, do brinquedo, da roupinha, do berço. Muito pouco fica para que a lembrança desse bebê se sustente ao longo de uma vida, e esse bebê existiu, ele pode ter um nome, então aquilo que o bebê teve a gente tenta transformar nessas lembranças. O coto umbilical, o cartão de vacina, um pedaço do cabelo, coisas pequenas, mas que são concretas, colocamos tudo num saquinho de pano, que leva a história, ainda que curta, mas concreta, da criança”, comenta a Dra Fernanda Peixoto.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Rafael Tadashi
Coordenadoria de Comunicação Social da Rede Ebserh