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Saúde digital
Hospital da Rede Ebserh em Brasília oferece atendimento virtual para população indígena
A teleconsulta é realizada por chamada de vídeo e o indígena que precisa de qualquer orientação ou atendimento de saúde deve agendar
Brasília (DF) – A pandemia do novo coronavírus fez instituições e profissionais pensarem em formas diferentes de atender os pacientes sem que eles precisem sair de casa, evitando os riscos de contaminação. Mas e a população indígena, será que tem acesso aos serviços de saúde? Foi pensando nesse público que o Hospital Universitário de Brasília da Universidade de Brasília e vinculado à Rede Ebserh (HUB-UnB/Ebserh) criou um programa de telessaúde para atender as comunidades indígenas do Distrito Federal, incluindo os alunos da UnB.
A iniciativa é coordenada pelo Ambulatório de Saúde Indígena do HUB e conta com orientações sobre Covid-19 e outras doenças, teleconsultas em várias especialidades, espaços para troca de conhecimento entre as comunidades e discussões virtuais em grupo, com equipe multiprofissional. “Com esse projeto, conseguimos ampliar a oferta de serviços de saúde com segurança e garantimos o atendimento universal”, afirma o chefe da Divisão Médica do HUB, Luciano Talma.
Com febre, dor de cabeça, coriza e falta de ar, o estudante de Ciência Política da UnB, Danilo Tupinikim, de 20 anos, procurou o teleatendimento. Por apresentar sintomas de Covid-19, Danilo foi orientado a ir ao HUB, onde realizou o exame RT-PCR para diagnóstico da doença e recebeu orientações para ficar de repouso, em isolamento por 14 dias. Até a liberação do resultado, ele continuou sendo monitorado pelos profissionais com novas ligações. “Eu estava desesperado, porque moro sozinho e não tinha informação alguma. Me senti muito acolhido, principalmente porque estavam dispostos a me escutar”, avaliou ele.
Para a coordenadora do ambulatório, Graça Hoefel, o indígena pode passar por sofrimento e adoecimento psíquico durante a pandemia, pois não está habituado ao isolamento e deixou de realizar o ritual comunitário de passagem nos casos de morte pelo novo coronavírus. “A Covid chegou nas comunidades indígenas, que estão muito fragilizadas, com pouco recurso e poucas informações. Esperamos conseguir dar apoio e atenção à saúde dessa população”, explica.
A auxiliar de serviços gerais Renalda Tupinikim, de 50 anos, mora na Aldeia de Caieiras Velha, que fica no Espírito Santo. Ela ficou sabendo do serviço pela sobrinha, que é estudante da UnB. “Gostei muito do atendimento e estou feliz por ter conseguido a consulta. Tirei todas as minhas dúvidas. Farei alguns exames e devo ter um retorno na semana que vem”, conta ela, que se queixava de dores nas costas.
Como funciona o teleatendimento
A teleconsulta é realizada por chamada de vídeo, de segunda a sexta-feira, de 14h às 18h. O indígena que precisa de qualquer orientação ou atendimento de saúde deve agendar pelo telefone (61) 2028-5422, que também funciona como whatsapp. Primeiro, ele passa por um acolhimento virtual com equipe interdisciplinar, formada por estudantes, professores e profissionais de diversas áreas, como enfermagem, farmácia, medicina, odontologia, saúde coletiva, psicologia e serviço social.
Com essa visão ampla das necessidades de saúde, o paciente é encaminhado para o cuidado que precisa, podendo ser teleatendimento em saúde mental com psicólogos e psiquiatras, grupos virtuais para troca de experiências com outras comunidades indígenas, cursos online para formação de lideranças sobre como lidar com a pandemia e teleconsultas em várias especialidades médicas, como neurologia, cardiologia, pneumologia e reumatologia.
A estudante indígena da UnB Suliete Baré agradece a iniciativa. Ela é formada em engenharia florestal e atualmente faz mestrado em direitos humanos. “Nesse momento de isolamento social, muitos indígenas estão longe de suas famílias. Além da Covid, temos uma preocupação muito grande com a saúde mental do nosso povo. Esse atendimento sem precisar se deslocar veio em um momento muito importante”, conta Suliete.
Ambulatório de Saúde Indígena
O HUB é referência no atendimento à população indígena do Distrito Federal. Desde 2013, o hospital conta com o Ambulatório de Saúde Indígena. O serviço é formado por profissionais de saúde, professores e alunos UnB, a maioria indígena. Eles são responsáveis pelo acolhimento e acompanhamento nas consultas, procedimentos e internação. Esse trabalho facilita o contato entre médico e paciente, já que reduz as dificuldades causadas pelas diferenças culturais.
Atuação da Rede Ebserh
Além do apoio ao ensino, formação e capacitação das equipes assistenciais, a Rede Ebserh implementou o Comitê de Operações Especiais (COE) para definir estratégias e ações em nível nacional para o enfrentamento da pandemia. Desde os primeiros anúncios sobre a Covid-19, a Rede Ebserh tem trabalhado em parceria direta com os ministérios da Saúde e da Educação, com participação nos COEs desses órgãos, e tendo como diretrizes o monitoramento da situação no país e em suas 40 unidades hospitalares.
Tem atuado na realização de treinamento de funcionários da Rede, promoção de webaulas, definição de fluxos e instituição de câmaras técnicas de discussões com especialistas. Promoveu processos seletivos emergenciais com a possibilidade de contratação de aproximadamente 6 mil profissionais temporários para o enfrentamento da pandemia
Também disponibilizou R$ 274 milhões para ações contra o coronavírus, recursos do Ministério da Educação (MEC) liberados pela Ebserh de acordo com a necessidade e urgência de cada unidade hospitalar. A verba está sendo utilizada em adequação da infraestrutura, aquisição e manutenção de equipamentos, compra de medicamentos e outros insumos, além de equipamentos de proteção individual.
Em algumas regiões, as unidades da Rede Ebserh têm atuado como hospitais de referência ao enfrentamento do Covid-19, enquanto que em outras, atuam como retaguarda em atendimentos assistenciais para a população, por meio do Sistema Único de Saúde.
Com informações do HUB-UnB/Ebserh