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Profilixia
Hospital da Rede Ebserh em Belo Horizonte irá avaliar o uso da cloroquina por profissionais de saúde
Estudo irá verificar a eficácia da pré-exposição com a substância em trabalhadores com alto risco de infecção pelo novo coronavírus
Belo Horizonte (MG) – O Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais, vinculado à Rede Ebserh (HC-UFMG/Ebserh) é um dos quatro centros mineiros integrantes de um ensaio clínico, conduzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que irá avaliar a eficácia e a segurança da quimioprofilaxia (pré-exposição) com cloroquina em profissionais de saúde com alto risco para infecção pelo novo coronavírus.
Diversas pesquisas estão sendo realizadas mundialmente para avaliar se o uso de hidroxicloroquina ou cloroquina ajuda a prevenir ou diminuir a gravidade da doença entre pessoas que estejam saudáveis, mas em alto risco de infecção. Embora esses medicamentos não tenham demostrado eficácia como tratamento, ainda não há evidências quanto ao seu papel na prevenção pré-exposição.
“Hoje, além do distanciamento e isolamento social, apenas duas estratégias podem ser usadas contra a infecção pelo novo coronavírus: a vacina e as intervenções farmacológicas. A vacina ainda vai demorar um tempo para ser acessível a toda população. Já sabemos que a cloroquina, para tratamento da infecção, não é recomendada, mas não há estudos falando sobre prevenção. O que queremos avaliar é o seu efeito na prevenção e, até hoje, isso não foi evidenciado”, disse o infectologista e pesquisador da Fiocruz que está liderando o estudo, Israel Molina.
Segundo ele, se comprovado o efeito seguro e protetor do medicamento, ele poderia ser recomendado para pessoas vulneráveis, como profissionais de saúde ou com comorbidade, lembrando que seria uma estratégia temporária enquanto o mundo aguarda pela vacina – o único recurso definitivo contra o novo coronavírus.
Método
O ensaio clínico – tipo de investigação em seres humanos destinada a descobrir ou verificar os efeitos clínicos, farmacológicos ou os outros efeitos farmacodinâmicos de um ou mais medicamentos – será randomizado, ou seja, uma parte dos participantes receberá a medicação e cuidados padrão e a outra, apenas cuidados padrão. Os voluntários receberão doses semanais de cloroquina equivalentes a 600mg e serão monitorados ao longo do estudo.
“Realizaremos acompanhamento de segurança composto por exames de sangue e eletrocardiograma. Se a pessoa sentir qualquer sintoma suspeito de Covid, ela será atendida remotamente e em seguida, feita a testagem. Em caso positivo, ela passará por exames para que possamos entender a dinâmica viral do coronavírus com o uso da cloroquina”, disse um dos pesquisadores, o infectologista do Hospital das Clínicas da UFMG/Ebserh, Mateus Westin. Ainda segundo o infectologista, a ideia é verificar cientificamente se os trabalhadores que usaram a cloroquina teriam uma infecção mais leve e um clareamento viral mais rápido.
Serão recrutados cerca de 1 mil trabalhadores de quatro centros de saúde. Além do HC-UFMG, participam do ensaio clínico o Hospital Eduardo de Menezes, o Hospital Júlia Kubitschek e a Unidade de Pronto Atendimento Centro-Sul da Prefeitura de Belo Horizonte. As medicações já chegaram às unidades de saúde e o financiamento do estudo é da Fapemig, UFMG e Finep.
Atuação da Rede Ebserh
Além do apoio ao ensino, formação e capacitação das equipes assistenciais, a Rede Ebserh implementou o Comitê de Operações Especiais (COE) para definir estratégias e ações em nível nacional para o enfrentamento da pandemia. Desde os primeiros anúncios sobre a Covid-19, a Rede Ebserh tem trabalhado em parceria direta com os ministérios da Saúde e da Educação, com participação nos COEs desses órgãos, e tendo como diretrizes o monitoramento da situação no país e em suas 40 unidades hospitalares.
Tem atuado na realização de treinamento de funcionários da Rede, promoção de webaulas, definição de fluxos e instituição de câmaras técnicas de discussões com especialistas. Promoveu processos seletivos emergenciais com a possibilidade de contratação de aproximadamente 6 mil profissionais temporários para o enfrentamento da pandemia
Também disponibilizou R$ 274 milhões para ações contra o coronavírus, recursos do Ministério da Educação (MEC) liberados pela Ebserh de acordo com a necessidade e urgência de cada unidade hospitalar. A verba está sendo utilizada em adequação da infraestrutura, aquisição e manutenção de equipamentos, compra de medicamentos e outros insumos, além de equipamentos de proteção individual.
Em algumas regiões, as unidades da Rede Ebserh têm atuado como hospitais de referência ao enfrentamento do Covid-19, enquanto que em outras, atuam como retaguarda em atendimentos assistenciais para a população, por meio do Sistema Único de Saúde.
Com informações do HC-UFMG/Ebserh