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SEMANA MUNDIAL DO ALEITAMENTO MATERNO
Hospitais Universitários aderem à campanha do Agosto Dourado com foco na inclusão
Brasília (DF) - “Amamentação, apoie em todas as situações”. Este é o tema do Agosto Dourado deste ano, cujo objetivo é promover um olhar crítico e atento, principalmente nos casos de vulnerabilidades e diversidade, considerando o perfil da mulher e da família. A meta é promover a inclusão e combater a desigualdade, de acordo com profissionais da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). Eles abordaram, nesta matéria, sobre os esforços a serem feitos para garantir que todos tenham apoio e oportunidade para amamentar, combatendo o preconceito e oferecendo um cuidado ético e humanizado para todos.
A enfermeira da Central de Incentivo ao Aleitamento Materno (Ciam) do Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago, da Universidade Federal de Santa Catarina (HU-UFSC/Ebserh), Isabel Maliska, disse que a campanha para a Semana Mundial de Aleitamento Materno, que acontece de 1º a 7 de agosto, vai focar, por exemplo, nos casos de mulheres trans, casais LGBTQIAP+ que decidem adotar, mulheres com necessidades especiais, mãe solo, famílias vulneráveis socialmente, entre outras.
“Nós queremos chamar a atenção para estes casos e para essas diversas configurações familiares, por isso temos que estar preparados para acolher e oferecer um cuidado em aleitamento materno que seja seguro para os bebês e para essas mulheres”, afirmou Isabel Maliska, explicando que o HU-UFSC, desde 1997, tem o título de Hospital Amigo da Criança, cujo foco é promover a amamentação. “Esta ação começa no parto. Também promovemos o contato pele a pele logo na primeira hora após o nascimento e acompanhamos a mulher e a criança durante todo o período em que ficam aqui conosco. Se a mulher e o bebê tiverem alta e ainda precisarem de apoio no aleitamento, continuamos o atendimento via ambulatorial até o momento em que é referenciado para a Unidade Básica de Saúde”, disse.
“Tema representa um desafio e uma necessidade de reflexão para os profissionais de saúde”
Responsável técnica pelo Serviço de Banco de Leite Humano do Complexo de Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (CHC-UFPR/Ebserh), a enfermeira Janaina Mara de Almeida Agostinho Antônio relatou que esse conjunto de iniciativas, além de fortalecer o aleitamento, promove a inclusão. Segundo ela, o tema é importante porque envolve questões ligadas à diversidade, à igualdade e à equidade e representa um desafio e uma necessidade de reflexão para os profissionais de saúde.
“Temos famílias diversas, famílias homoafetivas que decidem ter filhos e amamentar ou um homem trans que decide pela amamentação, por isso temos que quebrar paradigmas e romper preconceitos, pois muitas vezes essas famílias sofrem julgamentos quando tocam no assunto.” Ela acrescentou ainda que “para o público em geral a falamos que o bebê tem que abrir bem a boca, mas como eu vou falar para uma mãe que tem deficiência visual? Em relação à equidade, será que damos o mesmo tratamento a todas essas mães conforme suas características e necessidades? Será que as mães da população indígena ou da população negra, recebem o mesmo tratamento que outras mães recebem?”, questionou a profissional.
Segundo Janaina, o CHC-UFPR tem um banco de leite desde 1978, que já serviu de modelo para implantação de outros bancos de leite e funciona como uma casa de apoio à amamentação, acolhendo as famílias neste processo, além de servir como ambulatório de seguimento, acompanhando as mães e a família após o acolhimento inicial, e oferecer leite humano ordenhado e pasteurizado para mulheres que, por algum motivo, não podem amamentar.
Aleitamento é fator de igualdade e promoção da saúde
“O objetivo que pretendemos alcançar através dessa semana é a intensificação de ações, que realizadas durante o ano todo, são reforçadas nesse período de campanha do Agosto Dourado”, comenta Rosy Oliveira, enfermeira da Maternidade-Escola Assis Chateaubriand (Meac), do Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Ceará (CH-UFC). “Outro ponto importante, é que a programação conscientiza as pessoas a fazerem doação ao Banco de leite Humano (BHL), que é tão importante para os prematuros internados nas unidades terapêuticas”, reforça.
O acesso ao BHL da MEAC ocorre de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h, atendendo ainda pelo telefone: (85) 3366 8509, sem necessidade de agendamento. Além disso, o Banco de Leite Humano realiza trabalho fundamental junto às lactantes oferecendo orientação de apoio no manejo do aleitamento. “Tudo isso para chamar atenção ao papel fundamental do aleitamento materno, que, com certeza, é nutrição padrão ouro”, finaliza Rosy.
A enfermeira e coordenadora do Banco de Leite Humano do Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes, da Universidade Federal do Espírito Santo (Hucam-Ufes), Monica Pontes, também ressaltou que esta atenção especializada por parte da equipe é fundamental para o sucesso da promoção do aleitamento como fator de igualdade e promoção da saúde. “A amamentação é uma estratégia de segurança alimentar e nutricional, melhora o vínculo familiar e ajuda a reduzir os custos do sistema de saúde, minimizando o tratamento de doenças na infância e em outras fases da vida”, resumiu.
Segundo ela, o hospital age em várias frentes na promoção, proteção e apoio da amamentação. “Apoiamos as mães internas e externas que vivenciam dificuldades na amamentação para manutenção do aleitamento materno exclusivo, realizamos teleconsultas, buscamos leite doado na residência dos doadores, capacitamos profissionais da rede de saúde, entre outras ações”, disse Mônica Pontes, que é membro da Comissão Nacional de Banco de Leite Humano do Ministério da Saúde/Fiocruz.
A servidora pública Deisiane Correa e Faria, mãe de Davi, que completa um mês de vida no dia 10 de agosto, comentou que enfrentou dificuldades no início do processo de amamentação, mas procurou a equipe do Hucam que ofereceu apoio e hoje ela amamenta o menino com segurança. “As dificuldades foram de ordem física e logo adotamos estratégias que facilitaram o processo, mas foi importante esta ajuda. E eu gostaria que todas as mães, independentemente de sua condição, pudessem contar com esta rede de apoio”, disse.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Redação: Sinval Paulino, com contribuição de Elizabeth Souza e revisão de Danielle Morais
Coordenadoria de Comunicação Social da Rede Ebserh