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Hospitais da Rede Ebserh promovem a saúde bucal no ensino, pesquisa e assistência
Brasília (DF) - Maior cavidade do corpo em contato com o meio ambiente, a boca e os cuidados que devemos ter com ela merecem atenção tão especial que têm até uma data: o Dia Mundial da Saúde Bucal, o 20 de março. A deferência faz sentido. A boca é a porta de entrada para os sistemas digestivo e respiratório, além de ser importante para a autoestima e para o bem-estar físico e mental das pessoas. Nos hospitais da Rede Ebserh, a saúde bucal é tratada na assistência especializada à população (com dezenas de ambulatórios e serviços), no ensino (com a formação de alunos e residentes) e na pesquisa científica.
Os problemas bucais mais prevalentes no Brasil são a cárie e a doença periodontal, que podem ser resolvidos na Atenção Básica. Nos hospitais da Ebserh, o acompanhamento e o tratamento são os de maior complexidade, como acontece, por exemplo, no Hospital Universitário Professor Edgard Santos, da Universidade Federal da Bahia (Hupes-UFBA).
“Atendemos pacientes com doenças graves ou que tenham alguma contraindicação ao tratamento clássico, como os anticoagulados ou imunossuprimidos; pacientes com sequelas e complicações bucais decorrentes de alguns tratamentos, como a quimioterapia; com condições especiais (autismo, Síndrome de Down, etc); com desordens neurológicas ou psiquiátricas; e aqueles que realizarão cirurgia cardíaca ou transplante, para diminuir a carga bacteriana bucal e os riscos de infecção”, destaca a chefe do Serviço de Odontologia do Hupes e professora da UFBA, Viviane Sarmento.
Mais indicações de tratamento odontológico nos hospitais da Rede Ebserh são para correção de deformidades dentofaciais (por meio de cirurgia ortognática), para a realização de cirurgias faciais do Processo Transexualizador e para colocação de próteses bucomaxilofaciais, entre outros tratamentos.
Integração multiprofissional
No Hospital das Clínicas da UFPE (HC-UFPE), assim como em outras unidades, o serviço de Odontologia Hospitalar atua a partir dos pareceres dos ambulatórios. Em breve, com a finalização da obra da Sala da Odontologia, haverá atendimentos também cirurgia bucomaxilofacial. “Realizamos tratamentos de doenças da boca, primárias ou associadas às doenças de base, além de tratamento de condições odontológicas que possam interferir na evolução clínica do paciente, principalmente as de natureza infecciosa, que colaboram para a piora clínica, para o aumento do tempo de internação e dos custos associados”, explica o chefe do Serviço de Odontologia Hospitalar do HC e professor da UFPE, Luiz Alcino.
A cirurgiã-dentista do Hospital Universitário Onofre Lopes, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Huol-UFRN), Gabriela Leitão, explica que a Odontologia Hospitalar realiza ações preventivas, diagnósticas e terapêuticas de doenças ou alterações orofaciais que o paciente já possuía ou desenvolveu durante a internação. “O dentista no hospital atua nas enfermarias e UTIs adulto e pediátricas, com o objetivo de reduzir focos de infecção em cavidade oral, trata urgências odontológicas e realiza tratamento para dar conforto ao paciente”, elenca.
Em Belém, a Unidade de Saúde Bucal (USB) do Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Pará (CHU-UFPA), por meio do Centro de Especialidades Odontológicas, realiza procedimentos de média e alta complexidade. A USB é referência no Pará e em toda a Região Norte, graças à atuação de cirurgiões especialistas nas áreas de cirurgia bucomaxilofacial, periodontia, endodontia, estomatologia, patologia bucal, prótese dentária e disfunção temporomandibular. “Trabalhamos de forma integrada com todas as áreas médicas do CHU, já que atuamos nas alterações orais que se manifestam a partir de alguma demanda sistêmica (de outra parte do corpo) como lesões dermatológicas que têm seu início na boca e seus anexos, por exemplo”, esclarece o chefe da Unidade de Saúde Bucal do CHU-UFPA, Arnaldo Gonçalves Júnior.
Atenção e cuidado
De acordo com a Federação Dentária Internacional (FDI), “a saúde bucal compreende a capacidade de falar, sorrir, saborear e mastigar alimentos, além de transmitir emoções utilizando expressões faciais, sem desconforto ou dor”. Algumas ações preventivas são aprendidas desde a infância, como a escovação diária dos dentes após cada refeição e antes de dormir, além da visita regular ao dentista. E importante: quando notar algum sinal ou sintoma diferente na boca, ir à UBS mais próxima da sua casa. Ela é a porta de entrada do SUS. Nas avaliações periódicas com o dentista são realizadas as manutenções preventivas, como a remoção do tártaro e da placa bacteriana e detecção precoce de doenças.
“Infecções não tratadas em cavidade oral podem se disseminar no organismo e levar o paciente à morte, assim como quadros infecciosos em cavidade oral podem agravar patologias sistêmicas como problemas cardiovasculares e diabetes. Na gestação, uma má condição bucal da mãe está relacionada a partos prematuros, baixo peso ao nascer e pré-eclâmpsia. Alterações bucais decorrentes do tratamento oncológico podem dificultar a nutrição do paciente e o seguimento do tratamento contra o câncer”, alerta Gabriela Leitão, do Huol-UFRN.
Ensino e pesquisa
Os Hospitais da Ebserh são campos de prática para alunos da graduação e residentes, seja na modalidade uniprofissional em Odontologia (com 13 programas em 13 HUs) ou na multiprofissional (27 programas em 16 HUs) em todas as cinco regiões do Brasil. Esses programas estão submetidos aos princípios e diretrizes do SUS e da Comissão Nacional de Residência Multiprofissional em Saúde (CNRMS), que é regida pelos Ministérios da Saúde e Educação. As residências seguem o perfil assistencial de cada hospital, contando com Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial, Odontologia Hospitalar, Oncologia, Atenção ao Paciente Crítico, Saúde Comunitária, entre outras.
Uma dessas unidades é o Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC-UFMG), com residência em Cirurgia Bucomaxilofacial. “O processo seletivo é feito pelo Enare (Exame Nacional de Residências, da Ebserh) e, a partir daí, os residentes realizam atividades variadas, dependendo do tipo de capacitação ao longo da formação, sendo as mais complexas no último ano, como as cirurgias de bloco cirúrgico, as ortognáticas, para tratamento de fraturas da face e para tratamento de tumores de cistos, entre outras”, afirma o coordenador da Residência de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial do HC-UFMG, Wagner Castro.
No CHU-UFPA, por exemplo, há três programas de residência: Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial, Atendimento ao Paciente Crítico e Patologia Bucal. “Todos com bolsas vinculadas ao Ministério da Educação, produzindo mão de obra especializada para toda a região amazônica”, ressalta Arnaldo Gonçalves, enfatizando a importância estratégica para a formação no Norte do Brasil.
Na área de pesquisa, desde 2021, a saúde bucal é tema de 51 trabalhos desenvolvidos em 18 HUs de todas as regiões brasileiras e registrados na plataforma Rede Pesquisa, o sistema de gerenciamento de estudos científicos implantado na Rede Ebserh. Exemplo disso é a atuação dos pesquisadores do Hupes-UFBA. “Na Pós-Graduação, mestrandos e doutorandos de programas stricto sensu de Odontologia coletam dados de seus trabalhos de pesquisa no hospital, principalmente nas áreas de Oncohematologia, Cardiologia, Infectologia, Hepatologia, Pediatria e Psiquiatria”, pontua Viviane Sarmento, que também é chefe da Unidade de Gestão da Pós-Graduação do Hupes.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Moisés de Holanda, com edição de Danielle Campos
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh