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SAÚDE
Hospitais da Rede Ebserh possuem serviço especializado no diagnóstico e tratamento de doenças da tireoide
Brasília (DF) – A consulta era para examinar as causas das dores na coluna que Maria das Graças de Azevedo (foto abaixo) sentia. No entanto, a médica percebeu que algo de diferente havia no pescoço da agricultora. Após avaliação clínica, exame de ultrassonografia e punção, veio o diagnóstico: câncer de tireoide. “Não sentia nenhum sintoma e foi um grande susto para mim”, disse a paciente, que faz acompanhamento no Serviço de Endocrinologia do Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW-UFPB/Ebserh).
Visando alertar para problemas como hipertireoidismo, hipotireoidismo e tumores malignos, 25 de maio é o Dia Internacional da Tireoide. Assim como o HULW, hospitais universitários federais vinculados à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) possuem ambulatórios especializados para diagnóstico e tratamento.
Embora algumas pessoas possam não se preocupar com essa parte do corpo, a tireoide é uma glândula vital e qualquer disfunção pode levar a significativos problemas de saúde, aponta o endocrinologista Fabyan Esberard, do HULW-UFPB. “A tireoide é uma glândula localizada na parte anterior do pescoço, a qual desempenha um papel fundamental na produção dos hormônios tireoidianos, que são essenciais para o metabolismo do corpo e o funcionamento adequado de diversos órgãos”, explica.
A coordenadora do Serviço de Endocrinologia e Metabologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU), Sandra Xavier, acrescenta que há uma infinidade de patologias da tireoide, algumas bastante prevalentes, como o hipotireoidismo causado por Tiroidite de Hashimoto. "A glândula também pode ser afetada pelo surgimento de nódulos, que na maioria das vezes são benignos", completa Sandra Xavier.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer da tireoide é o mais comum da região da cabeça e pescoço e afeta três vezes mais as mulheres do que os homens. No entanto, apresenta alto índice de cura, principalmente se diagnosticado no estágio inicial. Maria das Graças teve diagnóstico de câncer do mais agressivo e ainda realiza exames periódicos sete anos após a descoberta.
Sintomas
A falta de hormônio, chamada de hipotireoidismo, pode resultar em sintomas como cansaço, sonolência, lentidão do raciocínio, ressecamento da pele e dos cabelos, constipação, aumento de peso e intolerância ao frio. Por outro lado, o excesso de hormônio (hipertireoidismo) pode ocasionar agitação, irritabilidade, perda de peso, tremores finos de extremidades, intolerância ao calor, palpitações (coração acelerado) e aumento do trânsito intestinal.
“Nestas duas situações, a tireoide pode aumentar de tamanho (bócio). Tanto o hipo como o hipertireoidismo, na maioria das vezes, têm origem autoimune, ou seja, o corpo produz anticorpos contra a tireoide que resultam na sua destruição (hipotireoidismo por tireoidite de Hashimoto) ou funcionamento excessivo (hipertireoidismo por doença de Graves)”, detalhou a endocrinologista Giselle Taboada, do Hospital Universitário Antônio Pedro da Universidade Federal Fluminense (Huap-UFF), ligado à Ebserh desde 2016.Em relação aos nódulos tireoidianos, “podem surgir caroços ou inchaços no pescoço que podem ser palpáveis, acompanhados ou não de sintomas como rouquidão ou dificuldade para engolir”, citou Fabyan Esberard. A punção de nódulo na tireoide é o principal exame para identificar se é benigno ou maligno. Geralmente realizado por médico ultrassonografista, tem como objetivo coletar amostras de células do nódulo, que serão analisadas em laboratório.
Não há evidências de que seja possível evitar doenças que afetam a tireoide, mas existem fatores que podem contribuir para o risco de complicações na glândula, como histórico familiar de doenças tireoidianas, deficiência de iodo, idade avançada, tabagismo, exposição a alguns medicamentos e radiação. “Algumas pessoas acreditam que tomar suplementos de iodo possa fazer algum bem. Na verdade, é justamente o contrário: o excesso de iodo pode prejudicar o funcionamento da tireoide e causar tanto hipo como hipertireoidismo”, alertou Giselle.
A constatação da doença da agricultora Maria das Graças, de 53 anos, veio em 2016 e, hoje, após cirurgia, tratamento com medicamentos e mudanças nos hábitos diários, ela tem vencido a batalha contra o câncer. Essa é a recomendação dos médicos: adotar um estilo de vida mais saudável, com alimentação equilibrada e prática de exercícios físicos, e evitar consumo excessivo de tabaco e álcool.
Além disso, é recomendado realizar exames preventivos, como o exame de palpação da tireoide. A realização de exames também pode ser solicitada pelo médico para detecção ou acompanhamento das doenças da tireoide. “O médico endocrinologista realizará a avaliação clínica, solicitará exames complementares, como dosagem de hormônios tireoidianos e ultrassonografia da tireoide, e indicará o tratamento adequado, caso seja necessário”, ressaltou Fabyan.
Serviços
A avaliação inicial e até o tratamento para estas doenças podem ser feitos na Unidade Básica de Saúde, pelo médico de família. Casos mais complicados são encaminhados, via regulação, para um endocrinologista em nível secundário ou terciário de assistência, como é o caso do Hospital Universitário Antônio Pedro (Huap-UFF), em Niterói, no Rio de Janeiro. A unidade de saúde dispõe de serviço de endocrinologia com ambulatórios e atende cerca de 500 pessoas por mês.
Em geral, esses serviços especializados são voltados a pacientes com hipertireoidismo e pessoas com nódulos suspeitos de malignidade. É o caso do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU), que conta com um serviço especializado na área de Endocrinologia e Metabologia há mais de 30 anos, aliando assistência à formação de profissionais médicos.
“Existem vários ambulatórios com caráter assistencialista e de ensino e, dentre eles, o ambulatório de tireoidopatias tem destaque por atender todas as patologias relacionadas à tireoide. O serviço disponibiliza todo o acompanhamento clínico, ambulatorial e internações, e os pré e pós-operatórios. Atualmente o tratamento com radioiodoterapia é conveniado com serviço terceirizado via SUS com clínicas credenciadas para esta modalidade de tratamento”, detalhou a coordenadora do serviço, Sandra Xavier.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Coordenadoria de Comunicação Social da Rede Ebserh
Por Jacqueline Santos, com revisão de Danielle Campos