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CONSCIENTIZAÇÃO
Hospitais da Rede Ebserh oferecem serviços especializados em distúrbios do sono
Imagem ilustrativa: freepik
Brasília (DF) – O sono é um estado complexo, muito importante para o desenvolvimento normal do cérebro, da memória e do aprendizado. Durante o repouso, são liberados alguns hormônios imprescindíveis para a maturação, o crescimento e a manutenção da saúde do nosso corpo. Para conscientizar a população sobre a importância do sono e discutir sobre os principais distúrbios, de 11 a 17 de março, celebra-se a Semana Mundial do Sono.
Pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) conta com unidades que possuem tratamento especializado para diagnosticar e tratar problemas relacionados ao sono. É o caso do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), que integra o Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Ceará (CH-UFC), e que possui três ambulatórios específicos para o tratamento do sono.
São 200 pacientes atendidos por mês com algum distúrbio do sono. De acordo com o neurologista, médico do sono e chefe da Unidade de Sistema Nervoso do HUWC/CH-UFC, Manoel Sobreira, o HUWC realiza 56 exames de polissonografia por mês - exame padrão ouro para o diagnóstico dos distúrbios respiratórios, de movimento durante o sono e parassonias (eventos que ocorrem quando se está dormindo). Há a expectativa de aumentar a oferta desses exames com a aquisição de novos aparelhos, ou seja, realizar 112 exames por mês, de domingo a domingo.
“O sono é fundamental para a nossa qualidade de vida e é muito importante que as pessoas comecem a olhar para o sono para detectar problemas e procurar ajuda médica. Há mais de 80 doenças relacionadas ao sono, por isso é importante o acompanhamento médico. Para chegar ao tratamento no HUWC é preciso que o paciente seja encaminhado pela regulação do município de Fortaleza. Ele passará por uma triagem e será encaminhado ao ambulatório específico”, afirma Manoel Sobreira.
Exame de polissonografia
O Hospital Universitário Professor Edgard Santos, da Universidade Federal da Bahia (Hupes-UFBA/Ebserh), possui ambulatório especializado para tratamento do sono com a realização de 20 polissonografias por mês. No entanto, ainda neste semestre, a oferta vai triplicar, ou seja, serão 60 exames mensais uma vez que a unidade hospitalar adquiriu dois novos equipamentos para realização desse tipo de exame.
“O paciente dorme uma noite inteira sob observação de um técnico, na unidade hospitalar, com sensores que são colocados em diversos pontos do corpo, como cabeça, tórax, abdômen e pernas. Esse exame tem a finalidade de identificar quando o paciente está acordado ou dormindo. Quando estiver dormindo, poderemos saber em qual estágio do sono está e se o paciente apresenta alguma dificuldade respiratória ou outras alterações durante esse período”, explica a otorrinolaringologista e coordenadora do Ambulatório do Sono do Hupes-UFBA/Ebserh, Cristina Salles.
Consequências de uma má saúde do sono
Existem mais de 150 distúrbios do sono, sendo que os mais frequentes para o sexo masculino são ronco primário e síndrome da apneia obstrutiva. Para o sexo feminino, o mais frequente é a insônia. No entanto, a partir dos 65 anos, a mulher pode roncar e ter apneia obstrutiva do sono tanto quanto o homem, e o homem também ter insônia tanto quanto a mulher.
São inúmeras as consequências para quem vem apresentando a fragmentação ou a privação do sono de forma crônica. “Comprometimento da capacidade de julgamento, da capacidade de decisão, da concentração, da memória, da atenção. As pessoas tornam-se mal-humoradas, apresentam diminuição da motivação, diminuição do desempenho acadêmico ou laboral, comprometimento da relação com o grupo familiar e social. Também se observa comprometimento no sistema imunológico, absenteísmo mais elevado tanto no trabalho quanto na vida acadêmica, diminuição da leptina (hormônio da sensação de saciedade), aumenta a grelina (hormônio que dá sensação de fome), consequentemente aumenta o consumo alimentar, podendo acarretar outros problemas, como obesidade, hipertensão arterial sistêmica e diabetes”, elencou Cristina Salles.
De acordo com o otorrinolaringologista, médico do sono e chefe do Ambulatório de Medicina do Sono do CHU-UFPA, José Roberto Capeloni, cerca de 30% da população brasileira vão ter distúrbios do sono. “Ronco e apneia, distúrbio em movimentos de membros, distúrbios de ritmo circadiano, insônia, bruxismo e parassonias são exemplos de patologias tratadas pelo médico do sono. Estudos vêm sendo realizados na melhor caracterização desses distúrbios de forma a ajudar a intervir, tratando mais precocemente e evitando desfechos patológicos que prejudiquem nosso paciente”, disse.
Necessidade diária
A necessidade diária de sono é individual e varia de acordo com a faixa etária. Segundo especialistas, crianças necessitam de cerca de 14 a 16 horas por dia. Além das horas de sono durante a noite, ainda precisam de alguns cochilos durante o dia. Já os adolescentes necessitam cerca de 9 horas de sono por noite.
“O sono é muito importante, pois durante ele ocorre a liberação do hormônio do crescimento. Para a maioria dos adultos, entre sete e oito horas de sono por dia são suficientes. Para as pessoas com 60 anos ou mais, costuma-se dormir menos durante a noite, tendo o sono fragmentado. Apesar de conhecermos essa necessidade para contribuir com a boa qualidade de vida, estudos vêm demonstrando que, na década de 1970, os adultos dormiam cerca de 7h40, no entanto, atualmente reduziu para cerca de 6h40. Esse fato está relacionado à maior exposição à luz branca do celular, computador, entre outros fatores”, afirma Cristina Salles.
Campanha
A Semana do Sono 2024, que acontece entre os dias 11 e 17 de março, tem como tema “Oportunidade de sono a todos para saúde global”. Capitaneada pela Associação Brasileira do Sono (ABS), a ação tem por objetivo ensinar sobre higiene do sono, como identificar possíveis distúrbios, que profissional procurar e desmistificar o diagnóstico e o tratamento.
“Ações como essa que levantam discussões sobre assuntos pertinentes aos distúrbios do sono são de extrema importância, haja vista que são conceitos relativamente novos e ainda pouco conhecidos pela maioria da população. Os distúrbios do sono têm uma contribuição poderosa no adoecimento de nossa população, sendo um estressor que provoca aumento da pressão arterial, possibilidade de aumento de peso pelas desregulações dos hormônios que são sono-dependentes”, afirma o médico José Roberto Capeloni.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh