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Saúde ocular
Hospitais da rede Ebserh oferecem exame e tratamento para ceratocone
A avaliação oftalmológica regular é fundamental para o diagnóstico do ceratocone
Brasília (DF) – A assessora parlamentar Tamires Peixoto Vidinha Soares sempre usou óculos, mas descobriu que tinha um quadro mais grave no olho direito. “Quando eu estava fazendo maquiagem e fechava o olho esquerdo, percebia que não enxergava bem. Fui procurar um oftalmologista e começou uma história que durou quatro anos, até que fui chegar no Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza (HUBFS/Ebserh)”. No hospital, em Belém (PA), ela foi submetida a um tratamento para ceratocone, uma doença rara, de evolução lenta, que atinge cerca de 150 mil pessoas por ano no Brasil.
Como o Bettina, que integra o Complexo Hospitalar Universitário da Universidade Federal do Pará (CHU-UFPA), os hospitais vinculados à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) oferecem diversos serviços para diagnóstico e tratamento do ceratocone, cuja principal característica é a redução progressiva da espessura da parte central da córnea, que é empurrada para fora, formando uma saliência com formato de um cone. Esta condição é lembrada em todo o mundo no dia 11 de novembro, Dia Mundial do Ceratocone, como forma de ressaltar a importância do diagnóstico e prevenção da doença.
É o caso de Tamires, que hoje leva uma vida normal após ser diagnosticada e tratada. “Me falaram que eu teria de entrar na fila de transplante de córnea se não fosse feito algo imediatamente. Então, fui a uma consulta e na outra já estava na mesa de cirurgia fazendo um implante de um Anel de Ferrara no lado direito. No outro olho, que estava num grau menos avançado, estou tratando com colírio. Hoje, eu faço questão de levar a informação sobre esta doença para todos”, disse Tamires.
O Anel de Ferrara, ou anel instraetomal, é um dos tratamentos oferecidos no Bettina, que é referência em atendimento oftalmológico na região do Pará. Tamires foi atendida pela equipe do médico José Jesu Sisnando, chefe do Serviço de Córnea e Catarata da instituição, para quem a informação contribui com a prevenção do ceratocone. “É uma doença que ocorre principalmente pelo hábito de coçar o olho, por isso, saber que se deve conter este hábito é fundamental”, disse.
Segundo ele, o Bettina oferece o tratamento completo para esta linha de cuidado para pacientes regulados dentro do Sistema Único de Saúde (SUS) como o crosslinking (procedimento cirúrgico indicado para evitar a progressão do ceratocone, através do aumento da rigidez e da resistência da córnea), anel intraestromal e transplante de córnea.
Professor explica deformação da estrutura da córnea
O médico oftalmologista Glauco Reggiani Melo, do Complexo de Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (CHC-UFPR), que é um centro de referência no tratamento de pacientes com ceratocone, explicou que esta condição é resultado de uma fraqueza na ligação entre as fibras de colágeno da córnea. Com este enfraquecimento, começa um deslizamento de fibras, com afinamento e protusão da estrutura da córnea.
Professor associado do Departamento de Oftalmo-Otorrinolaringologia da UFPR, Reggiani é didático: “A exemplificação mais simples é como se fosse
um pneu de bicicleta que, depois de passar por um buraco, rompe a malha de ferro que tem no meio e sai aquela bolha, aquele abaulamento causado por uma fraqueza na estrutura. A córnea é a mesma: a fraqueza na estrutura causa esse efeito e distorce a visão, gerando um quadro que não se consegue corrigir na totalidade com óculos e tendo que partir para tratamentos como a lente de contato rígida ou até cirurgias como o implante de anel intraestomal ou transplante de córnea”.Segundo ele, o CHC tem desde métodos para diagnosticar e medir a gradação do ceratocone, com exames avançados como a tomografia de córnea, a tratamentos sofisticados. “Temos desde a adaptação da lente de contato rígida, com modelos mais novos como as lentes esclerais, procedimentos de implante de anel intraestomal, além de transplante de córnea”, explicou.
O oftalmologista do Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago da Universidade Federal de Santa Catarina (HU-UFSC), Felipe Pigozzi Cabral, explicou que embora o ceratocone seja uma doença genética e hereditária, o ato de coçar o olho aumenta a chance de desenvolver a doença.
“O principal fator de risco, além da história familiar, é o ato de coçar o olho. Então, pacientes que têm este histórico devem ficar atentos e evitar este hábito. Isso nem sempre é fácil, por isso a gente deve pensar nos tratamentos como o uso de lubrificantes e colírios antialérgicos para diminuir a necessidade ou vontade de coçar o olho, nestas situações”, disse.
O diretor do Banco de Olhos do Hospital Cassiano Antônio de Moraes, da Universidade Federal do Espírito Santo (Hucam-Ufes), o oftalmologista Kahlil Ruas Ribeiro Mendes, disse que, além de evitar coçar o olho e buscar formas de evitar este hábito, é importante a avaliação oftalmológica regular, uma vez que o diagnóstico é feito por este profissional. Segundo ele, o Hucam oferece as opções de tratamento clínico (com colírios antialérgicos) e cirúrgicos (anel, crosslinking e transplante) para pacientes regulados.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Sinval Paulino, com revisão de Rosenato Barreto
Coordenadoria de Comunicação Social da Ebserh