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PREVENÇÃO
Hospitais da Rede Ebserh integram pesquisas para desenvolvimento de vacinas contra a dengue
Hospitais da Ebserh estão participando dos testes de vacinas contra dengue.
Nesta matéria você verá que:
Os hospitais da Rede Ebserh estão testando vacinas contra a dengue
Esses testes ocorrem em ciclos ou fases
Brasília (DF) – O Brasil enfrenta, há décadas, uma epidemia com tendências de aumento a cada ano: a dengue. Em 2022, segundo o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, foram quase 1,5 milhão de casos prováveis da doença. Hospitais vinculados à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), em parceria com institutos, estão testando vacinas, já em fases de conclusão, contra os quatro sorotipos da doença. Essa boa notícia é ainda mais especial por celebrarmos, em 18 de novembro, o Dia Nacional de Combate à Dengue, instituído pela lei nº 12.235, de 19 de maio de 2010, lembrado sempre no penúltimo sábado de novembro.
Em outubro de 2022, o Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE-UFPel), por exemplo, iniciou os testes de aplicação da vacina do Instituto Butantan. Este estudo está na terceira fase, com testagem em 335 pacientes, entre 18 e 59 anos, que nunca tiveram dengue. O Hospital também está aplicando a vacina da farmacêutica americana Merck Sharp and Dohme (MDS) em fase 2, com 80 voluntários, em dose única.
A professora da UFPel e infectologista do HE, Danise Senna, esclarece que as fases correspondem aos ciclos de estudo, iniciando com pequenos grupos para avaliar segurança (fase 1), evoluindo para aumento de participantes e testagem com relação a quantidade de doses e segurança (fase 2), e os resultados de eficácia e segurança (fase 3), com acompanhamento presencial e por telefone dos indivíduos para verificação de saúde e possíveis efeitos colaterais. “É muito importante estabelecer novas tecnologias vacinais na prevenção de uma doença que é altamente prevalente no Brasil e que causa mortalidade. É uma honra participar desses protocolos de pesquisa que vão impactar na vida de tantas pessoas”, destaca a infectologista.
Também aplicando a vacina do Butantan, o Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), do Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Ceará (CH-UFC), por meio da Unidade de Pesquisa Clínica e do Núcleo de Medicina Tropical da UFC, desde 2016 realiza a testagem em 1.300 voluntários com idades de dois até 60 anos. Já na fase três, o estudo tem previsão de encerrar em 2024, consolidando os resultados observados nos participantes. A mesma vacina, também iniciada há sete anos e em terceira fase atualmente, é aplicada pelo Hospital Universitário Júlio Müller, da Universidade Federal do Mato Grosso (HUJM-UFMT), já somando 1.303 voluntários, na faixa etária de dois a 60 anos. Ainda auxiliando essa pesquisa, o Hospital Universitário de Brasília (HUB-UnB) participou da testagem como hospital de retaguarda, oferecendo atendimento de internação aos participantes da UnB que apresentassem algum evento adverso. Ao todo, a Universidade selecionou, desde 2016, 1.086 pessoas, de dois a 59 anos.
As vacinas testadas têm como base o enfraquecimento viral por modificação genética realizada com os quatro tipos de vírus da dengue (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4), referenciada, assim, como tetravalente, a fim de gerar anticorpos aos vacinados com apenas uma dose. Dr. Ivo Castelo Branco, chefe do Serviço de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) do HUWC e coordenador do Núcleo de Medicina Tropical da UFC, sinaliza que quem teve dengue uma primeira vez, adquire anticorpos para aquele sorotipo específico, mas ainda pode ter os outros três tipos, com chances de ser infectado com formas mais graves da doença, quando o paciente começa a apresentar sinais de vômito, náuseas, desmaio, falta de ar e sangramentos. “A vacina favorecerá a proteção contra os tipos mais graves, principalmente, e será garantida para toda a população por meio do Sistema Único de Saúde (SUS)”, ressalta.
Resultados
O Instituto Butantan divulgou, em dezembro de 2022, os resultados iniciais da testagem feita em 16 centros de pesquisa no Brasil desde 2016, a mesma que os referidos Hospitais da Ebserh participam. A vacina apresentou uma média de 79,6% de eficácia contra a dengue e sem identificação de casos graves nos participantes. Com relação aos efeitos adversos, o estudo demonstrou que apenas três dos mais de 10 mil voluntários apresentaram alguma reação, mas que todos se recuperaram. A previsão de conclusão das pesquisas é para 2024.
Problema de saúde pública
A dengue é uma doença viral transmitida pela picada do mosquito fêmea Aedes aegypti. Pode se apresentar assintomática, mas os sintomas mais comuns são febre alta, dor muscular e de cabeça, dor atrás dos olhos, manchas avermelhadas e coceira na pele, conforme explica a infectologista Danise Senna. Não há um tratamento específico, mas medicamentos analgésicos são utilizados para aliviar os sintomas. É preciso, essencialmente, muita hidratação, porque o vírus provoca a saída de água dos vasos sanguíneos (permeabilidade vascular). O diagnóstico, junto aos sinais clínicos, é feito por meio de exame de sangue.
Prevenção ambiental
“A vacina é uma das formas de combate dengue, mas não podemos esquecer as medidas de controle do mosquito, pois ele transmite outros arbovírus como a zika e a chikungunya”, alerta o infectologista Ivo Castelo Branco. O combate à doença precisa estar associado ao manejo do ambiente porque o mosquito se reproduz em água parada. Em cada casa, é fundamental verificar pontos estratégicos de retenção de água, como pratos de plantas, pneus, garrafas e calhas. Também o uso de repelentes se constitui como medida preventiva. Os órgãos de Vigilância em Saúde Ambiental dos municípios são responsáveis por atividades de combate ao mosquito com visitas às casas para verificação de focos e, se necessário, aplicar larvicidas. Outra medida conhecida nas cidades é, em períodos de aumento de casos, a aplicação do inseticida pelas ruas, conhecido como “fumacê”.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Marília Rêgo, com revisão de Danielle Campos
Coordenadoria de Comunicação Social